- Nº 2608 (2023/11/23)

PCP segue para as próximas eleições com confiança e de cabeça erguida

PCP

Centenas de militantes e apoiantes do PCP participaram no comício realizado, dia 17, no Auditório Municipal de Gondomar. «Vamos para a frente, mas não é para ir encolhido, quem tem razão, quem é portador da verdade, quem luta pela elevação das condições de vida da maioria, só pode estar com confiança», salientou Paulo Raimundo.

No comício, que se iniciou com um momento musical, o Secretário-Geral do PCP escolheu começar a sua intervenção focando os acontecimentos dos últimos dias que ditaram mudanças significativas na situação política nacional: a acção judicial em curso, a demissão do primeiro-ministro e a anunciada dissolução da Assembleia da República que, salientou, têm «razões mais profundas» e não podem ser desligadas da sua «política de falta de respostas aos problemas que os trabalhadores, as populações e o País enfrentam».

«Há um aspecto fundamental que está para além destes casos agora conhecidos», continuou: é que «não é possível combater com eficácia a corrupção e a criminalidade económico-financeira passando ao lado das suas causas fundas» e dos fundamentos de um «sistema económico assente na acumulação capitalista, por si só gerador de corrupção». Hoje comenta-se, «e bem, a promiscuidade entre o poder económico e político, as ligações directas, os favores, as ajudas, os almoços, os telefonemas, mas veja-se o escândalo das privatizações», salientou.

Como notou o dirigente comunista, as privatizações são um dos «maiores focos de corrupção associadas a crimes económicos e o grande centro das negociatas». No entanto, «para este combate, para enfrentar esta expressão dos grandes interesses, nenhum partido da política de direita está disponível e sabemos porquê».

Orçamento para 2024 serve à direita
«Este é momento de relembrar a conversa do dito Orçamento mais à esquerda de sempre, de relembrar a chantagem, a pressão, o choradinho do PS que, com apoio do Presidente da República, há dois anos nos levaram a eleições antecipadas», recordou o Secretário-Geral, para quem, desde então, o PS «não só não foi um obstáculo da política de direita como foi, por sua opção, o seu fiel protagonista.

Ora, acrescentou Paulo Raimundo, o PS «não só não fez frente às forças reaccionárias como, numa visão oportunista e perigosa, em nome do dito combate retórico, deu-lhes e dá-lhes palco e ainda mais tempo de antena». Foi ainda pela mão do PS, do seu Governo e da sua maioria absoluta, que se desenvolveu uma política «ao serviço dos grupos económicos», que convergiu com «posições que PSD, CDS, Chega e IL defendem, por mais que, uns e outros, tentem cinicamente disfarçar». E é, segundo Paulo Raimundo, na acumulação de lucros por parte das grandes empresas e nas crescentes dificuldades para a larga maioria que essa convergência está a resultar.

«Hora de mudar de política»
«É hora de mudar de política. É mesmo hora de mudar de caminho, mudar para as soluções e as respostas necessárias. É hora de a política se colocar ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País e não, como até aqui tem acontecido, andar ao sabor dos interesses, dos lucros e da riqueza dos grupos económicos. É hora de uma vez por todas responder à crise da vida de todos os dias que aí está e não começou na passada semana», afiançou.

«Estão marcadas eleições, vamos a elas. É uma oportunidade para reforçar o PCP e a CDU», clamou o dirigente, acrescentando que «podem antecipar todos os cenários possíveis e imaginários, mas o que determinará o dia a seguir às eleições é a força que o PCP e a CDU tiverem, são os deputados que o PCP e a CDU elegerem», pois hoje «cada vez mais gente já percebeu – e por experiência própria – que quando o PCP e a CDU avançam isso contribui para que a vida de cada um ande para a frente».

Antecipando as operações de sondagens e de profunda bipolarização que marcarão a batalha eleitoral (e de certo modo já a marcam), o Secretário-Geral do PCP garante que aquilo que está em confronto no dia 10 de Março é a política que «abre as portas aos 25 milhões por dia de lucros dos grupos económicos» e a «alternativa pelo aumento dos salários para todos os trabalhadores»; entre a política que «anima os 12 milhões de euros de lucros por dia da banca» e a «alternativa para os milhões que estão cada vez mais apertados»; quem entrega «oito mil milhões de euros públicos para o negócio da doença» e entre quem quer o «reforço o SNS». No fundo, concluiu, a disputa entre a política ao serviço dos «cinco por cento mais ricos que concentram 42 por cento da riqueza criada» e a alternativa que pretende «responder ao drama dos mais de dois milhões que estão na pobreza, entre os quais 345 mil são crianças».

Reforçar o Partido, resolver problemas
Antes de Paulo Raimundo, tinha usado da palavra Cristina Coelho, da Comissão Concelhia de Gondomar e vereadora da CDU naquela Câmara Municipal. No comício, em que também participaram Jaime Toga, da Comissão Política do Comité Central, e Margarida Botelho, do Secretariado, aquela dirigente aproveitou para abordar alguns dos aspectos do património de intervenção institucional dos eleitos da CDU. Entre dezenas de questões, pedidos de esclarecimento e requerimentos não há um assunto que passe pelos órgãos autárquicos de Gondomar que não receba a atenção dos eleitos da CDU.

Também Afonso Sabença, da Direcção da Organização Regional do Porto do PCP, abordou as necessidade de reforço do Partido, do recrutamento e responsabilização de novos militantes, a importância de procurar novas formas de intervir e organizar.

Já Alfredo Maia, deputado do PCP na Assembleia da República, realçou que a resolução dos problemas do povo e dos trabalhadores não pode esperar pelas eleições de 10 de Março. Foi por essa razão que os comunistas apresentaram cerca de 488 propostas de alteração à proposta de Orçamento para 2024.