Séc. VII a.C. – Lenda de Orfeu

Herói emblemático do pensamento grego, encarnação da união perfeita da poesia e da música, Orfeu tornou-se uma lenda cuja existência efectiva continua por determinar. O seu nome é mencionado num texto do poeta lírico grego Íbico de Régio, e desde então os seus poemas, autênticos ou apócrifos, popularizaram-se. Para a fama de Orfeu contribuíram em particular Virgílio e Ovídio, através das obras «Geórgicas» e «As Metamorfoses», respectivamente. Se a existência de Orfeu suscita dúvidas, já a sua influência é incontestável: ao longo dos séculos inspira músicas, balés, óperas, peças de teatro, filmes, romances, poesias, pinturas, cativando artistas como Scarlatti, Berlioz, Liszt, Monteverdi, Stravinsky, Pina Bausch, Delacroix, Sartre, Tennessee Williams, Alain Resnais. Herói da Trácia, Orfeu tocava lira com tal primor que não deixava nada nem ninguém indiferente. Tudo é todos se rendiam ao seu fascínio. Ele, por seu turno, estava rendido à ninfa Eurídice, que perdeu e resgatou do Hades, o reino dos mortos, para a voltar a perder ao quebrar a promessa de não olhar para trás, e por quem cantou o seu desgosto e o seu amor até à morte. Morreu às mãos das mulheres da Trácia, que não lhe perdoavam a indiferença, e só pela morte reencontrou a amada Eurídice.