Luta por melhores salários contra ofensiva exploradora
No encontro sindical realizado dia 2, a CGTP-IN destacou a necessidade de intensificar a acção reivindicativa e a luta dos trabalhadores, «face à ofensiva exploradora do patronato e às opções do Governo». No horizonte está o «dia nacional de luta», marcado para 28 de Junho. A mobilização faz-se nas lutas de todos os dias, perante a urgência de aumentos salariais.
O aumento do custo de vida esmaga salários que já são baixos à partida
O encontro «Acção Sindical Integrada: Mais acção reivindicativa, mais força aos sindicatos, responder aos problemas e anseios dos trabalhadores» teve lugar na manhã e tarde de sexta-feira, num hotel de Lisboa, e foi enquadrado na preparação do 15.º Congresso da CGTP-IN (23 e 24 de Fevereiro de 2024).
A confederação assinalou que se vive «um momento de extrema dificuldade para os trabalhadores e suas famílias, confrontados que estão com o peso esmagador do aumento do custo de vida, sobre os já baixos salários e condições de trabalho degradadas».
Sendo assim, como se refere numa nota publicada pela Intersindical Nacional após o encontro, «exige-se a intensificação da acção reivindicativa e da luta, face à ofensiva exploradora do patronato e às opções do Governo do PS, de favorecimento dos grupos económicos e financeiros, acompanhado pelo PSD, CDS, IL, CH, e que opta por não responder às reivindicações dos trabalhadores, agravando assim problemas estruturais há muito identificados».
Está em marcha a preparação de greves, paralisações e concentrações no «dia nacional de luta», marcado para 28 de Junho, colocando à cabeça a exigência de «aumento geral e significativo dos salários para todos os trabalhadores, em pelo menos 10 por cento, com um mínimo de 100 euros, a valorização das carreiras e profissões, o aumento do salário mínimo para 850 euros». O Conselho Nacional, que convocou esta jornada na sua reunião de 11 de Maio, assinalou igualmente a reivindicação de aumentos salariais intercalares, nos casos em que a actualização das remunerações já está ultrapassada pelo avanço do custo de vida.
A par da acção convergente, que confere maior visibilidade às exigências comuns, a Inter valoriza e estimula o desenvolvimento da luta nos diferentes sectores, empresas e serviços, com o empenho das estruturas do movimento sindical unitário.
Unidos e em greve
Começou esta segunda-feira, dia 5, com adesão total, uma greve dos trabalhadores da SUCH que asseguram a manutenção no Hospital de Viseu. Organizados no SITE Centro-Norte, exigem aumentos salariais (para corrigir congelamentos de anos sucessivos), reclassificação profissional (para reflectir o grau de especialidade técnica), uma carreira profissional e subsídio de risco, entre outros pontos divulgados pelo sindicato.
Reunidos, em piquete, no exterior do hospital, os trabalhadores tiveram a visita de uma delegação da DOR de Viseu do PCP, que lhes manifestou solidariedade.
A greve, de 24 horas, iria repetir-se diariamente, até amanhã.
No dia 2, os trabalhadores da MAFIL, em Guimarães, fizeram uma hora de greve, pela negociação do caderno reivindicativo, recusando continuar a receber pelo salário mínimo nacional. Organizados no SITE Norte, decidiram realizar uma série de paralisações, uma vez por mês, desde 14 de Abril e até ao fim do ano.
Na Cerâmica Dominó, em Condeixa-a-Nova, foi decidido fazer greves de 24 horas nos dias 6 e 7 e amanhã, dia 9, por aumentos salariais que valorizem o zelo e profissionalismo dos trabalhadores, informou o Sindicato da Cerâmica, Cimentos e Construção do Centro.
Sector social por valorização
Junto da sede da CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade), no Porto, manifestaram-se no dia 31 de Maio centenas de trabalhadores de IPSS, contra a desvalorização dos salários, das carreiras e das profissões. O protesto decorreu em dia de greve nacional, com elevada adesão, que uma dirigente do CESP/CGTP-IN, citada pela agência Lusa, estimou em 80 por cento. Uma delegação da DOR do Porto do PCP esteve no local, a saudar os trabalhadores.
É exigido um aumento salarial de 75 euros, bem como a actualização dos valores das diuturnidades e do subsídio de refeição e uma semana de trabalho de 35 horas.
Perante a insistência da CNIS nas suas posições, o CESP apelou já à continuação da luta.
No dia 1, em Lisboa, junto do local onde decorria o Congresso Nacional das Misericórdias, manifestou-se um numeroso grupo de trabalhadores da União das Misericórdias Portuguesas. «Estamos em Junho sem qualquer aumento salarial», protestou uma dirigente do CESP. Catarina Fachadas, citada pela agência Lusa, disse que estavam ali também em nome de trabalhadores de associadas da UMP, uma vez que esta tem recusado dar indicações às misericórdias para aplicarem o contrato colectivo negociado com a CNIS, como decorre da portaria de extensão já publicada.
Para exigir o cumprimento deste contrato colectivo, em particular no que toca ao pagamento de diuturnidades, várias dezenas de trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Viseu, organizados no Sindicato da Hotelaria do Centro, manifestaram-se, no dia 2, em frente da sede da instituição. Em seguida, deslocaram-se até ao Rossio. No protesto esteve uma delegação do PCP, que reiterou solidariedade com a luta.
Por aumentos salariais de 25 euros, acima da tabela da CNIS, pela subida do valor das diuturnidades e pela reclassificação de acordo com as funções exercidas, os trabalhadores da SCM de Vila Nova de Gaia fizeram greve no dia 24 de Maio. Organizados no Sindicato da Hotelaria do Norte, concentraram-se no Lar Almeida e Costa e desfilaram até à sede da instituição.
Na Easyjet contra discriminação
Teve adesão total a greve dos tripulantes de cabine da Easyjet, nos dias 26, 28 e 30 de Maio e 1 e 3 de Junho, segundo o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil. A multinacional, antecipando a grande adesão à luta, cancelou quase 400 voos.
Suscita grande indignação a discriminação de quem trabalha em Portugal, perante as condições laborais praticadas noutros países da União Europeia, havendo diferenças salariais superiores a cem por cento.
Esta «justa luta» foi levada ao Parlamento Europeu por João Pimenta Lopes. No dia 1, o deputado do PCP recordou, a propósito, que a Comissão Europeia impôs «a atribuição à Easyjet de 18 slots diários no aeroporto de Lisboa, retirados à TAP», desta forma contribuindo para alargar o negócio e os lucros da multinacional (prejudicando a TAP) e «caucionando as péssimas práticas laborais da Easyjet».
Na concentração que, no aeroporto de Lisboa, assinalou o arranque da greve, esteve Manuel Loff, deputado na AR. No sábado, último dia da greve, realizou-se outra concentração no aeroporto do Porto, onde Jaime Toga, da Comissão Política do Comité Central, reafirmou a solidariedade do Partido. Também aqui se tinha realizado uma concentração a 28 de Maio.
O PCP suscitou a audição dos representantes dos trabalhadores da Easyjet no Parlamento, enquanto o PS impediu (com abstenção do PSD e da IL) que fosse ouvida a ministra do Trabalho.
Pela primeira vez
Os trabalhadores da Pemel Metal iniciaram, a 31 de Maio, uma série de greves de uma hora, às terças-feiras, até ao final de Junho, por aumentos salariais justos. Está ainda convocada greve ao trabalho suplementar durante este mês.
Num comunicado, o SITE Norte explicou que a decisão de fazer greve, pela primeira vez, nesta empresa de Leça do Balio (Matosinhos), propriedade do Grupo Omatapalo, foi tomada num plenário em que ficou bem demonstrado o enorme descontentamento dos trabalhadores após a administração actualizar os salários com uma «gratificação de balanço».
Sindicato e trabalhadores exigem respostas a outras matérias do caderno reivindicativo.
A expressar solidariedade, uma delegação do PCP esteve na concentração realizada durante a paralisação, no exterior da empresa.
Por um aumento salarial de 55 euros, a acrescer ao já aplicado pela administração, os trabalhadores das Tintas Barbot decidiram fazer greve, pela primeira vez, como informou o SITE Norte. Além de recusarem trabalho suplementar, pararam durante uma hora, todas as quartas-feiras de Maio, reunindo-se no exterior da fábrica, em Vila Nova de Gaia.
Sem aumentos salariais há mais de uma década, os trabalhadores do British Council fizeram greve nos dias 2 e 3, a nível nacional, para exigirem uma actualização que compense a subida do custo de vida. Em Coimbra, uma delegação do PCP, de que fez parte Vladimiro Vale, da Comissão Política do Comité Central, solidarizou-se com os trabalhadores, que têm nova greve marcada para 29 e 30 de Setembro.
Decidiram fazer greve, também pela primeira vez, os trabalhadores da Frulact, no Tortosendo (Covilhã), informou o Sintab/CGTP-IN. A paralisação, por 24 horas, foi convocada para amanhã, dia 9, devido à falta de resposta patronal ao caderno reivindicativo. São exigidos aumentos salariais, um subsídio de turno e o fim da aplicação ilegal de um contrato colectivo da UGT com menos direitos.