- Nº 2591 (2023/07/27)

Cimeira dos Povos convoca tribunal sobre bloqueio a Cuba

Europa

Em paralelo com a 3.ª Cimeira UE-Celac, decorreu em Bruxelas a Cimeira dos Povos, organizada por forças progressistas europeias, latino-americanas e caribenhas. Decidiu convocar um Tribunal Internacional sobre o bloqueio dos EUA contra Cuba.

A União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) realizaram, a 17 e 18 deste mês, em Bruxelas, a sua terceira cimeira.

Após dois dias de debates, os chefes de Estado e de governo dessas regiões, que abarcam 60 países (27 da UE e 33 da Celac) e mais de mil milhões de pessoas, aprovaram uma declaração com propostas para impulsionar laços baseados em interesses e valores.

Assinalaram o compromisso com a cooperação e as relações amigáveis entre os povos europeus, latino-americanos e caribenhos, acima dos diversos sistemas políticos e dos diferentes níveis de desenvolvimento económico e social. Além disso, reiteraram o apego à Carta das Nações Unidas e à importância de um comércio internacional justo e sustentado em regras pactuadas, de laços focados na superação dos abismos estruturais e do reconhecimento do impacto das alterações climáticas, em particular nos pequenos países insulares das Caraíbas.

Vários destes princípios inscritos na declaração não são cumpridos pelos países da UE, que insistem – na prática – em relações de subordinação, de recorte neocolonial, e na submissão ao imperialismo norte-americano.

Por relações entre iguais

A par do fórum de dirigentes da UE e Celac – e para garantir que se ouça com força a exigência de uma relação entre iguais, sem ingerências e com respeito mútuo – teve lugar a Cimeira dos Povos, nas instalações da Universidade Livre de Bruxelas. Muitas foram as vozes que destacaram o significado desse encontro de movimentos sociais e forças políticas progressistas como «um espaço de vigilância e denúncia», escreve a Prensa Latina.

O activista brasileiro Rodrigo Suñe, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, ressaltou a exigência do Sul de não aceitar mais relações de submissão com vestígios neocoloniais. Isso traduz-se na reivindicação de vínculos bilaterais justos e de respeito mútuo, insistiu.

Culminando a Cimeira dos Povos, as 160 plataformas representadas por mais de um milhar de delegados referendaram na declaração final a exigência do apego à paz, ao mesmo tempo que alertaram para a ofensiva imperialista que visa dividir o mundo em blocos e para o crescimento da extrema-direita na Europa.

Uma das porta-vozes da Cimeira dos Povos referiu mesmo que a principal conclusão do encontro é a de que os movimentos sociais das duas regiões nunca pararão a luta nem as acções de articulação. «Não paramos aqui, continuamos a avançar na solidariedade e nas batalhas por um mundo melhor», asseverou.

Rejeição do bloqueio dos EUA contra Cuba

A Cimeira dos Povos repudiou ainda o bloqueio económico, comercial e financeiro dos EUA contra Cuba, bem como o seu carácter extraterritorial, e a inclusão de Cuba na lista unilateral de Washington de países «patrocinadores do terrorismo». Os participantes acordaram em convocar um Tribunal Internacional sobre o cerco imposto a Cuba, fórum que se reunirá a 16 e 17 de Novembro, em instalações do Parlamento Europeu, na capital belga.

Organizações de juristas, sociais, sindicais e políticas europeias, latino-americanas e norte-americanas manifestaram o seu apoio à convocatória visando implementar o Tribunal Internacional em Bruxelas, para denunciar o bloqueio vigente há mais de 60 anos, que qualificam de ilegal e desumano.

«Estamos certos de que esta acção servirá para somar vozes à defesa dos direitos democráticos, à soberania e à liberdade dos povos», sublinharam as organizações que apoiam essa convocatória, oriundas sobretudo da Europa e dos EUA.