Hoje é dia de uma grande luta que cresce e continua

O «dia nacional de indignação, protesto e luta», que a CGTP-IN hoje promove, vai ser «dia de uma grande luta no nosso País, na continuidade da luta desenvolvida, e não é o fim da viagem, vamos ter de continuar a lutar», principalmente, por um aumento significativo dos salários, disse anteontem Isabel Camarinha, ao apresentar os contornos desta jornada, concretizada com centenas de greves e paralisações, plenários, concentrações e manifestações, em todos os distritos e sectores.

A CGTP-IN dá prioridade à exigência de aumento significativo dos salários

Desde que esta jornada foi convocada, a 15 de Dezembro, pelo Conselho Nacional da CGTP-IN, «cresce o número de trabalhadores que decidem fazer de 9 de Fevereiro o dia de exigir resposta às suas reivindicações», observou a Secretária-geral da confederação, que na conferência de imprensa de anteontem foi acompanhada por Ana Pires, Andrea Araújo, Fernando Gomes e Rogério Silva, membros da Comissão Executiva da Intersindical.

A confluência para o dia de hoje veio dar continuidade a «uma intensificação muito grande da luta dos trabalhadores», sobretudo desde o início do ano, e que «vai continuar depois do dia 9, tendo em conta os processos reivindicativos em concreto».

O incremento das lutas tem origem na «profunda degradação das condições de vida e de trabalho». Isabel Camarinha sublinhou que, «em muitos casos, houve resultados concretos», como «aumentos dos salários (de 60, 80, 100 euros ou mais), passagem a efectivos de trabalhadores com vínculos precários, alterações na regulação dos horários, e outras matérias» (ver pág. 6).

O «dia nacional de indignação, protesto e luta», frisou a dirigente, foi convocado precisamente «para exigir soluções para os problemas dos trabalhadores, reformados e pensionistas e outras vastas camadas da população», que têm dificuldade em chegar com os seus rendimentos ao fim de cada mês.

Esta situação deve-se «a opções estruturais de sucessivos governos» e, mais recentemente, prende-se com a COVID-19, com a guerra e as sanções, bem como com o seu aproveitamento pelo grande capital, causando especulação e uma subida brutal de preços. Ora, «sem essas soluções» que são exigidas, «vai continuar a degradar-se a vida de trabalhadores, reformados e pensionistas e outras camadas», alertou Isabel Camarinha, reiterando as principais propostas da CGTP-IN.

Dando prioridade à exigência de «um aumento significativo dos salários», a Inter reclama, «para o imediato», 10 por cento de aumento salarial, assegurando 100 euros como valor mínimo para todos os trabalhadores, e a fixação do salário mínimo nacional em 850 euros.

São também defendidas medidas de controlo dos preços, para «acabar com a especulação», e que sejam taxados «os lucros brutais, de milhares de milhões de euros, de grandes empresas e grupos, em áreas como a energia, a distribuição alimentar, o sector financeiro». «São lucros escandalosos, tendo em conta a situação dos trabalhadores, das suas famílias e de outras camadas sociais», protestou a dirigente.

Para a CGTP-IN, «é preciso que os trabalhadores se unam, se organizem, se mobilizem e se juntem, fazendo ouvir a sua voz de indignação, de protesto, lutando para exigir a resposta necessária».

Hoje, «os trabalhadores vão mais uma vez demonstrar que não baixam os braços, que não aceitam como inevitável a situação que estamos a viver e que é preciso ter soluções para os seus problemas e respostas para as suas necessidades», concluiu Isabel Camarinha.

No trabalho e nas ruas

A propósito das acções agendadas para hoje e que têm vindo a ser divulgadas por sindicatos, federações e uniões, a Secretária-geral disse que haverá «greves, paralisações, plenários, concentrações à porta dos locais de trabalho».

A nível distrital, vão realizar-se «praças de indignação», para «fazer convergir todas as lutas» e «onde podem estar todos os que sentem necessidade de uma resposta para os seus problemas, de modo a trazer para a rua essa exigência de soluções, em unidade».

Vão estar envolvidos trabalhadores da Administração Pública (escolas, autarquias, saúde, outros serviços) e do sector privado, com «muitas greves e paralisações e também muitos plenários, concentrações, acções junto das empresas», nos mais diversos sectores, como as indústrias metalúrgicas, eléctricas, alimentar, cerâmica, vidro, cortiça, os serviços e comércio, a logística, a hotelaria, o sector social, os transportes e telecomunicações.

«Atravessando todos os sectores de actividade, vamos ter trabalhadores em luta, a exigirem a resposta e as soluções necessárias, que passam pelo aumento significativo dos salários», assegurou.

 

Concentrações regionais

Aveiro, 14h00, Praça Dr. Joaquim Melo Freitas

Beja, 10h00, Casa da Cultura (para a Praça da República)

Braga, 15h00, em Guimarães, no jardim público da Alameda

Castelo Branco, 15h30, na Covilhã, Jardim Público (para a Praça do Município)

Coimbra, 15h30, Largo da Portagem (para a Praça 8 de Maio)

Évora, 10h30, Hospital do Espírito Santo

Faro, 15h00, Hospital (pela Av. Calouste Gulbenkian, para rotunda da EN2)

Guarda, 15h00, Hospital Sousa Martins

Leiria, 15h30, antigo Banco de Portugal

LISBOA, 15h00, Camões (para a Assembleia da República)

Funchal, 15h30, Largo do Phelps

Portalegre, 10h30, junto ao Palácio Póvoas (Rossio)

PORTO, 15h00, Escola Rodrigues de Freitas (para a Casa da Música)

Santarém, 15h00, ISLA (antigo hospital, segue para a Praça da República)

SETÚBAL, 10h00, Praça do Quebedo (para o Largo da Misericórdia)

Vila Real, 15h30, Praça do Município

Viseu, 16h30, Rossio

 

Razões juntas no combate

Ao longo do dia, a dimensão desta jornada vai envolver milhares de trabalhadores e será certamente vista e sentida por muitas outras pessoas. Naturalmente, ganham realce as concentrações e manifestações de âmbito distrital e regional. Mas a «agenda em andamento», que se foi formando com as informações enviadas à nossa Redacção revela um panorama bem mais alargado.

Em muitos sectores, foram apresentados pré-avisos de greve, para permitir a ausência do trabalho e a participação nas acções de rua.

Muitas lutas anteriores desembocaram naturalmente neste dia. Assim se passou, por exemplo, com as greves na CP e na Infra-estruturas de Portugal, cujas administrações (nomeadas pelo Governo) persistem em propostas salariais que representariam nova perda de poder de compra dos trabalhadores; na hospitalização privada, cuja associação patronal recusou as propostas da Fesaht/CGTP-IN e apresentou valores miseráveis para aumentos salariais; nas lojas da EDP, a Sul, na EGOR, no Porto, ou nos centros de contacto e lojas das empresas de telecomunicações, onde grassam a precariedade e os baixos salários; na Fehst e na Aptiv, em Braga, cujos trabalhadores se juntam hoje em torno da reivindicação comum de melhores salários; na Sumol-Compal, em Almeirim, e na Nobre, em Rio Maior; na FCC Environment, em Marco de Canaveses; na Novadis, em Camarate; na Hanon e na Visteon, em Palmela, como na Lauak, em Setúbal.

Na Administração Pública, estão convocadas greves e concentrações em vários hospitais (convergindo para junto do Ministério da Saúde, às 12 horas) e também em escolas. Em quase três dezenas de municípios estão convocados plenários ou concentrações de trabalhadores, que o STAL/CGTP-IN insere no «mês de luta», em curso até dia 15.

O protesto pelas reivindicações dos trabalhadores e pelo futuro do Arsenal do Alfeite é levado, esta manhã, até à residência oficial do primeiro-ministro.

No distrito de Lisboa, foram convocadas greves para 14 locais de trabalho. A USL/CGTP-IN deu conta também de 16 concentrações ou manifestações e de 20 plenários, como o dos trabalhadores do Minipreço (DIA) da capital, durante a manhã, no Jardim Constantino. Uma nova greve ocorre na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com concentração no Largo Trindade Coelho, ao final da manhã.

Na sede da EDP tem lugar, de tarde, uma vigília, mas há concentrações no Porto (de manhã) e em vários locais de trabalho.

No distrito de Setúbal, durante a manhã, vão realizar-se manifestações em Almada (do Laranjeiro para Corroios), Barreiro (do Tribunal para o Largo Catarina Eufémia), Setúbal (do Quebedo para o Largo da Misericórdia) e Sines («Praça da Indignação»). Nestes e demais concelhos da Margem Sul, os trabalhadores mobilizam-se também para a manifestação em Lisboa (15h00, Praça Luís de Camões).