- Nº 2629 (2024/04/18)

Não à escalada de guerra!

Opinião

O contexto internacional em que vivemos é profundamente marcado pela instigação e o prolongamento de conflitos, a proliferação da imposição de sanções, a sistemática ingerência e desestabilização, orquestradas e perpetradas pelo imperialismo norte-americano e os seus aliados. Procuram a todo o custo manter o seu pérfido poderio à custa da exploração e da opressão dos povos. Uma procura incessante, por parte dos EUA, em impor uma (a sua) «ordem internacional baseada em regras», que tem demonstrado ser uma receita capaz de arrastar o mundo para o abismo.

Assistimos a um rasto de destruição, morte e miséria que parece não ser suficiente para os senhores da guerra que proclamam mais e mais armamento e alimentam uma indústria militar que tem acumulado colossais lucros. A guerra na Ucrânia, o massacre na Palestina, as provocações contra a China, são expressão da linha da «economia de guerra», instrumento e retórica para tentar convencer e impor aos povos o caminho do militarismo.

O perigo da escalada da guerra é real e é violentamente perseguido pelo imperialismo. Vejam-se os últimos acontecimentos no Médio Oriente. Passaram-se mais de 6 meses do início da agressão de Israel ao povo palestiniano, mais de 34 mil mortos em que 70% são mulheres e crianças. A população da Faixa de Gaza está a ser dizimada e condenada à fome e os ataques contra a Cisjordânia aumentam. Estamos perante um genocídio, o projecto do governo sionista de Israel ganha terreno, ao mesmo tempo que este procura sobreviver face à contestação interna, apontando baterias para a desestabilização de toda a região e o alastrar da guerra. Política em que se insere o ataque de Israel ao consulado do Irão em Damasco, no passado dia 1, que constituiu uma grave violação da Carta das Nações Unidas e da Convenção de Viena, e que levou a uma resposta do Irão.

Uma resposta que não contribui para construir um caminho de paz, mas que não pode ser apontada como responsável pela escalada da guerra, como hipocritamente o está a ser. Os principais responsáveis pela desestabilização do Médio Oriente, por provocações, guerras e ocupações nesta região – incluindo por uma eventual escalada com o Irão – são Israel e os EUA.

Não se pode apagar o papel que Israel tem jogado na região desde a sua criação. Israel ocupa ilegalmente territórios palestinianos, os montes Golã, da Síria, as quintas de Sheeba do Líbano; desempenha o papel de ponta de lança do imperialismo no combate aos países e povos da região, como o evidenciam anos de ingerência e agressão contra a Palestina, o Líbano, o Iraque ou a Síria. O conflito de Israel com o Irão tem servido os interesses dos EUA e é por estes alimentado, com episódios mais ou menos declarados por parte de Israel – como os assassinatos de cientistas ou de militares, durante anos – que levaram aos actuais acontecimentos.

A questão nacional palestiniana é questão central na região e nada deverá descentrar as atenções e forças para sua resolução, sendo urgente o cessar-fogo imediato e permanente, a ajuda humanitária ao povo palestiniano, assim como a criação do Estado da Palestina, com as fronteiras de 1967 e capital em Jerusalém Oriental, como determinam as resoluções da ONU, que é condição para a paz duradoura no Médio Oriente.

 

Cristina Cardoso