Talentosa compositora, lutenista (intérprete de alaúde) e cantora do final do Renascimento, a italiana Maddalena Casulana foi a primeira mulher na história da música ocidental a publicar a sua própria obra, numa altura em que a sociedade ainda não reconhecia as mulheres como capazes de criar como os homens. Publicado em Veneza em 1568, o primeiro livro de madrigais de Casulana, para quatro vozes, é dedicado a Isabel de Médici, «não só para dar testemunho da minha devoção a Vossa Excelência, mas também para mostrar ao mundo (tanto quanto posso nesta profissão de música) o vão erro dos homens que acreditam que só eles possuem os dons do intelecto e da arte, e que tais dons não são igualmente comum entre as mulheres». Dos três livros de madrigais que publicou em seu nome, entre 1568 e 1583, só sobreviveu uma colecção completa. Mas em 2022 foram acrescentados mais 17 madrigais ao seu repertório, graças à descoberta de Laurie Stras, professora de música nas universidades de Southampton e Huddersfield, que localizou fragmentos em falta na Biblioteca Estatal Russa em Moscovo e na Biblioteca de Gdańsk da Academia Polaca de Ciências. As peças foram apresentadas a 8 de Março, no âmbito da programação especial da BBC Radio 3 para o Dia Internacional da Mulher.