CDU contra as injustiças e por uma vida melhor

No acto público da CDU, realizado terça-feira, 19, ao final da tarde num hotel de Lisboa, Paulo Raimundo caracterizou a coligação que une comunistas, ecologistas e democratas sem partido como um «espaço com diversidade e pluralidade de projectos que se somam e se acrescentam, com o saber e a experiência próprios, unidos em torno de Abril, dos seus valores, e da Constituição da República Portuguesa».

A maioria absoluta não resolveu, antes agravou todos os problemas do País

Com três actos eleitorais em perspectiva, concentrados em menos de seis meses (Assembleia Legislativa Regional dos Açores a 4 de Fevereiro, Assembleia da República a 10 de Março e Parlamento Europeu a 9 de Junho), a Coligação Democrática Unitária promoveu, dia 19, uma sessão pública, na qual adiantou argumentos e definiu objectivos para o exigente ciclo eleitoral que se aproxima.

O Secretário-Geral do PCP, na última intervenção da tarde, garantiu que o reforço da CDU «é mesmo uma necessidade», que – acredita – se vai expressar no voto dos que «se sentem justamente injustiçados, indignados e até traídos, dos que foram iludidos e percebem que a maioria absoluta não resolveu, antes agravou, todos os problemas e acentuou a injustiça e as desigualdades». O voto na coligação PCP-PEV, salientou ainda Paulo Raimundo, é o de quem «justamente tem razões para protestar e quer expressar a sua indignação perante as injustiças». E mais: alia o protesto às soluções necessárias e transforma o descontentamento em «força de alternativa e de construção de uma vida melhor».

Se a CDU é, também, a «força de protesto, que rejeita e combate as injustiças» e é portadora das «soluções para um Portugal com futuro», o dirigente comunista acrescentou outra razão para que saia reforçada das eleições: não diz uma coisa hoje para depois «fazer outra amanhã».

Quando a CDU se reforça a vida de cada um avança
Paulo Raimundo insistiu numa ideia que tem marcado as suas intervenções recentes: «quando o PCP e a CDU ganham força, a vida de cada um melhora e anda para a frente». Para concluir que «a CDU faz falta, os deputados do PCP e do PEV fazem falta» e que são cada vez mais os que disso têm consciência.

Dirigindo-se directamente a estes, apelou: «Dêem-nos o vosso apoio, dêem-nos o vosso voto e a vossa confiança, elejam mais deputados da CDU, deputados ao serviço do povo e dos trabalhadores.» Até porque, acrescentou, «ao serviço dos grupos económicos, do grande capital, dos banqueiros, do negócio da doença, dos que desbaratam os recursos e a riqueza nacional, dos que têm os chorudos benefícios fiscais, dessa ínfima minoria que concentra grande parte da riqueza criada no nosso País, já temos deputados a mais».

Trata-se, pois, de mudar a correlação de forças e de a mudar «a favor dos que mais precisam». Como? Com uma política alternativa «justa, necessária e possível para repor o poder de compra e melhorar as condições de vida do povo e dos trabalhadores, redistribuir a riqueza», esclareceu. Uma política que, em última análise, sirva os interesses da maioria: dos trabalhadores, dos reformados, dos jovens, dos produtores, dos micro, pequenos e médios empresários, dos artistas, dos intelectuais, dos imigrantes.

Dizer-se de esquerda e ser-se de esquerda
Quando tanto se fala em «esquerda» e em «direita», esvaziando de conteúdo estes conceitos, Paulo Raimundo salientou que «a esquerda o é pelo que faz e não pelo que proclama». Assim, é-se de esquerda quando se coloca no centro da acção política «os salários, as pensões, os trabalhadores, o povo, o Serviço Nacional de Saúde, os serviços públicos, a habitação, os direitos dos pais e das crianças».

Do mesmo modo que a esquerda, «para o ser de facto, tem de resgatar a soberania e colocar ao serviço do País e do seu desenvolvimento os meios e os recursos existentes, e nunca se subjugar aos interesses, às negociatas, ao tráfico de influências e corrupção dos grupos económicos». A esquerda que de facto o é «não alimenta nem se alimenta da direita nem das forças reaccionárias», prosseguiu o dirigente comunista, identificando na CDU a única garantia para «enfrentar essa mesma direita, seja em que circunstâncias for e tenha ela a expressão que tiver».

Pela tribuna passaram também Mariana Silva, da Comissão Executiva do PEV; João Geraldes, presidente da Associação Intervenção Democrática (ID); e Deolinda Machado, independente e membro da Coordenadora Nacional da CDU. A apresentação ficou a cargo da jovem Mariana Metelo e André Levy deu voz aos poetas de Abril: José Carlos Ary dos Santos, Armindo Rodrigues, Sophia de Mello Breyner Andresen, Sidónio Muralha e E. M. de Melo e Castro.

 

Há que não descansar e não deixar uma única conversa por fazer. Amigos, familiares, vizinhos, colegas, tanta e tanta gente justamente indignada, revoltada, descrente face a tudo o que se tem passado, sem perspectiva de melhorias para si e para os seus. Tanta e tanta gente para ganhar para o apoio e para o voto na CDU.
Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

O voto nas soluções ecologistas

«Continuamos a ser a voz ecologista no País», declarou Mariana Silva, da Comissão Executiva do PEV, reforçando que é na CDU que se encontram respostas para o investimento no transporte público e a aposta na protecção ambiental.

A dirigente de «Os Verdes», afirmando que a maioria absoluta «foi um grande problema na vida das pessoas», lembrou o chamado Simplex Ambiental, uma medida do PS que mais não fez do que facilitar a delapidação da biodiversidade e da qualidade de vida das populações, servindo aos que «vêem na destruição sem limites da natureza o aumento dos seus lucros».

A dirigente ecologista questionou-se como será possível cumprir as metas de descarbonização prometidas pelo Governo no quadro da COP, quando PS, PSD e CDS activamente destruíram a ferrovia e apostaram no desinvestimento no transporte público.

Mariana Silva apelou, ainda, ao regresso do PEV à Assembleia da República, necessário para dar resposta aos problemas do País e «engrossar a luta pela defesa do ambiente», lembrando que um voto na CDU é um voto nas verdadeiras soluções ecologistas.

Nestes dois anos não baixámos os braços e continuámos o único caminho que conhecemos, o da luta ecologista!
Mariana Silva, da Comissão Executiva do Partido Ecologista «Os Verdes»

 

Não podemos aceitar a pobreza e a exclusão

«Não podemos aceitar que, apesar de trabalharem, muitas famílias continuem a viver em situação de pobreza», afirmou Deolinda Machado, da Coordenadora Nacional da CDU. Sindicalista, católica e independente, citou dados recentes para denunciar a grave situação social com que grande parte da população hoje se confronta.

Seis em cada dez pessoas «têm dificuldade em pagar a casa» e o número de jovens com habitação própria caiu para metade. O desemprego disparou e metade do emprego é precário. As reformas e pensões são baixíssimas e as pessoas em situação de sem-abrigo, sejam elas nacionais ou imigrantes, não param de aumentar. Há crianças que apenas conseguem ter na escola uma refeição completa, «porque as suas famílias não conseguem suprir as necessidades básicas».

Do outro lado, denunciou, está a concentração da riqueza num número cada vez mais reduzido de pessoas: «11 milhões de euros por dia foi o lucro dos grandes bancos no primJeiro semestre deste ano.»

Para Deolinda Machado, «urge efectivar uma política integrada, onde o emprego de qualidade, os salários, a educação, a saúde, a habitação, a justiça, a protecção social, contribuam para a inclusão, para a erradicação da pobreza». O reforço da CDU é determinante para este objectivo.

Identifico-me com este colectivo CDU, nos princípios e valores de serviço à comunidade e ao País. É para todos que se dirigem as políticas que defendemos e não apenas para alguns.
Deolinda Machado, membro da Coordenadora Nacional da CDU

 

A estabilidade que conta

O presidente da Associação Intervenção Democrática, João Geraldes, lembrou que há exactamente dois anos o Presidente da República e o primeiro-ministro «tentaram convencer o povo português que estabilidade política era sinónimo de maioria absoluta, e que maioria absoluta era condição imprescindível para o progresso e para o desenvolvimento». A estratégia deu frutos, a maioria absoluta foi alcançada e, dois anos passados, recorda, «a estabilidade política evaporou-se e a melhoria das condições de vida, o progresso e o desenvolvimento transformaram-se em simples miragens».

Para João Geraldes, «se alguma ilação positiva podemos retirar do estrondo do tropeção que levou à queda desta maioria absoluta apenas a meio do caminho, ela é, certamente, a demonstração de que apenas o reforço da representação das forças políticas que integram a CDU, apenas a eleição de mais deputados à Assembleia da República pelo PCP, pelo PEV e independentes que integram as listas da CDU, pode assegurar – como assegurou num passado não muito distante – essa tão procurada e desejada estabilidade política, esse tão necessário progresso e desenvolvimento da nossa terra».

Porque cada voto na CDU, cada deputado eleito pela CDU, vale a pena! Conta sempre para que possamos alcançar avanços significativos na nossa vida colectiva.”
João Geraldes, presidente da Associação Intervenção Democrática