Novas agressões israelitas contra Cisjordânia ocupada

Forças israelitas lançaram violentos ataques contra a cidade de Jenim e o campo de refugiados vizinho, na Cisjordânia ocupada. Movimentos palestinianos e países árabes falam de «crimes de guerra e de lesa-humanidade».

Lusa

Pelo menos 12 palestinianos morreram, mais de 100 ficaram feridos e três mil foram deslocados em consequência do ataque militar em larga escala desencadeado pelo exército israelita contra a cidade cisjordana de Jenin e o campo de refugiados palestiniano vizinho. Os mortos são na generalidade jovens palestinianos entre os 16 e os 23 anos e há crianças entre as vítimas.

Na madrugada do dia 3, forças de segurança israelitas lançaram o maior ataque militar na Cisjordânia dos últimos anos. A agência de notícias Wafa noticiou que, depois de um bombardeamento inicial com drones e aviões de guerra, um amplo contingente de mais de um milhar de soldados e cerca de 150 veículos militares, incluindo escavadoras, entraram em Jenin e no campo de refugiados.

Os militares ocupantes cortaram as estradas que unem as duas localidades e colocaram numerosos franco-atiradores em telhados.

 

Condenação generalizada

A Liga Árabe e países da região condenaram em termos duros o ataque israelita. O Egipto denuncia a «violação do direito internacional», a Jordânia instou a denominada «comunidade internacional» a tomar medidas e a Síria classificou a agressão israelita de «crime de guerra e de lesa-humanidade». A coordenadora humanitária da ONU para os territórios palestinianos, Lynn Hastings, denunciou os ataques aéreos contra o campo de refugiados, densamente povoado.

Em Ramala, o porta-voz da presidência palestiniana, Nabil Abu Rudeina, declarou que os sistemáticos ataques em Jenin são crimes de guerra contra cidadãos indefesos. O movimento Fatah pronunciou-se em termos similares, após criticar «a bárbara agressão da ocupação israelita». A Frente Popular para a Libertação da Palestina garantiu que os ataques israelitas só aumentarão a determinação e firmeza do povo para prosseguir a marcha da resistência e a Frente Democrática para a Libertação da Palestina criticou «o governo fascista de Benjamim Netanyahu».

O líder do Movimento de Resistência Islâmica, Ismail Haniyeh, garantiu que as milícias palestinianas responderão ao novo crime israelita.

 

PCP condena

Num comunicado emitido ontem, 5, o PCP considera a agressão israelita contra Jenin «um novo e inaceitável acto de violência contra o povo palestiniano». E recorda que o ataque ao campo de refugiados segue-se a uma escalada de outros, perpetrados pelas forças armadas e policiais israelitas, e por grupos de colonos, «que já provocaram, só neste ano, a morte de mais de 185 palestinianos». Esta vaga de violência, acrescenta, «é indissociável do governo dirigido por Netanyahu, onde participam forças fascizantes abertas defensoras da ocupação da totalidade da Palestina».

Exigindo o «fim imediato da violência de Israel contra o martirizado povo palestiniano e o respeito por parte do Governo israelita do direito internacional», o Partido reclama também que cessem desde já os «continuados bombardeamentos da força aérea de Israel contra a Síria». Denuncia, também, a «conivência das sucessivas administrações dos Estados Unidos da América e de governos de países que integram a União Europeia com a criminosa política de Israel contra o povo palestiniano», que só pode merecer «a mais firme denúncia».

O PCP exige que o Governo português assuma uma posição de «clara defesa do imediato cumprimento do direito do povo palestiniano a um Estado soberano e independente, com as fronteiras de 1967 e capital em Jerusalém Oriental, e a efectivação do direito ao retorno dos refugiados, no cumprimento das relevantes resoluções da ONU». E saúda o povo palestiniano, que sob as mais difíceis condições e usando as mais diversas formas de luta, «prossegue a sua legítima resistência».


Solidariedade

Sob o lema «Fim aos massacres! Fim à ocupação! Solidariedade com a Palestina!», realiza-se amanhã, 7, às 18 horas, na placa central do Rossio, em Lisboa, uma acção de solidariedade promovida pelo Movimento pelo Direitos do Povo Palestino e a Paz no Médio Oriente (MPPM).



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