Acção Nacional Mais força aos trabalhadores anima a sua organização, unidade e luta

Com mais de meia centena de iniciativas, o PCP iniciou a acção «Mais força aos trabalhadores», que se desenvolve em empresas e locais de trabalho, em todo o País, até ao fim do próximo mês de Maio. No arranque, faz hoje uma semana, o Secretário-geral do PCP esteve com trabalhadores da General Cable-Cel Cat, em Pêro Pinheiro, Sintra.

A maioria sufoca para pagar as contas para uma minoria acumular lucros nunca vistos

 

«Experimentem partir um fósforo com uma mão. É facílimo – , partiu. Agora juntem um molho de fósforos e tentem lá parti-los a ver se conseguem. Aí é que está o ser dos trabalhadores, na sua unidade, na sua coesão. É aí a vossa força». A alegoria feita por Paulo Raimundo no final do encontro com trabalhadores da ex-Cel Cat, actualmente integrada no Grupo Prysmian, resume magistralmente o eixo fundamental da iniciativa lançada pelo Partido, que tem como um dos seus propósitos nucleares estimular e apontar o caminho da organização, da unidade e da luta dos trabalhadores para defender, repor e conquistar direitos.

De resto, o Secretário-geral do PCP, dirigindo-se, logo à chegada e, depois, no final, aos operários que o receberam à porta da empresa, salientou esse aspecto. Designadamente ao lembrar que o exemplo daqueles soma esperança à convicção de que «é pela resposta organizada, pela unidade dos trabalhadores que se lá vai». E para isso «podem continuar a contar com o PCP, com o nosso empenhamento, a nossa proposta, mas também com a nossa solidariedade: à porta da empresa, dentro da empresa, ao lado da empresa, onde for preciso», assegurou, ainda.

Com efeito, na General Cable, os trabalhadores têm uma rica experiência de luta acumulada. E disso mesmo deram conta ao dirigente comunista, relatando a prolongada batalha para obrigar a empresa a negociar, em vez de impor. Um combate que prossegue, acrescentaram, por aumentos salariais que, ao menos, cubram a inflação; pela redução do horário de trabalho sem perda de retribuição; por um regime de trabalho menos penoso do que a laboração contínua; pela distribuição de parte dos lucros, que têm vindo a crescer continuamente, por aqueles que, de facto, criam a riqueza: os trabalhadores.

Sem trabalhadores, nada funciona

«São vocês que põem isto tudo a funcionar». No entanto, enquanto «uns poucos vão enchendo os bolsos», muitos trabalhadores são hoje «maltratados», lembrou, também, Paulo Raimundo, colocando o foco no papel determinante de quem trabalha mas, na maioria das vezes, não é reconhecido.

Daí que outros dos objectivos da acção «Mais força aos trabalhadores» seja afirmar, entre outros, a «urgência do aumento geral dos salários, o respeito pelos horários, a passagem a efectivo dos trabalhadores que são temporários», pese embora trabalhem lado a lado com os camaradas efectivos e façam falta todos os dias, acrescentou o dirigente comunista, antes de insistir na «profunda injustiça» da existência de uma imensa maioria que sufoca para pagar «as contas que não param de crescer», a par de «um punhado que se está a encher com grandes lucros, lucros extraordinários, nunca vistos».

 

És tu!

Para além dos objectivos enunciados por Paulo Raimundo no arranque da acção «Mais força aos trabalhadores», o Partido assegura que colocará, igualmente, no centro do debate «a redução do horário de trabalho para as 35 horas para todos, sem perda de remuneração; a garantia de direitos e condições de trabalho; a revogação das normas gravosas da legislação laboral, nomeadamente a caducidade da contratação colectiva e a reposição do princípio do tratamento mais favorável aos trabalhadores; o reforço dos direitos dos trabalhadores em caso de doença ou desemprego; a Segurança Social pública e universal; a imposição de preços máximos aos bens e serviços essenciais, designadamente alimentação, habitação e combustíveis, combatendo a especulação; a elevação dos direitos de maternidade/paternidade, medidas centrais da política patriótica e de esquerda que o PCP defende».

No folheto que começou a ser distribuído dia 2 de Fevereiro, e vai continuar a sê-lo doravante em acções de contacto, de propaganda, distribuições de documentos, reuniões ou tribunas públicas, recorda-se, por outro lado, que são os trabalhadores que «constroem as casas, o mobiliário, os electrodomésticos, os carros e os aviões».

São os trabalhadores quem faz «funcionar os serviços públicos, do Serviço Nacional de Saúde à Escola Pública», que «atendem os telefones aos clientes» e «prestam serviços aos turistas», que «entregam a comida e as encomendas, asseguram os recordes de exportações».

São também os trabalhadores que «passam longas horas fora de casa e não têm tempo para os filhos»; são eles que «têm horários desregulados e raramente sabem a que horas saem ou entram», que «recebem um salário que não é suficiente para pagar a casa, a alimentação, os combustíveis, o vestuário, a saúde, a educação dos filhos». E são ainda os trabalhadores que «sofrem doenças profissionais, são pressionados para ritmos de trabalho cada vez mais intensos» e «atacados por reclamar os seus direitos».

«És Tu... que és explorado para engordar a riqueza dos grupos económicos!», adverte-se no documento, antes de se alertar que «isto não tem de ser assim», que «há outro caminho».

«Os trabalhadores têm direito a uma vida melhor» e isso «é possível com uma outra política, que combata a exploração e promova os direitos e respeite quem trabalha. É possível a política patriótica e de esquerda», concluiu-se.

 

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