Nos arredores de Dunhuang, à beira do deserto de Gobi, na China, o monge taoísta Wang Yuanlu encontrou por acaso, numa gruta em Mogao, uma câmara secreta com 40 000 manuscritos, pinturas e documentos estampados em papel e seda, incluindo documentos em pelo menos 17 línguas, muitas extintas há séculos e de que só se conhece raros testemunhos. Esta cápsula do tempo com relíquias dos séculos IV a XI de valor incalculável para o conhecimento da história da região nos mais diversos domínios, qual enciclopédia da antiguidade, despertou o interesse e a cobiça de arqueólogos como o britânico Marc Aurel Stein e o francês Paul Pelliot, que entre 1907 e 1914 levaram para Inglaterra e França mais de 16 mil obras, incluindo um exemplar do Sutra do Diamante, considerado o livro impresso mais antigo do mundo, datado do ano 868. A fundação do Instituto Nacional de Arte de Dunhuang, em 1944, põe fim ao saque, dando início ao trabalho sistemático de restauração, cópia, catalogação e pesquisa do acervo das mais de 812 grutas entretanto descobertas, declaradas Património Cultural da Humanidade em 1987. Em Maio deste ano, a arqueóloga chinesa Fan Jinshi doou 10 milhões de yuans (1,45 milhões de dólares) à Universidade de Pequim para os estudos sobre Dunhuang.