Foi em Setembro do ano passado que os deputados do PCP no Parlamento Europeu lançaram as jornadas de trabalho sob o lema «Contigo todos os dias – A tua voz no Parlamento Europeu». Uma linha de trabalho, confirmada na Conferência Nacional, que visou percorrer todos os distritos do País e regiões autónomas, dando continuidade a uma prática de há muito, de profunda ligação à realidade concreta, indo ao encontro dos trabalhadores, das populações, de múltiplas entidades e situações, conhecendo problemas e anseios, construindo soluções para lhes responder, projectando uns e outras na intervenção institucional no Parlamento Europeu.
Às jornadas, que terão percorrido todos os distritos e regiões autónomas no final de Outubro próximo, não se lhes deve propriamente assinalar um princípio e um fim. Trata-se do intensificar e generalizar de práticas há muito implementadas, de forma mais estruturada, envolvendo e mobilizando simultaneamente as organizações regionais e locais, chamadas a propor, organizar e concretizar o programa e, também, a prolongar, intensificando-o, o contacto directo com os trabalhadores e as populações para lá das jornadas.
Quer-se projectar o Partido para fora, buscar formas de intervenção que quebrem rotinas, criem raízes, fomentam a conversa directa. Ouvir para ser a «voz no Parlamento Europeu». Dezenas de milhares de folhetos entregues, pretexto para milhares de interações e conversas, de que ressalta a observação de que a brutal campanha mediática de imensa acidez e animosidade contra o Partido não tem o reflexo directo no conjunto dos contactos que os seus promotores desejariam.
Na esmagadora maioria dos casos, perante um questionamento ou afirmação simples, sobre a magreza dos salários, a dureza do trabalho, a degradação dos serviços públicos ou outras dificuldades da vida, cria-se proximidade, quebra-se o gelo da desconfiança que a imensa campanha ideológica em curso procura apor a todos os «políticos». Há disponibilidade, há receptividade, assim haja o arrojo de ir à fala, intensificando práticas de contacto.
Foi sobre os problemas concretos que fluíram esses milhares de conversas. Os baixos salários e pensões, o aumento do custo de vida, os problemas no SNS, as graves dificuldades com a habitação (que neste período sentimos cada vez mais presentes), são alguns dos problemas mais frequentes. As conversas, necessárias, essenciais, permitem assinalar os problemas, possibilitando, como nenhum telejornal fará, afirmar a proposta do Partido, esclarecer, desconstruir mistificações e mentiras, combater simultaneamente o conformismo, o desalento, mostrando que há outro caminho, que há outras políticas e que será, no futuro que se avizinha, no reforço do PCP e da CDU que se projectará a melhoria das condições de vida dos portugueses.