- Nº 2585 (2023/06/15)

PCP, um partido em tudo diferente dos outros

Opinião

O que passará pela cabeça dos muitos que nas últimas eleições votaram no PS convencidos de que tal opção resultaria em retomar o caminho de reposição de direitos roubados aberto com a derrota da maioria PSD/CDS e que constatam que, afinal, a maioria absoluta trouxe consigo o reforço do comprometimento do PS com a política de direita? Ou perante o empolamento de forças e projectos reaccionários, alimentado em falso contraponto com a maioria do PS? Ou perante a convergência efectiva de PS, PSD, Chega e IL no momento de votar todas as propostas que belisquem os interesses do grande capital? Ou ainda perante a sucessão de casos, profundamente esmiuçados e amplificados na imprensa, que descredibilizam o regime democrático? Ou quando são obrigados a assistir (porque o alinhamento dos telejornais não deixa alternativa...) a uma Comissão de Inquérito à TAP que privilegia o debate de tudo menos a situação da TAP, as suas causas e responsáveis?

E quando, perante as crescentes dificuldades que os trabalhadores, reformados e jovens sentem, o Governo do PS, num exemplo gritante de submissão à banca, determina, com efeitos imediatos, a baixa da remuneração dos certificados de aforro? Ou quando apresenta pacotes com falsas soluções para problemas tão graves como a habitação ao mesmo tempo que os juros cobrados pelos bancos aumentam há meses consecutivos? Ou perante a constatação que se mantêm as borlas fiscais ao grande capital e não se alivia os impostos sobre quem trabalha?

Ou perante os lucros colossais do sector financeiro, da grande distribuição e vários outros que correm a par com o aumento generalizado dos preços? E com a divulgação de dados que informam que nos grandes grupos económicos e financeiros os seus administradores chegam a ganhar valores que atingem cerca de 200 vezes o salário médio pago aos funcionários, suportados na chamada meritocracia que premeia sobretudo a exploração e condena a maioria à perpetuação de baixos salários e do trabalho sem direitos?

Berrarias e convergências
Acresce a isto a berraria que caracteriza o tom das forças reacionárias, que resulta mais da dificuldade destas em apresentar diferenças políticas substanciais relativamente ao Governo do PS em matérias fundamentais do que propriamente de divergências relevantes. Quando PS, PSD, CDS, Chega e IL estão de acordo em privatizar a TAP e a Efacec ou em manter intocáveis os lucros dos grandes grupos económicos e financeiros, rejeitando o controlo de preços de bens essenciais, compreende-se que só lhes resta subir a voz em torno de matérias laterais...

O agravamento da situação social e a realidade institucional e mediática – bem diferente das preocupações do dia-a-dia da generalidade das pessoas, na qual não há espaço para a discussão de soluções para o aumento do custo de vida, a precariedade laboral ou o reforço dos serviços públicos – favorecem o sentimento de desilusão. Perante o nível de degradação a que atingiu a intervenção da maioria dos partidos e de muitos governantes, não surpreende que haja quem fique céptico.

«Isto assim não pode continuar!», «Tem algum jeito tantos lucros e nós com salários que não chegam ao final do mês!?, «Eles falam, falam, mas não fazem nada» – são reacções de insatisfação que se ouvem nas conversas. Apesar do sentido geral de agravamento que a situação assume, não é uma inevitabilidade que as coisas fiquem pior. Urge fazer convergir o descontentamento e as lutas na construção da alternativa necessária.

A questão central
O PCP traduz na sua acção diária um projecto de justiça social e de transformação que corresponde aos interesses da larga maioria dos portugueses. Este partido tem sido o mais firme defensor dos trabalhadores, sempre ao seu lado nas lutas que travam. É o partido com quem o povo pode contar para defender os seus interesses sem subterfúgios ou hesitações. É o partido no qual as pessoas mais podem confiar e que dará voz aos seus problemas e aspirações. O partido cujos eleitos têm uma distintiva postura de seriedade no exercício de cargos públicos. É o partido que faz o que se compromete e que não muda de posição por conveniência conjuntural.

Como afirmou o camarada Paulo Raimundo, Secretário-geral do Partido: «Está hoje muito evidente que a melhoria das condições de vida está profundamente ligada ao reforço do PCP. Quando o PCP diminui a sua força, a vida dos portugueses e de quem cá trabalha e vive, anda para trás. Quando o PCP se reforça a vida dos trabalhadores, das populações, e o País avança. Esta é a questão central que se coloca».

 

Belmiro Magalhães