Maio de reivindicação e luta mobilizou milhares nas ruas

Por aumentos de salários e pensões, pela garantia dos direitos e combatendo a exploração que o Governo da AD pretende agravar, muitos milhares de trabalhadores saíram às ruas no 1.º de Maio, para participarem nas acções realizadas pela CGTP-IN em todos os distritos e regiões autónomas.

O Secretário-Geral da CGTP-IN usou da palavra na Alameda Dom Afonso Henriques, após o desfile, desde o Martim Moniz, que contou com muitos milhares de pessoas, na sua maioria organizadas, num bloco da Interjovem, à frente, após a direcção da CGTP-IN, e, a seguir, sectores de actividade e empresas, com cartazes, faixas e palavras de ordem, que expunham as reivindicações comuns e específicas.

Tiago Oliveira saudou todos os que estavam a participar nesta «grande jornada de luta pelos direitos e interesses da classe trabalhadora, contra a exploração com que o sistema capitalista promove a acumulação do lucro à custa da riqueza criada pelos trabalhadores». Realçou que «este é um dia histórico, aqui e em todo o mundo, mas um dia especial entre nós, pois hoje se assinala também os 50 anos do primeiro 1.º de Maio em liberdade, depois de 48 de ditadura fascista».

Tal como no período de mobilização, também na intervenção do Secretário-Geral mereceram maior realce as matérias da actualidade político-sindical, a começar pela urgência de paz, porque «a escalada de conflitos a que assistimos não interessa aos povos, que são quem mais sofre com o que está a acontecer». Além da exigência de que «parem de tocar os tambores da guerra», a CGTP-IN enviou «a todos os povos do mundo, uma palavra de fraternidade, de confiança e de solidariedade».

Em Portugal, «o futuro não se avizinha fácil para os trabalhadores, para os jovens, para os reformados», perante a realidade política saída das eleições legislativas, considerou Tiago Oliveira, ao sublinhar a actualidade do lema escolhido para estas comemorações: «Aumentar Salários e Pensões, Garantir Direitos, Combater a Exploração».

«Por opção política, que o governo do PS assumiu e que o actual Governo PSD/CDS quer intensificar», «os trabalhadores foram atingidos por um brutal aumento do custo de vida e a degradação dos serviços públicos, enquanto os grandes grupos económicos continuaram a encher os bolsos com milhões e milhões de euros de lucros».

 

Prosseguir e intensificar a luta

Pelas declarações de governantes sobre uma nova revisão das leis do trabalho, pela intenção conhecida relativamente à evolução dos salários, da precariedade e da desregulação dos horários, pela manutenção da caducidade como ferramenta de chantagem do patronal na negociação da contratação colectiva, a confederação reafirma que «este não é um governo preocupado com os interesses dos trabalhadores». É, sim, «um governo comprometido com os interesses do grande capital, com a política de direita e de retirada de direitos», «comprometido com as elites económicas, com o agravamento da exploração capitalista, que se submete às imposições da UE e as aplaude».

Para a CGTP-IN, sublinhou Tiago Oliveira, a resposta «está na capacidade de luta e de afirmação dos trabalhadores». Insistindo que «Portugal não tem futuro, amarrado a este modelo», apelou: «É imperioso prosseguir e intensificar a luta, porque é urgente uma ruptura, uma real mudança», e «é urgente o aumento geral e significativo dos salários, elemento central para impulsionar a ruptura pela qual lutamos».

Antes do Secretário-Geral da CGTP-IN interveio Rita Branco, dirigente da Interjovem. Começou por evocar a importância da Revolução de Abril e o papel dos jovens trabalhadores na resistência ao fascismo, na construção da democracia e nas conquistas então alcançadas. Criticou o actual Governo, que «tenta iludir a juventude com medidas que apenas beneficiam o grande capital e aprofundam a política de direita», sem dar resposta aos reais e graves problemas dos jovens. Ao reiterar a necessidade de desenvolver o esclarecimento, a mobilização e a luta, lembrou a determinação e a coragem reveladas com a participação na manifestação de 27 de Março.

 

Agora «com mais determinação»

«Vamos, a partir deste grandioso 1.º de Maio, lutar com mais determinação contra as injustiças e as desigualdades, pelos valores de Abril e por um Portugal desenvolvido, justo, solidário e com futuro», apela-se na Resolução, aprovada e aclamada na Alameda, após a intervenção de Tiago Oliveira.

No documento reitera-se que «o Programa do Governo, por aquilo que afirma mas também pelas matérias que não aborda, é claro na opção de aprofundar a política de direita», preconizando «o aprofundamento do actual modelo de baixos salários, precariedade laboral e social, despedimentos facilitados e a baixo custo, horários de trabalho longos e desregulados e más condições de trabalho».

A luta dos trabalhadores, que «tem permitido aumentar salários, defender e conquistar direitos, reduzir horários e rejeitar adaptabilidades e bancos de horas, combater a precariedade e garantir a aplicação de direitos consagrados na contratação colectiva», é «o caminho que temos de continuar a percorrer e intensificar todos os dias».

 

PCP saudou manifestação

Uma delegação do PCP, dirigida pelo Secretário-Geral, tendo ao seu lado uma delegação do Partido Ecologista «Os Verdes», aguardou a passagem da manifestação, na Avenida Almirante Reis, integrou-se no desfile e assistiu às intervenções sindicais na Alameda.

Paulo Raimundo, em declarações aos jornalistas, considerou estar-se a viver «um dia de grande emoção», com «uma grande manifestação, uma grande demonstração de força, das maiores dos últimos tempos, no seguimento daquela grande jornada que foi o 25 de Abril».

«Aqui estão os trabalhadores a mostrar a sua força, a reivindicar as suas justas exigências», afirmou o dirigente comunista, sublinhando que «são os trabalhadores que criam a riqueza e é para eles que tem de ir uma parte maior dessa riqueza que é criada».

A propósito da dimensão da participação nesta jornada da CGTP-IN, Paulo Raimundo comentou que «isto não foi um clique, isto é o conjunto das reivindicações de todos os dias, nas empresas e locais de trabalho».

«Aqui está esta força organizada dos trabalhadores», frisou Paulo Raimundo, confiando que, «com a sua luta, com a sua capacidade, com esta determinação, vão mesmo impor uma vida melhor a que têm direito».

Da delegação fizeram parte Francisco Lopes e Manuela Pinto Ângelo, dos organismos executivos do Comité Central, João Oliveira, da Comissão Política do CC e primeiro candidato nas listas da CDU para as eleições de 9 de Junho, e, das organizações regionais de Lisboa e Setúbal, André Luz, Cristina Cruzeiro, Gonçalo Tomé (do CC) e Joana Carneiro.

A delegação do PEV era composta por Manuela Cunha, Mariana Silva, Dulce Arrojado e Victor Cavaco, membros da Comissão Executiva Nacional, Joaquim Correia, do Conselho Nacional, e Marta Parente, da Ecolojovem.