Um imenso abraço solidário de Portugal à generosa Cuba

Mais de duas mil pessoas expressaram no sábado, 15, numa transbordante Voz do Operário, a sua firme solidariedade a Cuba e ao seu povo: contra o bloqueio e a ingerência, em defesa da soberania e pelo direito ao desenvolvimento, em reconhecimento pelo exemplo de resistência e internacionalismo que dá aos povos do mundo. Ali ficou uma vez mais evidente que, como citou o próprio Presidente da República de Cuba, Miguel Diaz-Canel, «a solidariedade é a ternura dos povos».

«Nunca esqueceremos este encontro entre irmãos e amigos», afirmou Miguel Diaz-Canel

«Nunca esqueceremos este encontro entre irmãos e amigos», declarou com emoção o dirigente cubano ao subir ao palco do salão da Sociedade de Instrução e Beneficência «A Voz do Operário», em Lisboa: a presença de tanta gente, vinda de todo o País (e grande parte não coube naquela sala, enchendo outras instalações daquela instituição), a determinação que sobressaía das palavras de ordem Cuba vencerá! e Cuba sim! Bloqueio não!, tantas vezes repetidas, a presença marcante da juventude, a beleza e sensibilidade emanadas das actuações dos artistas, não deixaram ninguém indiferente – a começar pela delegação da República de Cuba, que incluía igualmente, e entre outros, o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, e a embaixadora em Portugal, Yusmary Diaz.

As primeiras palavras ali proferidas por Miguel Diaz-Canel destacaram a partilha de ideais, sonhos e convicções entre quem ali estava, fosse português ou cubano: a igualdade, a solidariedade, a paz, a luta por um mundo de Estados soberanos e iguais são combates comuns, travados diariamente de ambos os lados do Atlântico. Com a certeza da vitória, acrescentou, antes de sublinhar que «o mundo está sedento de justiça social».

Esta partilha, estas lutas comuns e este carinho recíproco, aliás, tinham já sido destacados pelo Comandante Fidel Castro aquando da também memorável jornada de 18 de Outubro de 1998, no Portoe em Matosinhos, recordou o Presidente cubano.

 

«Cuba não se rende nem se curva»

O ilegal e criminoso bloqueio económico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos EUA é o «principal obstáculo ao desenvolvimento do país», denunciou Miguel Diaz-Canel, realçando os impactos no dia-a-dia dos cubanos. Trata-se de uma «violação massiva e sistemática» dos mais elementares direitos do povo cubano, caracterizou.

Já com seis décadas, o bloqueio foi consecutivamente agravado em momentos particularmente sensíveis da história cubana: quando desapareceu o campo socialista europeu e, mais recentemente, em plena pandemia de COVID-19.

Diaz-Canel denunciou que o ex-presidente norte-americano Donald Trump, a horas de deixar a Casa Branca, adicionou ao bloqueio 143 novas medidas, que a administração Biden manteve. Algumas delas restringem ainda mais o acesso de Cuba ao sistema financeiro internacional, tornando mais difíceis – e ainda mais caros – os pagamentos de bens essenciais como alimentos, medicamentos e matérias-primas.

Referindo-se à inclusão de Cuba na ilegítima e hipócrita lista de países que, para os EUA, «apoiam o terrorismo», o Presidente cubano lembrou que é o seu país a vítima de terrorismo, perpetrado ou apoiado pelo imperialismo norte-americano. Essa realidade teve inclusivamente expressão em Portugal, lembrou, no atentado contra a embaixada em Lisboa que em 1976 vitimou Adriana Corcho e Efrén Monteagudo.

«Cuba tem direito a viver em paz e a desenvolver-se», realçou o também Primeiro Secretário do Partido Comunista de Cuba, garantindo que o povo do seu país «não se rende nem se curva». Pelo contrário, insiste e reafirma a sua opção pela construção do socialismo.

Quanto à sua política externa, sublinhou ainda Miguel Diaz-Canel, é a mesma que Fidel Castro definiu há mais de 60 anos e que se caracteriza pela solidariedade com os povos de todo o mundo. E questionou: «O que poderiam fazer vocês por Cuba e Cuba pelo mundo sem o bloqueio?»

 

Solidariedade recíproca

Antes do dirigente cubano interveio Manuel Figueiredo, presidente da Sociedade de Instrução e Beneficência «A Voz do Operário», que salientou precisamente esta solidariedade: «a miséria e a violência social que marcam o quotidiano de tantos países por esse mundo não são realidades com que os cubanos se confrontem. Aliás, o espantoso investimento na medicina cubana, designadamente na área da investigação, permite a este país apoiar de forma solidária os países menos desenvolvidos ou vítimas de catástrofes, com o envio de milhares de médicos.»

A força de Cuba, do seu povo e da sua revolução, destacou Manuel Figueiredo, reside precisamente no seu exemplo «de coragem, de tenacidade, de resistência perante a adversidade, exemplo da inteligência e vontade de um povo». Este exemplo, acrescentou, constitui mesmo a única ameaça que Cuba representa para o imperialismo norte-americano.

Esta Cuba «solidária, revolucionária e internacionalista», não caminha só, garantiu o dirigente associativo, dando voz às mais de 30 organizações que promoveram aquela sessão, entre as quais estavam a Associação de Amizade Portugal-Cuba, o CPPC, o MDM, a CGTP-IN, o PCP e a JCP.

 

Cultura e emoção

Canções portuguesas, cubanas e de outras latitudes; cantigas populares e temas dos cancioneiros revolucionários; músicas de trabalho, de amor e de festa: de tudo isto se fez a parte cultural da sessão, também ela um emotivo hino à solidariedade e à amizade entre Cuba e Portugal, entre todos os povos do mundo.

A conduzir o espectáculo esteve a actriz Joana Figueira. Pelo palco passaram diversos músicos, que generosa e solidariamente prepararam – em poucos dias – um magnífico espectáculo: Manuel Pires da Rocha, Vitorino Salomé, Sofia Lisboa, Beatriz Nunes, João Queirós, Tiago Santos, Ricardo Grácio, Rui Alves, Pedro Salvador, Ricardo Dias, Carlos Clara Gomes e o Grupo Coral dos Mineiros da Mina de São Domingos. Todos, no fim, cantaram Grândola, Vila Morena, senha da revolução portuguesa que é património dos progressistas de todo o mundo.

Os bailarinos do Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez, cubana radicada em Portugal, dançaram ao som de uma canção do cantautor Sílvio Rodriguez. Crianças vestidas como pioneiros cubanos dançaram uma cantiga infantil da compositora Teresita Fernández.

Quem ali esteve, no salão ou num outro espaço da Voz do Operário, a assistir através de transmissão em directo – a estes últimos dirigiu-se presencialmente a embaixadora Yusmary Diaz – certamente não o esquecerá. Foi daquelas jornadas que ficará gravada na memória colectiva. Ou não fosse, como um dia escreveu a poetisa nicaraguense Gioconda Belli (e Miguel Diaz-Canel citou), a solidariedade «a ternura dos povos».

 

PCP presente

Para o Secretário-Geral do PCP, Paulo Raimundo, «a solidariedade que manifestemos ao povo cubano, à revolução, será sempre pouca», face à solidariedade que o povo e o Estado cubanos dão «aos povos de todo o mundo».

Falando aos jornalistas presentes, o dirigente comunista valorizou o exemplo de Cuba – de resistência, de determinação, de luta pela sua soberania contra um bloqueio criminoso por parte dos Estados Unidos da América – e lembrou o trabalho das brigadas médicas cubanas, que salvam vidas em todo o mundo: «quando Itália estava no pico da epidemia [de COVID-19] e quando mais ninguém se chegava à frente, foi de Havana que foi um avião com médicos, com enfermeiros, com pessoal auxiliar para ajudar naquela tragédia.»

Paulo Raimundo encabeçava a delegação do PCP que participou na iniciativa, da qual faziam parte vários dirigentes e deputados.

 

Saudação a todos os participantes no acto de solidariedade «Juntos por Cuba»

Amigos, camaradas,

Queremos expressar o profundo agradecimento a todos aqueles que, vindos de todo o País, decidiram participar no acto de solidariedade «Juntos por Cuba», no passado Sábado, 15 de Julho, na Voz do Operário, em Lisboa.

A sua decisão de participar através da generosa e determinada presença constituiu um gesto da maior importância e significado para com Cuba, de solidariedade para com a dignidade e coragem do povo cubano e de denúncia e condenação do criminoso e cruel bloqueio imposto há mais de sessenta anos pelo EUA, agravado com as medidas adoptadas pela Administração Trump e mantidas pela actual Administração Biden, que visam atingir a economia e as condições de vida do povo cubano.

A presença de tantos amigos e camaradas, que esgotando a lotação do salão encheram outras salas e o ringue da Voz do Operário, a sua presença consciente e combativa foram elemento fundamental da emocionante e vibrante afirmação de solidariedade para com Cuba que caracterizou este acto.

A todos o nosso sincero e profundo agradecimento.

Cuba vencerá!

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