1889 – Primeira edição de «Os Gatos»

«Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e fez o crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu ele, como ao gato, a graça ondulosa e o assopro, o rom-rom e a garra, a língua espinhosa e a câlinerie...» Palavras de Fialho de Almeida, autor de «Os Gatos», edição de seis volumes reunindo crónicas publicadas de 1889 a 1894. Retrato satírico da sociedade burguesa, a obra é considerada vital para o conhecimento da história e dos costumes do final do século XIX. Nascido em Vila de Frades, Vidigueira, Fialho de Almeida estuda em Lisboa, forma-se em medicina em 1885, mas opta pela escrita: colabora em dicionários e pequenas folhas literárias, dá lições, integra a redacção de diversos jornais e revistas. Define-se como «miando pouco, arranhando sempre e não temendo nunca», com humor intemporal, como ilusta o texto «A Piolheira de Lisboa»: «Assim, estão gritando que nos falta um Jardim Zoológico. Que vem então a ser a capital? Em que trecho da Austrália cabriolam macacos como em S. Bento; em que solidões africanas há os leões da Havaneza, e aves de penas variadas como por essas redacções?». Em «O País das Uvas» denuncia a exploração no Alentejo, nas mãos de «dez ou doze nababos». Panfletário maior da língua portuguesa, está sepultado em Cuba, Alentejo, onde dá nome a um Museu Literário.