PRIORITÁRIO É RESOLVER OS PROBLEMAS
A situação política e social continua sob o impacto positivo das comemorações populares do 25 de Abril – que constituíram uma poderosa afirmação dos valores de Abril – e da jornada de luta do 1.º de Maio, importante demonstração da força, unidade e luta dos trabalhadores pelo aumento dos salários, pelos direitos, por melhores pensões, contra o aumento do custo de vida e contra a exploração.
Luta que se vai desenvolver, numa situação económica e social que todos os dias se agrava com o custo de vida a aumentar, os preço dos bens e serviços essenciais a subir, como ficou evidente no sétimo aumento consecutivo das taxas de juro de referência – desde Julho de 2022 – decidido pelo BCE (mais 25 pontos base, fixando-a para já em 3,75 por cento); com os salários e pensões a desvalorizar-se; com as desigualdades e injustiças sociais a agravar-se; com os serviços públicos, com particular destaque para o SNS, a degradar-se; com o ataque ao sector público da nossa economia a crescer, e de que é, aliás, expressão o processo em curso de privatização da TAP. Ao mesmo tempo que os grupos económicos vão acumulando lucros fabulosos.
A este acelerado agravamento das condições de vida dos trabalhadores e do povo, soma-se, diariamente, uma sucessão de especulações e casos que, sendo graves, são aproveitados para desviar a atenção das questões essenciais.
É uma situação em que o grande capital aproveita até ao limite as possibilidades que lhe dá o Governo do PS de maioria absoluta com as suas opções pela política de direita. Ao mesmo tempo vai promovendo forças e projectos reaccionários e antidemocráticos, tendo em vista criar as condições políticas para, pelo jogo da alternância, prosseguir e aprofundar essa política ao serviço dos seus interesses de classe.
Para dar as respostas que a situação exige, o que é preciso é pôr em prática uma política que dê resposta aos problemas dos trabalhadores, dos reformados e do povo. O que é prioritário é aumentar salários e pensões, combater a perda do poder de compra com o controlo e redução dos preços de bens e serviços essenciais; garantir o direito à habitação, protegendo o arrendamento, pondo os bancos a pagar o aumento dos juros do crédito à habitação, promovendo habitação pública; reforçar o Serviço Nacional de Saúde e a Escola Pública; promover a produção nacional; assegurar o controlo público dos sectores estratégicos; pôr fim ao criminoso processo de privatização da TAP.
Impõe-se mudar de política, romper com as opções e orientações da política de direita.
É pela resolução destes problemas que a luta se desenvolve com expressão concreta na acção reivindicativa nas empresas, locais de trabalho e sectores, que prossegue; e, entre tantas outras lutas em concretização, na marcha pelo direito à saúde e em defesa do SNS, marcada para 20 de Maio em Lisboa, Porto e Coimbra; na luta dos professores em defesa da Escola Pública e pela valorização da profissão e da carreira; contra o aumento do custo de vida; em defesa dos serviços públicos; pelo direito à habitação.
É também neste quadro que se desenvolve a acção do PCP, estimulando a luta, unidade e organização dos trabalhadores. E estimulando também a organização e a luta da juventude, de que foi expressão a realização pela JCP do 15.º Encontro Nacional do Ensino Secundário e da 17.ª Conferência Nacional do Ensino Superior, no passado sábado em Setúbal, que contaram com a participação do Secretário-geral do PCP. Importantes e significativos momentos na organização dos jovens estudantes que, nas escolas secundárias e nas instituições do ensino superior, lutam pelas respostas para os muitos problemas que enfrentam, quando existem as condições para se avançar com respostas e medidas.
Assim foi também com a realização da audição pública «o estado da ciência em Portugal», na passada sexta-feira, integrada no Roteiro da Ciência e Tecnologia que o PCP está a realizar. Ali se traçou o retrato que se vive no sector, as profundas dificuldades com que se confrontam os seus trabalhadores, as reais potencialidades que existem para avançar. Ali foram igualmente realçadas a urgência das propostas do PCP, nomeadamente sobre a necessidade de o Estado definir uma política científica que tenha em conta as necessidades nacionais, nas várias esferas da actividade económica e social. Uma política de Ciência e Tecnologia que atenda às necessidades e especificidades da economia nacional e promova o progresso social.
E porque, em articulação com a luta dos trabalhadores e do povo, a intervenção do PCP é factor determinante na defesa dos direitos e na construção da alternativa necessária, é essencial o seu reforço. Porque um PCP mais forte dá mais força à luta pela resolução dos problemas nacionais, pelo desenvolvimento soberano do País, pela paz. Pela afirmação dos valores de Abril e pela sua projecção no futuro de Portugal.