Intervir e lutar com ligação à vida

A intervenção do Partido prossegue ligada ao que de concreto marca a vida dos trabalhadores e do povo, aos problemas que enfrentam, às lutas que travam, às soluções necessárias e inadiáveis. Na Assembleia da República, no Parlamento Europeu, na Assembleia Legislativa Regional da Madeira ou nas autarquias, a partir das empresas, locais de trabalho e localidades, dá-se concretização às linhas de trabalho definidas na Conferência Nacional, debate-se e adopta-se medidas com vista ao reforço do Partido, estimula-se a acção organizada de trabalhadores e populações para fazer cumprir os seus direitos, apresenta-se propostas que, a serem aprovadas, significariam passos adiante nas condições de vida. As iniciativas com trabalhadores em Alcácer do Sal ou o contacto com o Comité Olímpico e federações desportivas, realizados com a presença do Secretário-geral, são expressões de uma diversificada acção que prossegue por todo o País.

Uma intervenção que não se deixa arrastar por dinâmicas mediáticas que exploram à exaustão factos e ocorrências sem nunca deles revelar a sua raiz e origem, que insiste em recentrar no que em concreto são os problemas do País não os deixando submergir ou esquecer na onda de especulações e fabricação sobre futuros cenários políticos, que não abdica de denunciar as injustiças e a exploração – razão primeira das dificuldades e empobrecimento.

 

Assim é com a luta pelo aumento dos salários e das pensões de reforma, com a luta pela revogação das normas gravosas da legislação laboral que aí se mantêm, para lá da propaganda de uma falsa agenda indigna do trabalho que Governo e grande patronato impuseram. As muitas lutas que, por todo o País, prosseguem por salário e direitos e que conhecerão no próximo dia 28 de Junho um novo momento de convergência a partir dos locais de trabalho, no dia nacional de luta convocado pela CGTP-IN, encontram razões reforçadas nas notícias que se vão conhecendo sobre os lucros dos principais grupos económicos ou a obscena distribuição de centenas de milhões de dividendos pelos accionistas, em contraste com toda a retórica por aí difundida para justificar a recusa de aumentos salários que reponham, de facto, o poder de compra.

Assim é com a luta pelo direito à habitação, que mais uma vez o PCP levará amanhã à Assembleia da República para responder a um problema que se avoluma de forma dramática para centenas de milhares de pessoas. Defender o arrendamento e travar o aumento das rendas, reforçar a promoção pública de habitação pelo Estado, pôr os bancos a pagar o aumento das taxas de juro nos créditos à habitação, ganham actualidade e urgência face à escalada insuportável das despesas com a habitação, tão mais necessária quanto justificada, olhando para o que se conhece face a novos e crescentes benefícios fiscais para o imobiliário ou o aumento, superior a 50%, dos lucros das principais entidades bancárias neste primeiro trimestre. Também no Parlamento Europeu, e apesar de resistências várias, foi possível forçar o agendamento do debate sobre a escalada dos juros. E assim é pela luta em defesa do SNS e do direito à saúde que terá no próximo sábado, em três cidades (Lisboa, Porto e Coimbra), uma importante jornada que unirá profissionais do sector, utentes e população em geral, nessa luta para salvar o SNS, denunciar e travar uma política orientada para favorecer o negócio da doença por parte dos grupos económicos e que vai negando crescentemente o acesso de todos aos cuidados de saúde que a Constituição consagra.

 

A dimensão dos problemas exige soluções que não têm resposta na acção do Governo e da sua maioria nem nas concepções e posicionamentos reaccionários de PSD, CDS, Chega e IL. Só não há solução para os problemas por opção da política de direita. Não basta propagandear «bem sucedidos» indicadores económicos ao mesmo tempo que vai para pior a vida dos trabalhadores, dos reformados e do povo. Sim, o País tem recursos, o Governo dispõe de meios. Só não há resposta aos problemas porque essa não é a sua opção. Como sempre, será na ruptura com a política de direita e na concretização da política alternativa, patriótica e de esquerda, que o futuro se construirá.