- Nº 2614 (2024/01/4)

Mais força à CDU para combater o aumento do custo de vida

Opinião

Inicia-se um novo ano e aí estão novos aumentos de preços de bens e serviços essenciais: dos alimentos à energia, dos transportes à habitação, são inúmeros os produtos e serviços que estão mais caros.

As rendas vão subir 6,94%, o maior aumento desde 1994, que acresce aos valores proibitivos de renda que as famílias estão a suportar porque o Governo não quis limitar o aumento. Por outro lado, quem tem crédito à habitação, a perspectiva é que as taxas de juro se mantenham muito elevadas, o que significa que os encargos das famílias com as prestações serão, para muitas, incomportáveis.

Depois de sucessivos aumentos, bem acima da inflação, os preços dos alimentos continuarão a subir. Já sabe que, no mínimo, os produtos alimentares abrangidos pelo IVA zero crescerão 6%, mas certamente não ficarão por aqui e poderão ser bem maiores. Aponta-se para valores superiores a 10%.

A tarifa regulada da electricidade aumenta 3,7% face a Dezembro de 2023, superior ao inicialmente previsto. Nas telecomunicações estão previstos aumentos na ordem dos 4,3%. Só em dois anos superaram os 12%.

Nos transportes, os preços dos bilhetes aumentaram: a CP anunciou aumentos de 6,25% nos Alfa Pendulares e um aumento médio de 6,43% nos restantes serviços. A Fertagus anunciou aumentos médios de 6,43%, mas há percursos cujos aumentos são bem superiores, como Corroios-Lisboa (9,5%). Na Transtejo/Soflusa, Carris, Metropolitano de Lisboa, STCP os bilhetes também aumentam. Não é de certeza assim que se promove a utilização do transporte público.

Mas há mais. As portagens aumentam acima de 2%, os medicamentos com preços mais baixos também poderão aumentar novamente e, como se isto não fosse suficiente, em 2024 vai passar a ser cobrado quatro cêntimos pelos sacos de plástico leves e muito leves (utilizados na compra de fruta e em compras a granel), comprovando que o ambiente tem sido o pretexto para aumentar os custos para as famílias.

Os mesmos de sempre a pagar

São os mesmos de sempre a suportar o aumento do custo de vida: quem trabalha e quem vive do seu trabalho. Já os grupos económicos continuam a acumular lucros e a concentrar a riqueza, com o beneplácito do Governo PS e dos partidos à sua direita: PSD, CDS, CH e IL. Segundo os últimos dados, referentes ao 3.º trimestre de 2023, os principais bancos obtiveram 12 milhões de euros de lucro por dia. A Jerónimo Martins e a Sonae obtiveram 744 milhões de lucro, a EDP 946 milhões, a GALP 718 milhões, a NOS 126,4 milhões.

O poder de compra dos trabalhadores e dos reformados, contrariamente ao que é dito e à propaganda do Governo, não foi efectivamente valorizado. A vida está mais cara. Muitas famílias já não têm onde cortar mais e nem mesmo assim o salário e a pensão dão até final do mês.

Se as propostas do PCP tivessem sido aprovadas, os preços dos bens e serviços essenciais seriam bem mais baixos e o poder de compra dos salários e das pensões teria sido valorizado. O PS, sozinho ou acompanhado por PSD, IL e CH – todos juntos ou à vez –, impediram o controlo e a redução de preços dos bens alimentares; a redução do IVA da electricidade e do gás para 6% e a das telecomunicações para 13%; a limitação da actualização das rendas em 0,43% nos actuais e nos novos contratos; que os lucros da banca suportem o aumento das taxas de juro; a limitação da actualização do valor das portagens correspondente ao valor de 2022; a gratuitidade dos medicamentos para as pessoas com doenças crónicas, com mais de 65 anos e com insuficiência económica; ou a revogação das taxas sobre os sacos de plástico.

A degradação das condições de vida resulta de opções políticas daqueles que se recusam a enfrentar e se submetem aos interesses dos grupos económicos, que não beliscam os lucros desses grupos, mesmo que isso signifique empurrar os trabalhadores e os reformados para o empobrecimento.

Mais força ao PCP e à CDU

Esta é mais uma razão – a juntar a muitas outras – para dar mais força ao PCP e à CDU. Enquanto há quem procure colocar trabalhadores contra trabalhadores para proteger os interesses dos grupos económicos, o PCP e a CDU dão combate às injustiças e às desigualdades na distribuição da riqueza, à apropriação por uma meia dúzia da riqueza criada pela ampla maioria.

Quanto mais força tiver a CDU, mais condições há para dar combate o aumento do custo de vida e para melhorar a vida dos trabalhadores, dos reformados e do povo.


Paula Santos