Séc. XV – Cemitério dos Ossos Cruzados

«Ouvi ho­mens an­tigos de bom cré­dito re­la­tarem que essas mu­lheres sol­teiras foram proi­bidas dos di­reitos da Igreja, desde que con­ti­nu­assem aquela vida pe­ca­mi­nosa, e foram ex­cluídas do se­pul­ta­mento cristão, se não se re­con­ci­li­assem antes da sua morte. E por isso havia um ter­reno, cha­mado adro da mu­lher sol­teira, de­sig­nado para elas, longe da igreja pa­ro­quial.» As pa­la­vras de John Stow, no Survey of London, de 1598, são a re­fe­rência mais an­tiga que se co­nhece ao Ce­mi­tério Cross Bones, es­paço não con­sa­grado de­di­cado aos mi­lhares de pros­ti­tutas que no final da Idade Média vi­veram e mor­reram na zona por­tuária ao Sul de Lon­dres. Li­cen­ci­adas pelo bispo de Win­chester, eram co­nhe­cidas como Win­chester Geese, Gansos de Win­chester, por exi­birem os seios em­po­ados de branco para atrair os cli­entes. Com o tempo, o Ce­mi­tério Cross Brones passou a re­ceber os corpos de ou­tros mem­bros da so­ci­e­dade a quem também era ne­gado um en­terro cristão, como in­di­gentes e cri­mi­nosos, o que levou à sua rá­pida sa­tu­ração. O ce­mi­tério en­cerrou ofi­ci­al­mente em 1920, mas os planos para re­moção e re­lo­cação dos restos nunca foram con­cre­ti­zados. O local ga­nhou fama de as­som­brado, e tem per­so­na­gens fa­mosas, como Black Annis, su­posta alma pe­nada que atrai, seduz e mata os ho­mens.