INTERVIR COM CONFIANÇA

A alternativa é necessária e possível

O Governo de maioria absoluta do PS inseriu o debate sobre o estado da nação na acção geral de propaganda, amplamente mediatizada, em que se mostra particularmente empenhado, insistindo na ideia de um País no rumo certo.

Por seu lado, o PCP interveio no debate denunciando a exploração, responsável pelas gritantes desigualdades e injustiças sociais, o ataque aos direitos laborais e sindicais, a degradação dos serviços públicos, a erosão dos salários e pensões, o baixo nível de investimento público, a fragilização do aparelho produtivo e as privatizações.

Entretanto, a realidade económico-social que estamos a viver não só confirma a justeza da intervenção do PCP, como é o melhor desmentido à propaganda do Governo. É que os resultados positivos de que fala o Governo não chegam à vida das pessoas que todos os dias se confrontam com os elevados preços dos bens e serviços essenciais, com os custos com a habitação, com as dificuldade de acesso aos serviços de saúde, com a desvalorização dos salários e pensões.

De facto, 42 por cento da riqueza está nas mãos dos 5 por cento mais ricos; os principais grupos económicos têm lucros de centenas de milhões de euros (dos quais só a Banca aufere 10,7 milhões de euros por dia); 6 mil milhões de euros foi o valor da transferência directa do OE para os grupos económicos que acumulam riqueza com o negócio da doença.

Situação tanto mais escandalosa e injusta quanto ocorre no mesmo País que tem 2 milhões de pessoas na pobreza, 345 mil crianças em risco de pobreza, 400 mil idosos a viver com rendimentos até 551 euros, 3 milhões de trabalhadores a receberem menos de mil euros brutos mensais e 75 por cento dos reformados com pensões inferiores ao salário mínimo nacional.

A agravar este quadro estão ainda as privatizações – envolvendo PS, PSD, CDS, Chega e IL, sob o comando do grande capital e na linha de submissão do poder político ao poder económico – num continuado ataque ao sector público da nossa economia, podendo mesmo levar à destruição de empresas estratégicas – como está a acontecer com a TAP e a EFACEC – com graves prejuízos para o País. Como comprovam, aliás, entre tantos outros, os casos da PT/Altice e dos CTT.

 

Foram estes intoleráveis contrastes que o PCP denunciou, uma vez mais, insistindo que Portugal não está condenado a esta política, que une PS, PSD, CDS, Chega e IL. Há uma política alternativa – patriótica e de esquerda – com soluções para os problemas nacionais. Há uma alternativa, necessária e possível, que promova a valorização dos salários e das pensões, a defesa dos serviços públicos, o direito à saúde, à educação, à habitação, aos transportes, à cultura e ao desporto, o controlo público dos sectores estratégicos, o desenvolvimento da produção nacional, o apoio aos pequenos e médios empresários e agricultores, a garantia de justiça fiscal, a promoção da ciência, a salvaguarda do meio ambiente, a defesa da soberania nacional, da diversificação das relações externas, da paz e cooperação entre os povos.

 

É neste quadro que se desenvolve a luta com a intensificação da acção organizada dos trabalhadores e das massas populares na exigência do aumento dos salários, pensões e de melhores serviços públicos, na defesa de caminhos para a paz, na afirmação dos valores da liberdade e da democracia.

E é também neste quadro que prossegue a acção geral de reforço do PCP, força indispensável e insubstituível na luta por um Portugal desenvolvido, soberano e de progresso social.

Perante os projectos de alternância, que visam substituir PS por PSD (com ou sem o CDS e os seus sucedâneos Chega e IL) ou por outras falsas saídas, para onde procuram empurrar o povo português, o papel do PCP, enquanto força portadora e dinamizadora da política alternativa, emerge com grande actualidade. Um papel que se expressa na sua afirmação própria, na dinamização da luta de massas e na sua acção para promover a convergência dos democratas e patriotas.

De facto, sem o reforço do PCP, as aspirações de mudança para uma vida melhor que percorrem a sociedade portuguesa não se concretizarão. A alternativa que o País precisa exige que se traduza o reconhecimento do papel do PCP em mais apoio social, político e eleitoral.

É, pois, necessário que os trabalhadores e o povo prossigam o caminho da luta pelos seus direitos e pela alternativa que faz falta; que os democratas e patriotas se unam e convirjam na acção comum por um Portugal com futuro; que o PCP se reforce com o seu papel imprescindível.

Entretanto, importa continuar a preparar a Festa do Avante!, como a Festa dos valores de Abril, dos trabalhadores, da juventude e do povo; como espaço de democracia, liberdade e de cultura. E assegurar uma forte participação dos militantes e das organizações e um audacioso envolvimento de muitos outros amigos da Festa, na sua divulgação e na venda da EP, bem como na sua construção e funcionamento.

 

E, desta forma, intervir com força e confiança na luta que prossegue, não só para resistir, como também para avançar.