A dias de se celebrar, a 9 de Maio, o 78.º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo, outra data se impõe recordar: os nove anos do massacre de Odessa, perpetrado por grupos xenófobos e neonazis ucranianos. As vítimas eram manifestantes que protestavam contra o golpe de Estado de Fevereiro de 2014.
Só por desconhecimento ou absoluta má-fé pode alguém afirmar que o conflito na Ucrânia começou a 24 de Fevereiro de 2022, com a intervenção militar russa naquele país. Pelo menos desde 2014 que a situação vinha escalando, com o novo poder instalado na Ucrânia na sequência do golpe da Praça Maidan (organizado e apoiado por EUA e UE) a lançar um violento ataque às forças democráticas e à numerosa população de língua e cultura russas do país: o processo de ilegalização do Partido Comunista da Ucrânia e a guerra contra o Donbass são dois reveladores exemplos.
É no quadro da resistência ao golpe, no qual sobressaíram como forças determinantes organizações e grupos nacionalistas, xenófobos e neonazis (Svoboda, Sector Direito, etc.), que se dá o massacre de Odessa. A 2 de Maio de 2014, uma manifestação de oposição ao golpe é atacada por neonazis vindos de vários pontos do país. Alguns manifestantes refugiam-se na Casa dos Sindicatos, sobre a qual são lançados cocktails molotov e disparados tiros: dezenas de pessoas foram assassinadas – queimadas vivas, alvejadas ou espancadas quando procuravam fugir. Até hoje, ninguém foi acusado destes crimes.
Longe de ser um caso isolado, o massacre de Odessa insere-se num processo de crescente fascização do Estado ucraniano, na sequência do golpe de Fevereiro de 2014: a incorporação de batalhões neonazis nas forças armadas, a criação de milícias ultranacionalistas e xenófobas, a imposição de fortes limitações à utilização da língua russa, a ilegalização de partidos políticos e outras organizações sociais, a proibição da celebração do 9 de Maio (dia da vitória sobre o nazi-fascismo) e a glorificação de personagens como Stepan Bandera, conhecido colaboracionista com os invasores nazis e responsável por massacres de soviéticos e polacos durante a Segunda Guerra Mundial são apenas alguns aspectos desta realidade.
A par disto, acelerava-se a aproximação do país à NATO e a concentração de forças militares dos países membros junto às fronteiras da Rússia.