- Nº 2555 (2022/11/17)

Presidentes da China e EUA têm conversações em Bali

Internacional

As conversações entre os presidentes da China e dos EUA, em Bali, incluíram temas como as relações bilaterais, a crise económica mundial, o conflito na Ucrânia ou a desnuclearização da península coreana e a questão de Taiwan.

Os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos da América, Joseph Biden, reuniram-se na segunda-feira, 14, durante três horas, na véspera da 17.ª Cimeira do Grupo dos Vinte (G20), em Bali, na Indonésia.

De acordo com as agências noticiosas, o dirigente chinês assinalou ao seu homólogo norte-americano que é imperativo limar arestas, melhorar as relações bilaterais e colocá-las no caminho do desenvolvimento estável e saudável.

No primeiro encontro presencial entre os dois chefes de Estado – antes, nos últimos dois anos, já tinham mantido conversas telefónicas e reuniões virtuais –, o governante chinês começou a sua intervenção com um apelo a rever os quase 50 anos de relações, a aprender com as lições e experiências e a analisar as perdas para dar a volta por cima e avançar para o futuro.

«A história é o melhor manual. Devemos vê-la como um espelho e deixar que nos guie ao futuro», afirmou Xi referindo-se ao ambiente negativo que rodeia as relações Pequim-Washington e que, na sua opinião, afecta os interesses fundamentais de ambos os países. Xi disse a Biden que, como líderes de grandes potências mundiais, é necessário definir como melhorar as relações, conviver entre si e com o resto da comunidade internacional, sobretudo numa era de crises, mudanças drásticas e desafios sem precedentes para a humanidade.

Insistiu em superar as diferenças e concentrar-se em contribuir para a paz, estabilidade e desenvolvimento global, manifestando a vontade da China de intercambiar pontos de vista com os EUA sobre assuntos globais e regionais e trabalhar conjuntamente para o bem comum.

Do seu lado, Biden também falou sobre a responsabilidade dos dois países de resolver as tensões e identificar as áreas onde podem cooperar.

O encontro entre os dois presidentes mereceu atenção especial porque se realizou num momento em que persistem fricções entre a China e os EUA sobre diferentes assuntos e com maior intensidade no plano comercial, tecnológico e em torno de Taiwan. Esta tensão é resultante da intensificação da política de confrontação dos EUA contra a República Popular da China, apontada como o seu principal alvo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China instou Washington a lidar adequadamente com as divergências com Pequim, avançar em direcção à cooperação mutuamente vantajosa e evitar que mal-entendidos e juízos erróneos impeçam os laços bilaterais e um desenvolvimento saudável e sustentado.

 

Taiwan é «assunto
interno da China»

Taiwan foi um dos principais temas das conversações entre os presidentes chinês e norte-americano. Xi reiterou que as tensões relacionadas com a ilha continuam devido ao apoio de Washington às forças independentistas de Taipé e à utilização da ilha para «conter» a China.

«Resolver a questão de Taiwan é um assunto interno da China e dos chineses (…) Quem quer que seja que tentasse separar Taiwan da China estaria a violar os interesses fundamentais da nação e o povo chinês não permitiria nunca que isso acontesesse», advertiu, enfatizando que a ilha é parte inalienável do país.

Sobre direitos humanos, liberdade e democracia, o presidente chinês disse que são aspirações comuns da humanidade, mas cada Estado tem o seu próprio estilo e aborda tais questões segundo as condições nacionais, a história e a cultura. Não obstante, manifestou disposição de dialogar sobre as diferenças a esse respeito, advogou a coexistência pacífica e, ao mesmo tempo, opôs-se a resumir tudo na narrativa de contrapor «a democracia ao autoritarismo».

O dirigente chinês insistiu no respeito pelo caminho escolhido pela China para fomentar o desenvolvimento e a sua opção pelo socialismo, considerou que as discórdias entre a China e os EUA vão persistir mas não devem obstaculizar as relações bilaterais, e rechaçou o acosso e a politização dos assuntos económicos e comerciais.