Grande comício em Setúbal comprova onda de apoio que se alarga e fortalece
A terceira travessia sobre o Tejo e a construção do Aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete são investimentos estruturantes que precisam de ser feitos, defendeu o Secretário-Geral do PCP no grande comício realizado no domingo, 18, em Setúbal.
A CDU está a alargar e a crescer
Essas são duas das medidas por si consideradas inadiáveis e que integram não só o conjunto de propostas que a CDU advoga para a Península de Setúbal, como enformam a política alternativa, patriótica e de esquerda, de que é portador.
No caso da nova ligação rodo-ferroviária entre o Barreiro e Chelas, trata-se de uma infra-estrutura da maior importância para a «mobilidade metropolitana e para a rede nacional de transportes e logísticas», para além de, reduzindo «os tempos de pára-arranca» e consequente redução do uso de combustíveis, contribuir para a resolução de problemas ambientais.
Já quanto à construção do Aeroporto em Alcochete, Paulo Raimundo não hesitou em concluir que sobre esta matéria «está tudo dito», «o que falta mesmo é fazer» e não deixar que a «Vinci impeça» a sua concretização ou «que determine o apeadeiro aeroportuário no Montijo».
Ainda a este propósito, o líder comunista não deixou de observar que também neste capítulo «se tem visto como se posicionam os partidos em relação aos interesses que defendem», aludindo aos que, ao serviço dos grupos económicos e do grande capital, «neste caso representado pela Vinci», «tudo fazem e farão para continuar a adiar e evitar que se avance de uma vez por todas para a concretização da construção do novo aeroporto».
Argumentou por isso que é chegado o momento, «de uma vez por todas, de se avançar e de mostrar que quem manda no País, quem decide quais são os investimentos que devem ser feitos, não são os grupos económicos, é o povo, e são só os interesses do povo que têm de ser tidos em conta e respeitados neste processo».
Enchente mobilizadora
A exigência de Paulo Raimundo foi acompanhada por forte aplauso de uma assistência entusiástica e combativa, que preencheu por completo os 600 lugares do Luísa Todi. O espaço cedo se revelou insuficiente para tanta gente, não restando outra opção a cerca de uma centena de outros activistas e apoiantes senão acompanhar a iniciativa a partir do exterior.
Foi aliás para estes, que se mantiveram firmes na envolvente do Cine-Teatro, que foram dirigidas as primeiras palavras do dirigente comunista. Palavras que foram de saudação e reconhecimento a todos eles por essa demonstração de força e apoio à CDU.
Força e apoio que, aliás, ficaram bem expressos na atmosfera de alegria e confiança que ali se viveu durante perto de duas horas e meia. A par da enorme participação e mobilização, essas foram tónicas que sobressaíram desta iniciativa, onde ficou igualmente patente uma enorme determinação individual e colectiva em contribuir para a construção de um bom resultado da CDU.
Entusiasmo e confiança
Precedido por um momento cultural enriquecido pelo dedilhar virtuoso do músico Noitibó nas suas guitarras, o comício foi apresentado pela jovem da JCP Catarina Menor, ela própria candidata pelo Círculo Eleitoral de Setúbal. A acompanhá-la no palco estiveram Ana Teresa Vicente, mandatária distrital da CDU, os candidatos da lista da CDU, incluindo o seu primeiro nome, Paula Santos, da Comissão Política, a primeira a intervir (ver caixa), Hélio Bexiga, da Comissão Directiva da Intervenção Democrática, a candidata Heloísa Apolónia, da Comissão Executiva do Partido Ecologista Os Verdes, Catarina Pereira, do Executivo da DORS, Antónia Lopes, dos organismos executivos da DORS e do Comité Central (CC), Armindo Miranda, da Comissão Política, José Capucho, também deste organismo e do Secretariado do CC, e o Secretário-Geral do PCP Paulo Raimundo.
Da campanha que está a ser levada a cabo pela CDU falou Ana Teresa Vicente para sublinhar a importância do «diálogo e abordagem» junto da população no sentido de esclarecer «posições e soluções para os problemas» e respectivos «compromissos para a região».
E não escondeu a sua satisfação pelo nível de campanha desenvolvido até ao momento – só nessa semana foram realizadas 85 acções de diverso tipo, informou -, graças à entrega dos candidatos da CDU e apoiantes no «contacto directo e em diálogo com a população», e, bem assim, ao «ambiente de aceitação» que têm encontrado, incluindo entre «muita gente a sentir o desânimo, em gente que votou PS e está descontente».
Mas a mensagem que deixou foi sobretudo de confiança, convicta de que a «onda de contacto, esclarecimento e mobilização para o voto na CDU» continuará a crescer, porque «mais CDU significa vida melhor».
Marcado pela confiança no reforço da CDU esteve também o discurso de Heloísa Apolónia. Depois de realçar que o voto «verdadeiramente útil é o voto na CDU», já que é a força que defende os direitos da generalidade da população, seja, por exemplo, na defesa dos salários e pensões seja na defesa dos serviços públicos, a dirigente ecologista chamou a atenção para a importância do PEV regressar à Assembleia da República. É que, explicou, foi a acção dos seus deputados que «influenciou e marcou» avanços e progressos legislativos em várias áreas, como foi o «inicio do processo de deseucaliptização, a recuperação e modernização da ferrovia, ou a defesa da biodiversidade, com mais vigilantes da natureza». Daí o seu apelo a que cada um seja porta-voz dessa necessidade, porque a «voz do PEV faz falta na AR e o círculo de Setúbal tem a possibilidade de eleger essa deputada ecologista».
Depois de destacar que a «CDU está a alargar e a crescer», foi também com um apelo directo ao voto na Coligação que o Secretário-Geral do PCP finalizou a sua intervenção, sublinhando que é «o voto que vale por três: o voto de protesto e de soluções: o voto que obriga outros a vir às respostas necessárias; o voto que é a maior garantia de combate à direita».
Elevar as condições de vida
A ideia de que há soluções, não só justas como «possíveis e necessárias», para resolver os problemas dos trabalhadores e do povo, bem como os problemas daquele distrito e do País, perpassou a intervenção da líder parlamentar comunista Paula Santos.
E demonstrou-o de forma clara ao esmiuçar algumas dessas propostas que dão corpo ao projecto da CDU para a região, como as que visam a diversificação da actividade económica e promoção da produção nacional, a salvação do SNS (através da valorização e reforço dos seus profissionais), a melhoria da oferta e qualidade dos transportes públicos.
Um projecto assente em opções direccionadas para servir, ao contrário dos executores da política de direita, «os interesses das populações e do desenvolvimento do distrito e não para garantir mega lucros aos mesmos de sempre, os grupos económicos».
A reter da sua intervenção ficou também a natureza distintiva da CDU e do seu projecto, no tocante nomeadamente à valorização do trabalho e dos trabalhadores, traduzida no apoio incessante às suas lutas por salários, melhores condições de trabalho e direitos, como sucede, exemplificou, na Silopor, na Izidoro ou na Lauak.