PCP é a força de Abril para enfrentar, construir e avançar
Como demonstraram os grandes comícios que se realizaram nos dias 15 e 17, respectivamente em Lisboa e na Baixa da Banheira, o PCP está já a concretizar um dos principais compromissos que assumiu com o povo e com os trabalhadores durante as eleições: estar nas empresas, nas ruas, em todos os sítios em que seja preciso lutar por uma vida melhor.
Após as eleições, o PCP vai fazer o que antes afirmava
«Um Partido firme no seu ideal, que não abandona os seus princípios», afirmou o Secretário-Geral do PCP. Foi a concretização disto mesmo que se viveu no Fórum Lisboa, onde na sexta-feira à noite se realizou o primeiro desses comícios. À hora marcada já largas centenas de militantes, apoiantes e amigos do Partido enchiam aquela grande sala de espectáculos da capital.
A força que o Partido demonstrou naquela noite manifestou-se, igualmente,na maneira de estar, na combatividade, no ânimo, na firmeza e na confiança num ideal que vai muito para além do que quaisquer eleições. Sobre o ambiente que ali se vivia referiu-se Paulo Raimundo em termos enfáticos: «Que sala extraordinária é esta, que força é esta, que determinação é esta?»
Foi o mesmo ânimo que distinguiu a campanha da CDU, caracterizada pelo «contacto, o esclarecimento, a construção a cada dia e a pulso do resultado». Depois desse esforço, dessa animação e confiança crescentes» vieram uns resultados eleitorais que «criaram uma situação ainda mais favorável ao grande capital e à intensificação da política de direita. No entanto, «a importância do conteúdo e da mobilização da nossa campanha, que ganhou e fixou votos, projecta-se para além das eleições, projecta-se nessa luta que continua e nas condições que temos para reforçar o Partido», salientou o Secretário-Geral comunista.
Na Baixa da Banheira, concelho da Moita, o ambiente que se viveu na tarde de domingo não foi diferente daquele que, dois dias antes, se fez sentir em Lisboa. Na sala do Ginásio Atlético Clube, Paulo Raimundo reiterou o que podem os trabalhadores e o povo esperar do PCP, uma força onde não há espaço para «falsa promessa ou para levar ao engano»: «Cá estamos pelo aumento geral dos salários; pelo aumento extraordinário das reformas e pensões, por respeitar, valorizar os trabalhares, fixar profissionais no SNS; para repor o tempo de serviço dos professores e pôr fim à precariedade nas escolas; para fixar preços de bens alimentares e baixar o IVA na electricidade, telecomunicações e gás; para travar o aumento das rendas e pôr os lucros da banca a suportar os aumentos das taxas de juro; para dar combate às privatizações; à corrupção e às injustiças; para defender e fazer cumprir a Constituição da República». «Era tudo isto que precisava de resposta, assim era dia 9 de Março, assim o é hoje», assinalou.
Traçar prioridades
Em Lisboa e na Baixa da Banheira, os comício contaram com mais duas intervenções. As de Miguel Félix e de Catarina Menor, ambos da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP, e as de Miguel Soares e Antónia Lopes, membros do Comité Central e das direcções das organizações regionais de Lisboa e de Setúbal, respectivamente.
Em Lisboa, Miguel Félix, depois de se questionar sobre quem são os que, passado o dia 10 de Março, «lá estarão nas escolas, nas faculdades, nos locais de trabalho e junto da juventude nas suas lutas», deu resposta pronta: a JCP e o PCP. Já no domingo, Catarina Menor contou a história de como o Bruno Dias foi o único deputado a visitar os estudantes da Escola Secundária da Baixa da Banheira antes das eleições. Dia 11, de novo lá estavam os comunistas à porta da escola.
Miguel Soares, que antecedeu o Secretário-Geral no comício de Lisboa, falou sobre a prioridade do colectivo partidário: «a tarefa imediata é reunir o Partido. Reunir os vários organismos, nos plenários de militantes, almoços ou outras iniciativas, nos espaços que temos no Partido para discutir colectivamente, com os nossos padrões e métodos de análise e não com os que o capital quer que utilizemos».
Antónia Lopes, na Baixa da Banheira, afirmou que «agora é hora de concretizar, em toda a região, contactos individuais, voltar às empresas e locais de trabalho, falar com os apoiantes». «Realizar plenários, reuniões iniciativas de avaliação», continuou, «tendo a preocupação de, em todas elas, colocar como prioridade do nosso trabalho o reforço da organização e influência e ligação do Partido aos trabalhadores e às populações».
Um momento musical, com Sofia Lisboa na voz e Rui Galveias na guitarra, deu início ao comício em Lisboa. Foram tocados temas comarranjos originais de poemas de Ary dos Santos e de Sophia de Mello Breyner até músicas bem reconhecidas como Coro da Primavera, de José Afonso. Na Baixa da Banheira foi um momento de poesia, oferecido por Fernando Casaca, actor e encenador, que antecedeu o comício.
Colocar pontos nos ii
Como deixou bem claro Paulo Raimundo, não é a confiança inabalável no povo e nos trabalhadores portugueses e no futuro que baralham a leitura do PCP sobre os resultados de passado dia 10: «Os cerca de três milhões de votos que se concentraram nos partidos de direita constituem um elemento negativo para o País». Votos estes assentes «na demagogia, na mentira e na ilusão que arrastou e enganou milhares para a falsa ideia da mudança», mudança essa que se exige, mas que nunca poderá chegar «pelas mãos de PSD, CDS, IL e Chega».
Para o dirigente comunista, desses quatro partidos da política de direita só poderá vir «mais favorecimento dos interesses dos grupos económicos, mais ataques aos serviços públicos, mais desmantelamento do SNS e da Escola Pública e mais ataques ao regime democrático». Esses quatro, unidos por algo «muito mais forte do que o que eventualmente os separa», que estão sempre juntos no que toca a «compromissos e dependências dos grupos económicos».
PS tem responsabilidades
«E aqui chegamos, em grande medida por responsabilidade do PS», acusou o Secretário-Geral, explicando que «com tudo na mão, uma maioria, um Governo e condições financeiras» o PS optou por «não responder aos problemas centrais da vida dos que vivem e trabalham no País». «E, ao não fazê-lo», afirmou, «aumentou a justa indignação e sentimento de injustiça de milhões de trabalhadores, ao mesmo que se ajoelhou perante os benefícios e apoios aos grupos económicos». «Um PS que, em particular nos últimos dois anos, deu palco e alimentou as forças mais reaccionárias», acrescentou.
Enfrentar tudo o que é negativo
«Os resultados destas opções estão à vista. Estamos perante um novo quadro político. Uma situação que cá estamos para enfrentar», garantiu Paulo Raimundo. «Cá estamos para fazê-lo com todos os meios que temos ao nosso dispor, seja nas instituições seja nas ruas. Não abdicamos de nenhum instrumento, não abdicamos de tornar claro que, pelo que depende do PCP, o projecto da direita não será implementado», acrescentou, admitindo que caso o Governo da AD seja indigitado, o PCP apresentará uma moção de rejeição (ver página 6).
«Não é preciso esperar pela entrada em funções para se saber quais os projectos e objectivos desse Governo. Não peçam ao PCP para alimentar ilusões, sabemos bem e desde já o que se pode esperar da direita, sabemos bem para quem sobra sempre o seu projecto», frisou.
PCP, a força que conta
«Com a coragem de sempre, travaremos as lutas que temos pela frente. Com determinação e alegria. Sendo, como sempre fomos, a força que conta, a força decisiva, a força que não se verga perante os ataques da direita, venha ela de onde viera e como vier», assegurou Paulo Raimundo, acrescentando que «quando hoje se agita a ideia de mudança para que tudo prossiga igual», o PCP afirma que a «verdadeira mudança exige a ruptura com a política de direita, a verdadeira mudança exige a ruptura com a política de direita».
Como afirmou o Secretário-Geral, é com o PCP que se realizará essa ruptura e que se retomará o novo ciclo na vida nacional que Abril abriu. O PCP, «Partido com 103 anos de vida com uma história ímpar, de dedicação e luta contra todas as formas de exploração e opressão, pela liberdade, democracia e socialismo. É com o PCP que se fará esse caminho – um Partido «firme no seu ideal, que não abandona os seus princípios« e que «não deixa cair o sonho, o projecto político e a acção revolucionária».