Compra de barcos sem bateria
No dia 16 de Março, o conselho de administração da Transtejo/Soflusa pediu a exoneração, após um relatório do Tribunal de Contas (TdC) que acusa a empresa de práticas ilegais e irracionais.
Em causa está a compra de nove baterias, pelo valor de 15,5 milhões de euros (ME), num contrato adicional a um outro contrato já fiscalizado previamente pelo TdC para a aquisição, por 52,4 ME, de dez (um deles já com bateria, para testes) novos navios com propulsão elétrica a baterias, para assegurar o serviço público de transporte de passageiros entre as duas margens do Tejo.
«A Transtejo comprou um navio completo e nove navios incompletos, sem poderem funcionar, porque não estavam dotados de baterias necessárias para o efeito. O mesmo seria, com as devidas adaptações, comprar um automóvel sem motor, uma moto sem rodas ou uma bicicleta sem pedais, reservando-se para um procedimento posterior à sua aquisição», considerou o TdC.
Para a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), as questões levantadas pelo TdC demonstram «uma falta de planificação de um investimento elevado, que envolve dinheiros públicos, pelo que é necessário averiguar todas as responsabilidades neste processo». «Lamentavelmente, quem sofre com tudo isto são os utentes que continuam a ver adiadas soluções que já estão muito atrasadas», refere a Federação, em comunicado.
A Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul apelou, entretanto, ao Governo para uma intervenção urgente para resolver os problemas na Transtejo/Soflusa, evitando que os utilizadores do transporte que assegura ligações fluviais no rio Tejo sejam mais prejudicados.