27 de Janeiro de 1945: Exército Vermelho liberta Auschwitz

Estrategicamente colocado no centro da Europa, Auschwitz-Birkenau foi o maior campo de concentração e de extermínio nazi e o que mais prisioneiros assassinou, entre os quais comunistas e outros antifascistas, judeus, homossexuais, ciganos, deficientes, doentes psiquiátricos e outras pessoas com comportamentos que fugissem ao ideal-tipo ariano.

É essencial estar atento, travar o passo e impedir que o monstro volte a ameaçar a Humanidade

O assassínio em massa nas câmaras de gás foi instituído pelos nazis no final de 1941. Os testes com Zyklon-B, agente químico usado para combater pragas, foram anteriormente efectuados com sucesso em prisioneiros de guerra soviéticos e polacos. A partir de então, em Auschwitz-Birkenau e noutros campos de concentração semelhantes, aquele passou a ser o principal instrumento de extermínio.

Conhecido como Fábrica da Morte, chegou a aniquilar seis mil seres humanos por dia.

 

Grande capital lucrou

No complexo de Auschwitz, o campo de Monowitz funcionava fundamentalmente como pólo de trabalho forçado. Deutsche-Ausrüstungs-Werk – DAW (empresa de armamento das SS), IG Farben-Bayer (que era também a fornecedora do gás Zyklon-B) ou Krupp foram algumas das empresas que ali instalaram unidades que funcionavam com mão-de-obra escrava.

De facto, por detrás de Auschwitz (e do próprio nazi-fascismo) estavam os grandes monopólios alemães (os Krupp, os Thyssen, os IG-Farben-Bayer…) e as suas pretensões imperialistas.

 

Horror multiplicado

Nos últimos meses de 1944, face ao imparável avanço do Exército Vermelho, os nazis mandaram destruir as câmaras de gás e os crematórios de Auschwitz-Birkenau. A ocultação das provas dos hediondos crimes cometidos não conheceu limites. E em Janeiro de 1945 tudo servia para matar prisioneiros.

A 17 desse mesmo mês, foi dada ordem de evacuação dos três campos de Auschwitz. Mais de 60 mil prisioneiros foram obrigados a marchar dia e noite: milhares morreram de exaustão pelo caminho ou foram executados. Outros campos de concentração, de trabalho e de extermínio foram evacuados antes da chegada das tropas aliadas, centenas de milhares de prisioneiros foram igualmente obrigados a percorrer quilómetros nas monstruosas Marchas da Morte.

 

Exército Vermelho liberta Auschwitz

A libertação de Auschwitz pelos soviéticos vindos da frente ucraniana ocorreu na tarde de 27 de Janeiro de 1945. Sete a oito mil prisioneiros permaneciam no campo, os últimos de um total de pelo menos um milhão e 300 mil que, entre 1940 e 1945, ali foram martirizados. Escassos foram os que sobreviveram às câmaras de gás e aos fornos crematórios, ao trabalho escravo, às torturas, ao arbítrio sádico, à inanição, ao frio, às doenças, às experiências macabras nas quais seres humanos eram usados como cobaias.

Lições para o nosso tempo

O imperialismo nunca se conformou com o determinante papel da União Soviética na vitória sobre o nazi-fascismo e o avanço do processo de emancipação social e nacional no plano mundial que tal gesta heróica permitiu. Por isso mesmo, Brecht tinha razão quando advertia, já após a derrota das forças hitlerianas, que o ventre donde o monstro saíra ainda era fértil.

Criadas pelo capitalismo para responder a uma das suas mais profundas crises no século XX, as forças de extrema-direita, fascistas e nazis voltam a emergir promovidas pelo imperialismo em diversas partes da Europa e do mundo, ameaçando de novo os trabalhadores e os povos, promovendo conflitos e guerras. A guerra na Ucrânia, instigada pelos EUA, a NATO e a UE contra a Federação Russa, e a guerra de Israel, com o apoio dos EUA, contra o povo palestiniano, são particular e perigosa expressão desta realidade.

De facto, no momento em que, nomeadamente na Europa, forças da direita e da social-democracia não dão resposta aos problemas e aspirações dos trabalhadores e dos povos e, ao contrário, desenvolvem políticas de favorecimento do capital monopolista; em que, ao mesmo tempo, os grandes interesses económicos promovem concepções, projectos e forças de extrema-direita e fascizantes, tendo estas vencidos eleições, como na Itália ou na Holanda, ou obtido expressivos resultados eleitorais, como na Suécia, na Finlândia ou em França; em que se promove o pensamento único e se discrimina, silencia, deturpa e reprime o pensamento crítico ou divergente, os que lutam de forma efectiva pelos direitos, o progresso social, a soberania, a paz e a cooperação; em que se reescreve e falsifica a História, se branqueia o que foi o fascismo e os seus crimes, se criminaliza os que o combateram e se promove o anticomunismo; em que se fomenta a confrontação, o militarismo, a escalada armamentista e a guerra – é essencial estar atento, travar o passo e impedir que o monstro volte a ameaçar a Humanidade.

Para tal, será determinante a luta dos trabalhadores e dos povos, a existência, reforço e intervenção dos comunistas e de outras forças antifascistas e anti-imperialistas, que combatam a exploração e a opressão, que lutem pela paz e a cooperação, pela amizade entre todos os povos, por um mundo mais humano e melhor.



Afirmar os valores de Abril, lutar pela alternativa

Também em Portugal, os grupos económicos utilizam o seu domínio sobre a economia e a vida nacional para acumular milhares de milhões de euros de lucros, com o apoio de sucessivos governos da política de direita de PS, PSD e CDS ao serviço dos seus interesses e objectivos.

Por outro lado, a expressão e promoção das forças e projectos reaccionários (designadamente PSD, CDS, Chega e IL) constituem uma ameaça aos direitos dos trabalhadores e do povo, às liberdades democráticas, à democracia e ao futuro do País.

No actual quadro político, quando avultam limitações de importantes direitos sociais, económicos e políticos, se agrava a situação económica e social, se degradam aceleradamente as condições de vida dos trabalhadores e do povo, se acentuam desigualdades e injustiças, quando aumenta o domínio económico e político do grande capital, se aprofundam opções de submissão a interesses externos fragilizando a afirmação da independência e soberania nacionais e quando, paralelamente, se multiplicam operações de branqueamento da história e natureza do fascismo, se procura apagar o papel do PCP na resistência ao fascismo, nas transformações revolucionárias de Abril e na defesa das suas conquistas, é fundamental afirmar os valores de Abril e lutar por um Portugal de progresso social e de paz, um Portugal com futuro.