- Nº 2566 (2023/02/2)

Protestos populares no Peru exigem renúncia da presidente e eleições

Internacional

No Peru, as manifestações populares exigindo a renúncia da presidente em funções e do seu governo, bem como a dissolução do parlamento e a realização de eleições antecipadas ainda em 2023, duram há quase dois meses e não dão sinais de abrandar, apesar da escalada da repressão policial.

Centrais sindicais, organizações sociais e partidos progressistas do Peru promoveram na terça-feira, 31, mais uma manifestação nacional para exigir a renúncia da presidente substituta Dina Boluarte, a dissolução do parlamento e a realização de eleições antecipadas.

Tanto na área metropolitana de Lima como em outras cidades e regiões do país, saíram uma vez mais às ruas muitos milhares de pessoas, parte delas participantes desde o início do ano em greves e outras acções de protesto.

Na capital, os manifestantes, mobilizados pela Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) e a Assembleia Nacional dos Povos (ANP), uma frente de forças progressistas, concentraram-se na praça Dois de Maio e exigiram novamente a demissão da presidente que substituiu no cargo Pedro Castillo, destituído pelo Congresso e preso, no dia 7 de Dezembro, acusado de tentativa de golpe de Estado.

Considera a ANP que a luta de milhares de peruanos pede soluções para as suas exigências mas que o governo responde com uma política «repressiva e cobarde». A aliança popular recorda que decorreram já quase dois meses «de luta tenaz, com a valentia dos povos das regiões do sul, com o sangue derramado de 60 peruanos e peruanas, com milhares de feridos e detidos». E reclama também que, depois do afastamento da presidente interina, um novo governo de transição garanta a realização de eleições ainda em 2023 e convoque um referendo sobre a pertinência de uma assembleia constituinte.

Segundo a coligação popular, Dina Boluarte encontra-se cada vez mais isolada, sem apoio nem dos cidadãos nem das instituições. «Os governadores regionais, organizações de advogados e de médicos, reitores de universidades, académicos e intelectuais exigem a sua renúncia e o respeito pela vida e pelos direitos humanos», assegura.

As forças progressistas peruanas denunciam que a presidente e o seu primeiro-ministro, Alberto de Otárola «refugiam-se na extrema-direita parlamentar, no poder económico e mediático e na embaixada dos Estados Unidos da América». E reclamam que Dina Boluarte deve renunciar e ser «investigada e julgada por delitos contra a vida», numa referência à brutalidade da repressão policial ordenada pelo governo.

Comunistas contra
«escalada repressiva»

O Partido Comunista Peruano foi uma das organizações a apoiar a manifestação nacional do dia 31, na praça Dois de Maio, em Lima, na luta do povo «por uma sociedade de paz e justiça social» no Peru.

Além de exigir a «renúncia já» da presidente, do primeiro-ministro e do presidente do Congresso, os comunistas lançaram palavras de ordem contra a «repressão criminosa», a favor da realização de eleições antecipadas em 2023 e saudando a «unidade cívico-social popular».

Por seu lado, o Partido Comunista do Peru/Pátria Roja condenou uma vez mais a «escalada repressiva» ordenada pelo «regime de Dina Boluarte» e exigiu a imediata libertação dos detidos.

O Pátria Roja denunciou que «em vez de escutar o protesto popular, o governo de Boluarte continua optando por aumentar a repressão brutal, continua a perseguir os dirigentes da luta, a realizar detenções arbitrárias, a agredir os jornalistas independentes e a causar mais mortos e feridos». E reafirmou que os comunistas peruanos juntam-se ao clamor popular, reiterando a sua total rejeição desta «escalada ditatorial e repressiva que só gera mais indignação no povo peruano».