O escritor e advogado Jean Zay, criador do Festival de Cannes, deixou um legado que vai muito para além da grande gala do cinema, sendo reconhecido como um dos grandes nomes da educação e cultura francesas. Ministro da Educação Nacional e das Belas Artes do governo da Frente Popular de Léon Blum, Zay deixa uma forte marca no sector da educação. A ele se deve o aumento da idade mínima da obrigatoriedade escolar (14 anos) e um plano educacional transversal e comum às várias escolas básicas do país, com início no básico (école primaire), seguido pelo preparatório (collège), e terminando no secundário (lycée). Criou ainda aulas de tutoria, incentivou métodos de aprendizagem interdisciplinares, e abriu vários institutos de Ensino Superior. A abertura do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e do Musée National des Arts et Traditions Populaires é outro dos legados de Zay, bem como a Réunion des Théâtres Lyriques Nationaux, destinada a apoiar as Óperas de Paris e a Ópera-Comique. É também precursor da implementação dos direitos de autor. Preso e acusado de deserção pelo governo colaboracionista de Vichy, Zay é assassinado em 20 de Junho de 1944. Reabilitado após a guerra, dá nome a um prémio literário que distingue obras nacionais de vulto.