- Nº 2570 (2023/03/2)

Mais força aos trabalhadores! Porquê, para quê?

Opinião

O que distingue o PCP de todos os outros partidos é o facto de ser o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, confirmando uma natureza de classe que condiciona o seu posicionamento sobre todos os problemas que se lhe apresentam, que marca em primeiro lugar as suas opções políticas e ideológicas, que determina as suas formas de organização.

Nos 102 anos que esta semana comemoramos, o PCP esteve sempre com os interesses e aspirações de quem trabalha. É isso que explica o acerto das suas orientações, a sua força organizada, o seu prestígio, a sua profunda ligação às massas.

Ora, o Partido dos trabalhadores tem de ter uma organização, prioridades, estilo de trabalho e uma intervenção que não percam de vista essa realidade.

Foi nesse sentido que a Conferência Nacional do Partido decidiu a acção «Mais Força aos Trabalhadores», visando a «promoção do recrutamento de forma dirigida, o funcionamento e a criação de novas células, com um conteúdo de intervenção ligado às especificidades de cada sector, empresa ou local de trabalho, aos problemas e aspirações dos trabalhadores e à dinamização da acção reivindicativa e da luta, a promoção da venda da imprensa partidária e de acções de contacto e agitação».

Acção que, desenvolvendo-se até Maio, altura em que realizaremos uma grande iniciativa nacional sobre o tema, procura assegurar uma atenção concentrada das organizações do Partido à intervenção com os trabalhadores, mobilizando-os e envolvendo-os na identificação, na denúncia e na reivindicação das soluções para os seus problemas concretos.

Com esta acção, o PCP quer dar visibilidade a quem produz toda a riqueza, quem transforma, com a sua força de trabalho, as matérias primas, quem sonha, quem projecta, quem constrói, quem cuida, quem ensina, quem cria, quem limpa, quem atende, quem conduz, em suma, quem trabalha mas em resultado disso apenas recebe mais exploração.

 

A pergunta que se impõe

Mas, mais força, porquê?

Mais força porque os trabalhadores desempenham na sociedade e, desde logo, no processo produtivo um papel central, determinante, insubstituível.

Mais força porque no conflito essencial do capitalismo, entre o carácter social da produção e a apropriação privada da riqueza, entre o trabalho e o capital, este conta com instrumentos poderosos para o auxiliar na sua busca incessante pelo lucro, dos meios de comunicação de massas ao poder político ao seu serviço, enquanto os trabalhadores mais não têm que a sua unidade, organização e luta para defender os seus direitos.

Nesta acção, o Partido não colocou como objectivo dar mais força aos trabalhadores. Eles não precisam que lhes dêem o que já têm. Eles precisam é de assumir essa força.

Mais força para ocuparem o lugar que é seu no confronto de classe nas empresas e locais de trabalho, exigindo melhores salários, horários dignos com tempo para poder viver, melhores condições de trabalho com vínculos estáveis e direitos económicos e sociais.

Mais força, obrigando a que os governos os ouçam e tenham em conta nas medidas e nas opções que tomem.

Num tempo em que se agravam as injustiças e as desigualdades, a resposta aí está, todos os dias, na luta de classes que se agudiza, a partir das empresas e dos locais de trabalho, como se viu no dia de indignação, protesto e luta, a 9 de fevereiro, momento alto de mobilização, determinação e confiança.

Mais força, pois, para levar essa convergência ainda mais longe, já no próximo dia 18 de Março, na Manifestação Nacional promovida pela CGTP-IN, convocando todos a Lisboa e depois nas Manifestações da Juventude Trabalhadora, em Lisboa e no Porto, a 28 de Março.

Mais força aos trabalhadores é um objetivo e uma tarefa que obriga todas as organizações do Partido, identificando locais de trabalho, empresas e sectores prioritários e os seus problemas concretos, definindo metas próprias, planificando a sua concretização, fazendo o controlo de execução.

Porque queremos também mais força ao PCP, para valorizar o trabalho e os trabalhadores, questão central na ruptura que é necessária, que se torna mais urgente a cada dia que passa, e que é um pilar fundamental da política alternativa patriótica e de esquerda que propomos ao povo português.


João Frazão