Mais força aos trabalhadores é compromisso de sempre do PCP

«A acção “Mais força aos trabalhadores” não se esgota nesta iniciativa» porque «o compromisso que aqui assumimos (…) é o de «prosseguir o reforço do Partido nas empresas e locais de trabalho», afirmou Paulo Raimundo, sábado, em Almada, onde sublinhou, ainda, que «determinante é estar lá [nas empresas e locais de trabalho], organizar os trabalhadores a partir de dentro, responder com a luta de classes à ofensiva do grande capital».

 

A força dos trabalhadores e a sua luta constituem o elemento decisivo

O Secretário-geral do PCP interveio no final da sessão «Em Luta. Mais força aos trabalhadores», que decorreu durante todo o dia 27 no pavilhão da SFUAP, na Cova da Piedade. A iniciativa, que contou com mais de três dezenas de relatos e testemunhos (ver caixa) sobre a situação em empresas, locais de trabalho e sectores, a intervenção e organização dos comunistas – os seus objectivos, dificuldades, desafios e potencialidades, foi, ao mesmo tempo, um ponto de chegada e de partida.

De chegada, porque fez o balanço de quase quatro meses de intensos contactos com trabalhadores, os quais foram muito além das acções em que participou Paulo Raimundo. De partida, porque, como frisou o Secretário-geral comunista, este é «um trabalho que importa prosseguir e aprofundar, à porta das empresas e locais de trabalho. Mas acima de tudo lá dentro e inseridos nos problemas concretos e na definição dos caminhos para os superar».

«Não porque fica bem, para cumprir calendário, mas porque é a força dos trabalhadores e a sua luta que constituem o elemento decisivo para o curso da vida dos próprios trabalhadores e da sociedade em geral», acrescentou.

Disso mesmo, aliás, deu logo conta a abrir os trabalhos João Frazão, da Comissão Política (CP) do PCP, que lembrando a concretização de «centenas de iniciativas», deixou claro que «é dessas experiências que vamos falar durante o dia de hoje. Não para pôr um ponto final», mas «para pegar em cada um dos bons exemplos e multiplicá-los no nosso trabalho».

A intervenção do Partido nas empresas e locais de trabalho, e desde logo das células de empresa, acrescentou o dirigente comunista, «tem o objectivo primeiro de, avaliando a situação concreta, sistematizando os problemas, aspirações e reivindicações dos trabalhadores, assegurar essa sua mobilização e a sua unidade na luta pela sua resolução.

E é por isso que, afirmou por sua vez o Secretário-geral do Partido, está colocada a necessidade de prosseguir o reforço do Partido nas empresas e locais de trabalho, recrutando mais, responsabilizando mais camaradas, apontando a um estilo de trabalho permanente das células a partir do problema concreto, da realidade concreta, com os trabalhadores».

Sobre o carácter determinante do «aprofundamento da relação [do Partido] e da intervenção com os trabalhadores nas empresas e locais de trabalho», como referiu tambémPaulo Raimundo, deu nota Francisco Lopes, da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central, enfatizando que, se «a situação dos trabalhadores é marcada pelo agravamento da exploração, degradação das condições de vida, ataque aos direitos, ao mesmo tempo que os lucros e dividendos atingem valores colossais, aumentando as injustiças e desigualdades sociais», não é menos crucial reter que «a situação é também marcada pelo desenvolvimento da luta dos trabalhadores, a sua intensidade, os resultados obtidos e pela perspectiva que coloca de defesa de direitos e avanço nos salários e condições de vida, no combate à exploração, na afirmação dum rumo alternativo».


Forjar unidade lutar e avançar

Por isso, sinalizou Francisco Lopes, «a força organizada dos trabalhadores é um elemento decisivo para resistir, para avançar, para vencer». E «é papel do Partido, com a sua acção de vanguarda, contribuir para a elevação da consciência de classe e política dos trabalhadores, da força imensa que têm, da sua unidade, organização e luta, do desenvolvimento da consciência revolucionária para a transformação da sociedade».

Forjar a unidade para lutar e avançar, elevando a consciência de si e para si entre as massas laboriosas foram, igualmente, elementos destacados nas intervenções de Belmiro Magalhães, da CP do PCP, e Margarida Botelho, do Secretariado do Comité Central, ambos usando da palavra após a pausa para o almoço e entre apontamentos culturais, protagonizados pelo Grupo Coral Amigos do Alentejo do Feijó, pelos músicos Duarte e Sofia Lisboa, e a actriz Maria João Luís, que trouxeram músicas e poemas de resistência e iniciativa revolucionárias.

«Uma das dimensões da ofensiva ideológica que enfrentamos é a pressão ideológica e repressiva para o individualismo, o medo e a resignação. O grande capital e quem o serve querem-nos convencer de que não vale a pena lutar e procura substituir a unidade dos trabalhadores pela competição», disse Belmiro Magalhães, secundado por Margarida Botelho, para quem «se eles fazem tudo para dividir os trabalhadores, façamos nós tudo o que podemos para os unir», sendo certo que cabe aos membros do Partido «esclarecer e dar informação correcta e verdadeira, em todas as circunstâncias e por todos os meios ao nosso alcance», uma vez que tal «é indispensável para tirar espaço à desinformação e à manipulação, que existem para confundir e dividir».

«E isso só se faz com uma profunda ligação ao meio, à realidade e aos colegas de trabalho», insistiu Margarida Botelho.


Mudar o presente construir o futuro

Lutar pelo que é justo e necessário, neste momento e contexto concretos, sem deixar de lançar sementes para construir o futuro, foi uma ideia-chave que perpassou a intervenção de encerramento da sessão por parte de Paulo Raimundo. Primeiro, sublinhando que «quanto mais consciência tiverem da sua força [os trabalhadores], menos impacto terá a ofensiva ideológica que pretende convencer que não há alternativa ao actual rumo de injustiça e desigualdade», uma vez que «hoje, tal como sempre, o que determina o dia-a-dia é a correlação de forças entre o trabalho e o capital».

Disso mesmo são exemplo, chamou a atenção o dirigente comunista, as medidas – insuficientes e limitadas – que o Governo foi forçado a tomar perante o protesto e a luta organizados. Como são disso ilustrativos os avanços salariais e nos vínculos contratuais em várias empresas, pese embora a indigna aprovação da chamada agenda do trabalho digno, de iniciativa governamental mas, «justiça seja feita», gozando da «convergência» de «PS, PSD, CDS, Chega e IL», como de resto «sempre que se trata de apoiar os interesses dos grupos económicos», acusou.

Paulo Raimundo realçou, depois, que embora se oiça com estridência clamores contra os impostos, «o problema está na justiça fiscal», na medida em que «banqueiros, especuladores, accionistas das grandes empresas, multinacionais não estão no mesmo barco que os trabalhadores, os reformados, os pequenos e médios empresários, os agricultores». Defendeu, por isso, a redução do «IVA do gás, electricidade, telecomunicações e a tributação sobre os rendimentos do trabalho». Ao invés, que se «carregue e em força» nos impostos sobre Capital, ao mesmo tempo que se aplica «o controlo efectivo dos preços dos bens essenciais», pois «o povo já não aguenta».

Tudo matérias (a par do aumento geral dos salários, «essa emergência nacional», ou da revogação das normas gravosas da legislação laboral, algumas das quais detalhou), que só podem tornar-se realidade se a luta as impuser e que estarão tanto mais próximas de alcançar quanto mais forte for o PCP, prosseguiu.

Nesse sentido, o Secretário-geral do PCP considerou que «o desafio que está colocado, e para o qual contamos com todos os que o quiserem apoiar e dar corpo, é uma política alternativa que não condene o País, ora pela mão do PS, ora pela mão do PSD e dos seus sucedâneos, às mesmas opções da política de direita».

Até porque, prosseguiu, «está hoje muito evidente que a melhoria das condições de vida está profundamente ligada ao reforço do PCP. Quando o PCP diminui a sua força, a vida dos portugueses e de quem cá trabalha e vive, anda para trás. Quando o PCP se reforça a vida dos trabalhadores, das populaçõe e o País avançam».

 

 

«(…) Por que razão a riqueza criada pela esmagadora maioria da população - que são trabalhadores por conta de outrem - é apropriada, na sua quase totalidade, por uma pequena, por uma ínfima minoria, pelo grande capital?

Se outras razões não houvesse, aqui estaria uma singela explicação da divisão da sociedade capitalista em classes, da exploração que ela implica, das injustiças e das desigualdades que provoca.

Excerto da moção aprovada por unanimidade lida na sessão na sessão por Gonçalo Paixão

 

 

«Os desenvolvimentos [na mobilização e recrutamento dos trabalhadores dos centros comerciais] foram resultado de um longo processo de esclarecimento e proximidade». Inês Caeiro, JCP

«As iniciativas revelaram capacidades organizativas do Partido». Bruno Boaventura, OR do Algarve

 «A célula tem desempenhado um papel importante na denúncia das condições existentes e na reivindicação de melhorias». Francelina Cruz, Célula do PCP no CHU de Coimbra

 «Os trabalhadores reconhecem que quando é para lutar e combater as injustiças, é com o PCP que contam». Ricardo Lume, OR da Madeira

 «A organização do Partido na empresa tem de ser forte e coesa, ligada à situação sócio-económica e virada para a intervenção». António Magrinho, Célula do PCP na Autoeuropa

 «[para não subirem os salários, as empresas procuram impor ] Prémios de assiduidade, produtividade ou disponibilidade muitas vezes inatingíveis». Sérgio Monteiro, OR do Porto

 «Como estariam os trabalhadores da Faurécia se não fossem as suas lutas, a firmeza que têm sabido demonstrar?» Susana Bártolo, OR de Bragança

 «Na Stellantis estamos a trabalhar para fortalecer a célula do Partido». Telmo Reis, OR de Viseu

 «A nossa tarefa consiste em organizar e orientar a luta reivindicativa». Leonor Xarrama, OR de Aveiro

 «É preciso aliar a acção diária ao trabalho institucional [do PCP]». Alma Rivera, deputada do PCP na AR

 «O PCP tem estado sempre na linha da frente a denunciar e a intervir na defesa dos nossos direitos». Trabalhador agrícola no litoral alentejano

 «[as boas experiências de difusão do Avante!] Têm a ver com o envolvimento dos nossos camaradas, anunciando dentro da fábrica o dia em que se fará a venda». Alexandra Pinto, sector empresas da OR do Porto

 «Para lá da propaganda, (…) a exploração agrava-se no local de trabalho». Marta Mendes, Célula do PCP no Museu do Côa

«É no local de trabalho que se organizam os trabalhadores, se recrutam quadros, (...) se avança na luta mais geral e convergente». Valter Lóios

 «O funcionamento da célula é o que nos permite potenciar a discussão, preparar lutas e caminhos a seguir». João Henriques, Célula do PCP no Metropolitano de Lisboa

 «Tomar a iniciativa tem de ser sinónimo de transformar as inúmeras dificuldades em potencialidades». Susana Coelho, Célula dos trabalhadores comunistas na CM de Avis

 «Enquanto o grupo Martifer apresentou lucros de 13,3 milhões de euros em 2022, nos Estaleiros Navais imperam os baixos salários e a precariedade». Afonso Graçoeiro, OR de Viana do Castelo

 «Mais de 25% dos açorianos vivem abaixo do limiar da pobreza e cada vez mais empobrecem a trabalhar». Fábio Borges, OR Açores

 «Se numa primeira fase os contactos eram individuais e isolados, hoje fazem-se com vários trabalhadores [no parque aeronáutico de Évora]». José Fonseca, OR de Évora

 «Já criámos a célula [do PCP] e o boletim dirigido aos trabalhadores». Luís Ferreira, Célula do PCP na Coca-Cola

 «Após a presença do Secretário-geral [numa acção de contacto], temos mais conversas regulares com camaradas e amigos e melhores condições para constituir a Célula nas Minas da Panasqueira». Luís Silva, OR de Castelo Branco

 «Definimos como prioritárias 26 empresas e locais de trabalho». Hilário Barros, OR de Leiria

 «[em Abril], Os trabalhadores das IPSS trouxeram para as ruas de Beja os seus problemas e reivindicações». Tânia Costa, OR de Beja

 «Não nos resta tempo ou dinheiro para viver com qualidade». Maria José Ribeiro, trabalhadora do Sector Têxtil

 «Quando comecei a trabalhar, tinha de pedir para ir embora, como se aquilo fosse uma prisão. Hoje, com a célula do PCP, a sindicalização e a luta, já se cumprem horários». David Leite, trabalhador no MacDonalds de Vila Real

 «Fazemos as salsichas, o paio, o fiambre, o presunto ou o bacon que muitas vezes faltam nos nossos pratos». Inês Santos, trabalhadora na Carnes Nobre

 «Num sector dominado por sindicatos que vendem acordos de empresa que só agradam ao patrão (...), o SINTAF organizou um plenário em que os trabalhadores se sentiram ouvidos e decidiram acções reivindicativas». Filipe Barrantes, Célula do PCP no BNP

 «O PCP é o único partido com o qual têm podido contar os trabalhadores das plataformas digitais». Hans Melo, estafeta na cidade de Coimbra

 «Através da ligação às escolas e à sua atividade sindical, o Partido reforça-se, alarga a sua influência e prestígio e está em melhores condições de interpretar aquelas que são as justas lutas de mais de cem mil docentes deste País». Alexandre Martins, Célula dos Professores da OR de Setúbal

 «Damos mais força aos trabalhadores quando potenciamos a sindicalização e intervenção do movimento sindical unitário, um processo que tem dois caminhos e pode também trazer novos militantes ao Partido». Hélder Guerreiro, Célula do PCP na Petrogal