Urgência pela Saúde exige prosseguimento da luta

A re­so­lução dos graves pro­blemas que afectam o Ser­viço Na­ci­onal de Saúde não pode es­perar, ga­rantem os sin­di­catos dos mé­dicos, que se ma­ni­fes­taram em Lisboa, Porto e Coimbra no dia 14, o pri­meiro de dois dias de greve, com forte im­pacto em todo o País.

A FNAM exige a re­to­mada das ne­go­ci­a­ções com o Go­verno

Aos mo­tivos que a Fe­de­ração Na­ci­onal dos Mé­dicos (FNAM) tinha já elen­cado para os pro­testos desta se­mana, a de­missão do Go­verno veio somar mais uma: a exi­gência de re­toma ime­diata das ne­go­ci­a­ções entre o Mi­nis­tério da Saúde e os sin­di­catos re­pre­sen­ta­tivos dos mé­dicos, in­ter­rom­pidas uni­la­te­ral­mente no dia 8. A FNAM en­tende que o Go­verno con­tinua «em ple­ni­tude de fun­ções e é res­pon­sável pelo es­tado do SNS».

Em de­cla­ra­ções à Lusa,a pre­si­dente da FNAM, Joana Bor­dalo e Sá, de­nun­ciou o «ma­ni­festo des­prezo pelos utentes e do­entes do SNS, uma vez que os mé­dicos ainda não con­se­guiram voltar à mesa das ne­go­ci­a­ções», ao con­trário de ou­tros sec­tores. Na opi­nião da di­ri­gente sin­dical, «é pre­ciso re­solver o pro­blema dos mé­dicos para re­solver a si­tu­ação do SNS».

Entre ou­tros as­pectos, a FNAM exige au­mentos sa­la­riais que façam com que os mé­dicos por­tu­gueses deixem de ser dos «mais mal pagos da Eu­ropa» e a re­dução do ho­rário, sem perda de re­mu­ne­ração, de modo a re­duzir sig­ni­fi­ca­ti­va­mente os riscos para mé­dicos e utentes. As ne­go­ci­a­ções entre os sin­di­catos e o Mi­nis­tério da Saúde ini­ci­aram-se em 2022, mas o Go­verno con­tinua sem res­ponder às rei­vin­di­ca­ções dos pro­fis­si­o­nais.


Greves e ma­ni­fes­ta­ções

A greve re­a­li­zada nos dias 14 e 15 teve forte ex­pressão, ga­rante a fe­de­ração, re­al­çando uma adesão global de 85 por cento: «Ti­vemos mi­lhares de ci­rur­gias e con­sultas can­ce­ladas», in­formou Joana Bor­dalo e Sá. La­men­tando o im­pacto da pa­ra­li­sação nos utentes, lem­brou que «quem nos em­purra para esta “guerra”» é o Go­verno e as po­lí­ticas que leva a cabo no sector, que atacam os pro­fis­si­o­nais e os seus di­reitos e fra­gi­lizam a ca­pa­ci­dade de res­posta dos ser­viços.

Na terça-feira, 14, a greve foi acom­pa­nhada por ma­ni­fes­ta­ções junto dos três hos­pi­tais de «fim-de-linha»: Santa Maria, em Lisboa, São João, no Porto, e HUC, em Coimbra. O PCP es­teve pre­sente em todas elas, em ex­pressão de so­li­da­ri­e­dade, com o Se­cre­tário-Geral a fazê-lo na ca­pital. Foi aí que Paulo Rai­mundo re­a­firmou não haver qual­quer razão vá­lida para que não sejam to­madas as me­didas ne­ces­sá­rias e as­su­midos os acordos exi­gidos para va­lo­rizar os pro­fis­si­o­nais e au­mentar os seus sa­lá­rios: «Pre­ci­samos que os mé­dicos sejam res­pei­tados, que os en­fer­meiros sejam res­pei­tados, que os téc­nicos sejam res­pei­tados, para que os utentes também sejam res­pei­tados», su­bli­nhou.

Pros­segue igual­mente a re­cusa dos mé­dicos em fa­zerem mais do que as 150 horas ex­tra­or­di­ná­rias anuais obri­ga­tó­rias.