1940 – França aprova lei xenófoba e misógina
«A porta está fechada. A casa está limpa. Médicos de Jassy, Odessa ou Esmirna (...) devem voltar para o lugar de onde vieram.» A citação, publicada no «Marseille-Soir» de 27 de Agosto, exprime a aceitação com que parte importante do sector médico francês recebeu a lei de 16 de Agosto proibindo o exercício da medicina, farmácia e odontologia aos estrangeiros e aos franceses naturalizados. Desde 1920 que as faculdades de medicina eram palco de manifestações e greves exigindo a exclusão de estrangeiros, acusados de fazerem concorrência aos estudantes franceses, mas é com o governo de Vichy – governo francês colaboracionista com a ocupação nazi, chefiado pelo marechal Pétain – que as reivindicações anti-semitas, xenófobas e misóginas ganham cobertura legal. O facto de o diploma ser obtido em França torna-se irrelevante. Para se ser médico, dentista ou farmacêutico é necessário ser filho de pai francês. A lei aplica-se a todos os estrangeiros, naturalizados ou filhos de pai naturalizado após o seu nascimento. Uma francesa casada com um estrangeiro não transmite aos filhos o direito de exercer uma profissão médica. Um relatório do Eurostat de 2022 revela que a França é o segundo país com mais casos de discriminação contra imigrantes no ambiente de trabalho.