ANO NOVO DE LUTA E CONFIANÇA

«Continuar a luta por uma vida melhor»

No findar de mais um ano, crescem as razões de preocupação com a situação económica e social do País. Como salientou o Secretário-geral do PCP na sua mensagem de Ano Novo, «a cada dia que passa estamos mais pobres, a cada dia que passa somos confrontados com brutais aumentos dos preços de tudo e em particular dos bens de primeira necessidade.» Com efeito, são os bens alimentares, mas é também a energia (os combustíveis, o gás e a electricidade), sobe tudo, incluindo as taxas de juro que estão a ser um drama para milhares de pessoas com o agravamento brutal das suas prestações do crédito à habitação. Sobe tudo mas os salários, as reformas e as pensões não acompanham essa subida.

Uma situação onde crescem enormes desigualdades e injustiças sociais, onde mais de dois milhões de pessoas enfrentam a pobreza, mais de 380 mil crianças se encontram em perigo de exclusão social e na pobreza, mais de 3 milhões de trabalhadores ganham menos de 1000 euros de salário base, ao mesmo tempo que os grupos monopolistas vão enchendo os seus cofres com lucros como há muito não se via (os 13 principais grupos económicos acumularam 4 mil milhões de euros de lucros, nos primeiros 9 meses de 2022).

Foi esta situação que o primeiro-ministro não quis reconhecer na sua mensagem de Natal, preferindo, ao invés, transmitir uma imagem do País que não corresponde à realidade, ao fazer tábua rasa dos sacrifícios e dificuldades por que está a passar a esmagadora maioria do povo português. Uma realidade de que a grande responsável é a política de direita que o Governo de maioria absoluta do PS (acompanhado pelas forças e projectos reaccionários do PSD, CDS, Chega e IL) teima em prosseguir. E que não é dissociável do aproveitamento especulativo que os grupos económicos continuam a fazer a pretexto das sanções e da guerra.

Foi contra estas desigualdades e injustiças, por melhores condições de vida, pelo aumento geral dos salários, das reformas e pensões que os trabalhadores desenvolveram ao longo do ano uma intensa luta nas empresas, locais de trabalho e sectores, com diversos momentos de expressão convergente em manifestações, concentrações, greves e paralisações, de que foi expressão a semana de luta promovida pela CGTP-IN de 10 a 17 de Dezembro e vai ser o Dia Nacional de Indignação, Protesto e Luta, marcado para 9 de Fevereiro de 2023.

Uma luta que contou com o papel insubstituível do movimento sindical unitário, mas em que teve lugar também a acção das populações contra o aumento do custo de vida, em defesa dos serviços públicos (com destaque para o SNS), contra as portagens, por melhores transportes públicos, pelo direito à habitação.

Luta por direitos e por uma política alternativa que dê centralidade à valorização do trabalho e dos trabalhadores, promova a produção nacional, crie emprego com direitos, assuma a defesa da Constituição da República Portuguesa e do regime democrático.

Uma luta imprescindível para mudar a situação que estamos a viver, para fazer com que as coisas não continuem a ser como são, que contou com o papel insubstituível do PCP na defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo, pela alternativa patriótica e de esquerda com soluções concretas para os problemas nacionais.

Luta que vai prosseguir em 2023, contra a exploração, pelos direitos e a alternativa, por um País e uma vida melhor que exige, como sublinhou Paulo Raimundo na sua mensagem de Ano Novo, que cada um faça das injustiças forças para lutar; para aumentar os salários, reformas e pensões; para garantir os direitos das crianças e dos pais; para pôr o País a produzir; pelo desenvolvimento sustentável com uma aposta nos transportes públicos; pela defesa do ambiente; para garantir a todos acesso a uma habitação condigna; pelo respeito por quem trabalha; pela garantia e investimento no serviço nacional de saúde e na escola pública; por justiça fiscal; pela recuperação de soberania; por um caminho de Paz e desenvolvimento, o caminho de uma vida melhor.

Por isso, o PCP, como ficou explícito na Resolução da Conferência Nacional de 12 e 13 de Novembro e no comunicado do Comité Central de 8 de Dezembro, intensificará em 2023 a sua acção, dinamizará a sua iniciativa, reforçará a sua organização, tendo em vista responder às exigências da situação com que estamos confrontados e abrir caminho à política alternativa que se torna imprescindível.

Mas, nesta luta, o PCP não está sozinho. Contará – como contou sempre – com muita gente dos mais diversos sectores e áreas, com o contributo de muitos democratas e patriotas, com o combativo papel da juventude nesta luta comum para resistir e avançar, por um Portugal com futuro.

Há meios, recursos, vontades e forças capazes de pôr este País e a vida de cada um a andar para a frente. Razão bastante para juntarmos a nossa força a esta luta organizada contra as injustiças e olhar o ano de 2023 com esperança e redobrada confiança.