Grande 1.º de Maio nasceu nas lutas e dá-lhes mais força
As acções realizadas nas últimas semanas, envolvendo milhares de trabalhadores, contribuíram para reforçar o grande 1.º de Maio. Por outro lado, esta grande jornada de luta vem dar força aos próximos combates.
O 1.º de Maio, grande jornada de luta dos trabalhadores vai ter destaque no Avante! da próxima semana
Na mobilização para as comemorações do 1.º de Maio, em todos os distritos e nas regiões autónomas – com iniciativas marcadas para mais de três dezenas de localidades, a iniciar-se já após o fecho da nossa edição e que terão destaque no número da próxima semana –, a CGTP-IN apelou a que este Dia Internacional do Trabalhador fosse uma grande jornada de luta «pelo aumento dos salários e pensões, pela garantia de direitos, por um Portugal com futuro».
Para este objectivo, as greves e outras acções de luta que tiveram lugar mais recentemente deram um importante contributo.
Prioridade a salários e direitos
O Secretário-Geral da CGTP-IN sublinhou, dia 26 de Abril, a importância da luta para conseguir aumentos salariais significativos.
Junto do piquete de greve, na fábrica da Coca-Cola, em Azeitão (Palmela), Tiago Oliveira criticou o facto de «uma empresa com esta dimensão, com esta responsabilidade», não corresponder à justa reivindicação dos trabalhadores. Citado pela agência Lusa, frisou que «por isso é que os trabalhadores se manifestam nesta greve de 24 horas, lutando por melhores salários, é fundamental a valorização dos salários».
Em nome do PCP, foi dirigida aos trabalhadores em luta uma saudação, por Paula Santos, deputada e membro da Comissão Política do Comité Central do Partido.
O SINTAB, num comunicado que emitiu nas vésperas da greve, recordou que os salários dos trabalhadores têm estado a perder valor desde 2020. Mas a empresa também nega a valorização do trabalho por via da progressão nas carreiras, da actualização das categorias profissionais e pela aplicação de diuturnidades, tal como no muito baixo pagamento do trabalho por turnos, como explicou o sindicato da FESAHT/CGTP-IN.
O direito às diuturnidades – roubado com a denúncia patronal da contratação colectiva da indústria de carnes, aproveitando as alterações gravosas do Código do Trabalho – foi também um dos motivos da greve de 24 horas que ocorreu no mesmo dia na Izidoro, convocada pelo STIAC. Tiago Oliveira esteve com os trabalhadores em luta, concentrados de manhã junto da fábrica, no Montijo, onde também está sediado o Grupo Montalva.
«Fruto da caducidade e das opções políticas que têm sido seguidas desde 2003, através de um ataque concreto à contratação colectiva», os trabalhadores ficaram sem «direito a determinados valores» e «agora, até o direito às diuturnidades lhes foi retirado», comentou à Lusa. Mas «vão continuar a lutar pelos seus direitos», realçou.
Na concentração, a solidariedade do PCP foi transmitida por Luís Barata, do Comité Central.
Também estiveram nesse dia em greve, igualmente por melhores salários e por direitos, e pela décima vez, desde há cerca de um ano, os trabalhadores da Nobre Alimentação, em Rio Maior. No dia 24, como informou o SINTAB, a determinação de fazer uma forte greve foi demonstrada num plenário com quase 300 trabalhadores, que o sindicato considerou ter sido o maior até agora realizado na fábrica.
No dia 23, o Secretário-Geral da CGTP-IN participou no plenário dos trabalhadores das autarquias do concelho de Almada, a assinalar os 50 anos do 25 de Abril e a afirmar a determinação de lutar pelas reivindicações actuais, mobilizando para o 1.º de Maio e a jornada nacional de dia 17. O STAL realizou plenários semelhantes, nessa terça-feira, em Vila Franca de Xira, Palmela e Grândola.
A greve dos trabalhadores do Centro João Paulo II, em Fátima, dia 26, levou o CESP/CGTP-IN a realizar uma acção de denúncia do bloqueio da União das Misericórdias Portuguesas (a quem pertence aquela instituição de apoio a crianças, jovens e adultos portadores de multi-deficiência) na revisão do Acordo de Empresa. Sem aumentos salariais, a generalidade dos trabalhadores passou a receber o salário mínimo nacional, protestou o sindicato.
Na Resinorte, a greve de dia 26 teve adesão quase total e chegou a provocar o encerramento de alguns serviços, nas instalações em Celorico de Basto (com concentração junto da Câmara Municipal), Riba de Ave e Vila Real, informou o STAL/CGTP-IN. A par da negociação urgente de um Acordo de Empresa, exige-se aumentos salariais, direito a subsídio de transporte, a diuturnidades e à valorização de carreiras e categorias.
«A receita que a empresa está a perder daria, no todo ou em parte, para atender às nossas reivindicações», afirma-se na resolução que os trabalhadores da Cimpor aprovaram, por unanimidade, a 18 de Abril, no final de uma greve de três dias, que «levou à paralisação total da produção e a uma forte afectação das vendas de cimentos». A FEVICCOM/CGTP-IN exigiu que a administração retome urgentemente a negociação e vai promover em breve plenários em todas as fábricas.
Os trabalhadores da AAPICO (Maia) fizeram greve, duas horas por dia, a 22, 23 e 24 de Abril, estando marcadas paralisações semelhantes para dias 29 e 30. Como explicou o SITE Norte, exige-se resposta ao caderno reivindicativo e uma actualização salarial de valor igual para todos os trabalhadores.
A primeira greve de 24 horas dos electricistas da CM de Lisboa, a 24 de Abril, com uma adesão de 94 por cento, resultou num compromisso político do presidente do Executivo para dar resposta à exigência de atribuição do suplemento de insalubridade e penosidade, assinalou o STML/CGTP-IN. Uma nova concentração na Praça do Município está marcada para 8 de Maio.
Próximos combates
A força do 1.º de Maio constitui, por seu turno, um importante estímulo para lutas que vão ocorrer nos próximos tempos, com destaque para a jornada nacional que a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública marcou para 17 de Maio.
Como objectivos desta jornada – que será concretizada em greves e uma concentração, em Lisboa, às 15 horas, frente ao Ministério das Finanças – a Frente Comum destacou as exigências de: aumento intercalar dos salários para todos os trabalhadores, valorização de todas as carreiras, defesa e reforço dos serviços públicos e início de negociação da Proposta Reivindicativa Comum.
A 23 de Abril, as organizações sindicais formalizaram a convocação de greve na Transportes Sul do Tejo (TST), para dias 9 e 28 de Maio. Ao dar esta informação, a FECTRANS/CGTP-IN assinalou que, assim, foi dado cumprimento às decisões saídas do plenário de trabalhadores, a 15 de Abril, em defesa da valorização dos salários. Um novo plenário está convocado para dia 9, às 10h30, no auditório dos Bombeiros Voluntário de Cacilhas (Almada).
Por aumentos salariais justos e dignos, o SITE Norte convocou greve na DS Smith Paper Viana, de 27 a 30 de Abril e de 8 a 11 de Maio.
Na ARM - Águas e Resíduos da Madeira, os trabalhadores, organizados no SITE CSRA, decidiram fazer greve a 30 de Abril e 2 de Maio, para exigir uma contraproposta de revisão do AE que vá ao encontro das suas justas reivindicações (aumento salarial de 17%, com valor mínimo de 170 euros; 35 horas para todos).
Greve a 2 e 3 de Maio foi marcada pelo SITE Sul e o STAL na Amarsul (distrito de Setúbal), onde a administração aplicou uma actualização salarial que não repõe o poder de compra.