O Banco Central Europeu (BCE) anunciou no dia 4 um novo aumento da taxa de juro de referência em 25 pontos, fixando-a, para já, nos 3,75 por cento. É o sétimo aumento desde Julho de 2022 e, segundo o próprio BCE, não ficará por aqui.
A nova subida da taxa de juro de referência, decidida pelo BCE, agrava a situação do povo e do País, considerou o Partido Comunista Português (PCP) em nota divulgada no próprio dia.
Esta opção do BCE, concretizada em nome do combate a uma inflação que esteve sempre longe de ser passageira, está a ser feita com o acordo do governador do Banco de Portugal e a anuência do governo português, denunciou o PCP. Mais: é uma opção que favorece de forma escandalosa o capital financeiro – mesmo se arrasta consigo riscos para um sistema financeiro que vive mergulhado em actividades especulativas – e que se está a traduzir em lucros escandalosos dos principais bancos, incluindo os que operam em Portugal, cuja margem financeira aumentou 9,5 vezes mais do que a da média dos bancos europeus.
Em contraste com o aumento dos lucros da banca, tal como de outros grupos monopolistas e das multinacionais, está o agravamento das condições de vida dos trabalhadores e do povo, realça o PCP.
Este novo aumento das taxas de juro, na sequência dos anteriores, agrava ainda mais a situação de um milhão e cem mil famílias que, em Portugal, têm empréstimos à habitação, destacam os comunistas. E consideram que os impactos nas micro, pequenas e médias empresas e no financiamento do Estado são igualmente preocupantes.
Simultaneamente, a opção de tentar travar a inflação por via da degradação do poder de compra e do investimento – como pretendem os que defendem estes aumentos – coloca sérias ameaças à evolução da situação económica de países como Portugal.
Exige-se o aumento
de salários e pensões
Para o PCP, o combate aos impactos da inflação exige, não medidas que agravem ainda mais as condições de vida dos trabalhadores e do povo, mas o aumento dos salários e das pensões recuperando o poder de compra perdido, a regulação dos preços dos bens e serviços essenciais e o combate a todas as formas de especulação, incluindo a taxação extraordinária dos lucros dos grupos económicos e das multinacionais.
Para o PCP, o aumento das taxas de juro de referência não tem que se reflectir no agravamento das prestações ao banco para quem tenha empréstimos à habitação. Em vez de medidas como as que decidiu o governo PS, que na prática facilitam os lucros da banca e prejudicam a população, impõe-se que sejam os lucros dos bancos a suportar o aumento das taxas de juro.
Para o PCP, esta decisão do BCE é mais uma que torna claro a quem serve a política monetária e o euro, bem como os custos para o País da perda de soberania monetária.
Uma política com a qual PS, PSD, CDS, Chega e IL estão de acordo, e que amarrou o País à estagnação económica, impõe a desvalorização dos salários e das pensões, facilita a degradação dos serviços públicos, contrai o investimento público, atinge a produção nacional, aprofunda as desigualdades entre países periféricos do euro como Portugal e as grandes potências como a Alemanha.
Debate de urgência no PE
por insistência do PCP
Pela intervenção persistente dos deputados do PCP no Parlamento Europeu, foi agendado para ontem, 10 (já após o fecho da nossa edição), um debate de urgência sobre o impacto do aumento das taxas de juro no dia-a-dia dos trabalhadores e das populações.
Em nota do seu Gabinete, emitida ao final do dia de segunda-feira, 8, os deputados do PCP no Parlamento Europeu garantem que «continuarão a intervir comprometidos com a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores e povo português, incluindo pelo combate aos impactos da inflação, nomeadamente pelo aumento dos salários e das pensões, recuperando o poder de compra perdido, pela defesa do direito à habitação, pela regulação dos preços dos bens e serviços essenciais e pelo combate a todas as formas de especulação, incluindo pela taxação extraordinária dos lucros dos grupos económicos e das multinacionais».