Os dados divulgados na semana passada pelo INE – em torno da inflação e do desempenho económico – reforçam as razões do PCP para a urgência do aumento geral dos salários e das pensões, para a recuperação imediata do poder de compra perdido, para a dinamização do mercado interno e para uma mais justa distribuição da riqueza.
Para lá da propaganda do governo e da ofensiva ideológica em curso em relação à inflacção, o que é relevante é a constatação diária de que os preços continuam a subir. Ou seja, com um crescimento de preços em termos homólogos de 4% (Maio), o País muito dificilmente não terá no final do ano uma inflacção anual superior a 5%, que se somará aos cerca de 8% já verificados em 2022, confirmando um empobrecimento da esmagadora maioria da população.
Em sentido oposto, continua o aumento dos lucros dos grupos económicos e financeiros e das multinacionais, com elevada expressão no primeiro trimestre de 2023.
Ora, face a esta situação, quando seria de esperar que o Governo tomasse as medidas necessárias tendo em vista combater as desigualdades e injustiças sociais, promovendo medidas tendentes ao real aumento dos salários e pensões, ao controlo e redução dos preços dos bens e serviços essenciais, à defesa dos serviços públicos (com particular atenção ao SNS e à Escola Pública), à garantia do acesso à habitação, aquilo que se verifica é a atitude inversa de submissão às imposições da União Europeia e de salvaguarda dos interesses do grande capital. Foi o que ficou particularmente visível nos últimos dias quando, submetido às exigências dos bancos relativamente aos Certificados de Aforro que visam garantir a acumulação de lucros – que este ano já ascendem a mais de 10 milhões de euros por dia – o governo se limitou a executar a medida imposta pelos bancos e que afecta as poupanças de milhares de portugueses. Ou seja, baixam-se as taxas de juro dos Certificados de Aforro, limitando os valores para a sua aquisição e abre-se mais uma fonte de negócio para os bancos, que passam a comercializar este produto.
Do mesmo modo, ao mesmo tempo que se recusa o aumento geral dos salários, regista-se uma enorme pressão, amplamente mediatizada, para baixar os impostos com a mistificação ideológica da chamada «carga fiscal».
É neste quadro que se continua a afirmar a intervenção do PCP na luta pela alternativa política que faz falta ao País – a política patriota e de esquerda – que requer, entre outros aspectos o controlo público dos sectores básicos estratégicos da nossa economia (em que se inclui a TAP e a Efacec, que o governo com o apoio de PSD, CDS, Chega e IL insiste em privatizar), a defesa e promoção da produção nacional, a criação de emprego com direitos, a valorização do trabalho e dos trabalhadores, com o aumento dos salários – verdadeira emergência nacional – e das pensões, o controlo e redução dos preços, a valorização dos serviços públicos, a garantia do acesso à habitação.
É também neste processo de luta pelos direitos e pela alternativa que se situa o combate em defesa dos direitos das crianças e dos pais, em que se inseriu a intervenção do PCP na Assembleia da República com a apresentação de propostas concretas para a reposição dos escalões de abono de família e reforço dos direitos de maternidade e paternidade.
Foi também na luta pelos direitos e pela alternativa que se desenvolveu a luta em torno da acção reivindicativa nas empresas e locais de trabalho e, a partir delas, se prepara a Jornada de luta marcada pela CGTP-IN para 28 de Junho.
É também por melhores condições de vida que se desenvolve a luta das populações, nomeadamente contra o aumento do custo de vida, em defesa dos serviços públicos e pela paz.
O PCP avança afirmando esta forte intervenção, quer nas muitas iniciativas levadas a cabo pelas organizações regionais, quer nas iniciativas com a participação do Secretário-geral, no último fim-de-semana, na Região Autónoma dos Açores.
Neste quadro, avança também a preparação da Festa do Avante com prioridade para a sua divulgação e para a venda antecipada da EP. Uma Festa que sendo a Festa de Abril, a Festa dos trabalhadores, do povo e da juventude, a todos é preciso divulgá-la e desenvolver uma ampla e ousada linha de contactos e de mobilização para continuar a fazer dela a maior iniciativa político-cultural do País.
Avança também o reforço do PCP com a convicção de que é fundamental dar mais força ao Partido. Como a vida vai tornando cada dia mais claro, sempre que o PCP diminui a sua força, a vida dos portugueses e do povo anda para trás. Mas quando o PCP se reforça a vida dos trabalhadores, das populações e o País avançam.
Se há, pois, razões para tornar a luta mais intensa, há igualmente razões para dar mais força ao PCP.