Os deputados do PCP no Parlamento Europeu (PE) percorreram diversos concelhos em contacto com trabalhadores, agricultores, pescadores, reformados e população, dando a conhecer as propostas comunistas e a intervenção no hemicíclico em Estrasburgo, mas, simultaneamente, procurando aprofundar o conhecimento sobre o contexto regional e a realidade concreta de quem vive e trabalha no distrito de Viana do Castelo.

Em Viana do Castelo, o ano começou com um forte temporal que originou a destruição de culturas, equipamentos e infra-estruturas, designadamente das Muralhas de Valença. Por isso, logo no dia 25, João Pimenta Lopes visitou aquele Património Nacional e a freguesia de Lanhelas, a mais atingida pela intempérie.

Num distrito com profundas assimetrias e desigualdades, onde todos os concelhos estão em perda acentuada de população e o comércio tradicional definha, no qual as feiras e os mercados agonizam com a escassez de clientes, os eleitos comunistas ouviram a população e comerciantes, dando nota de que esta situação é inseparável do aumento do custo de vida, da competição desleal das grandes superfícies, dos reduzidos ou ausentes apoios aos pequenos e médios produtores.

Por outro lado, João Pimenta Lopes e Sandra Pereira tomaram contacto com as carências nos serviços públicos profundamente sentidas no Alto Minho, em especial na saúde. A situação foi constatada na visita ao Hospital de Viana do Castelo, sendo particularmente impressivos os testemunhos de profissionais que vêem as suas carreiras e salários desvalorizados.

O encontro com duas associações de reformados, em Darque e em Viana do Castelo, permitiu ainda conhecer as dificuldades com que estas se confrontam, decorrentes da insuficiência de apoios públicos. Ficou também a certeza de que são justas as propostas do Partido de aumento das reformas e pensões e de actualização dos subsídios a estas instituições.

Trabalho e produção

Em vários pontos do distrito, fosse nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, nas Pedreiras de Ponte de Lima, nas fábricas dos sectores automóvel (em Valença, Cerveira e Arcos de Valdevez), metalúrgico (em Viana do Castelo) ou calçado (em Paredes de Coura), confirmou-se a necessidade do aumento dos salários como emergência nacional. Reivindicação de urgência ainda mais evidente face ao brutal aumento do custo de vida em curso. Muitos foram, ainda, os exemplos relatados aos deputados do PCP no PE de precariedade dos vínculos, de ritmos intensivos, de pressões patronais e de ataques aos seus direitos, dando força à necessidade de valorização do trabalho e dos trabalhadores.

A valorização da produção nacional e daqueles que produzem esteve igualmente no centro das preocupações de João Pimenta Lopes e Sandra Pereira durante as jornadas no distrito de Viana do Castelo. A eleita comunista reuniu com agricultores em Ponte de Lima, que lhe falaram da redução de explorações de pequena dimensão e a quase inexistência da pequena pecuária, reflectindo-se nos terrenos abandonados e nos estábulos vazios. Os agricultores defenderam, por isso, que o País tem terra, agricultores e técnicos para a actividade ser valorizada. A deputada do PCP no PE concordou e acrescentou que Portugal tem potencialidades de desenvolvimento que precisam de ser aproveitadas.

A produção nacional, desde logo a produção agrícola, constitui uma via soberana de desenvolvimento e contribui para a nossa soberania alimentar. O apoio aos pequenos e médios produtores é fundamental para a concretização desse objectivo, acrescentou-se.

Também os pescadores de rio, em Darque, se confrontam com problemas impostos por políticas nacionais e europeias alheias aos seus interesses e aspirações. Além de um ano com menos quantidade de lampreia, têm limitações de venda em lota e um horário desadequado. Acrescem a falta de apoios à reconstrução, as limitações à substituição de motores, as precárias condições de porto e abrigo das embarcações, o aumento do custo dos meios de produção. No contacto com estes pescadores, foi possível dar a conhecer o recente relatório aprovado no PE, promovido por João Pimenta Lopes, com medidas concretas para a defesa da pesca de pequena escala, costeira e artesanal.

Ao longo dos três dias, por diversas vezes, houve mesmo quem perguntasse se havia eleições. Sandra Pereira e João Pimenta Lopes responderam com a prática dos eleitos comunistas de permanente ligação às populações, apuramento dos seus problemas e aspirações e a estes dando voz. Uma prática distintiva também no poder local que as jornadas comprovaram nas passagens por Vilar de Mouros, por Darque ou pela cidade de Viana do Castelo, cujas freguesias são presididas pela CDU.