FORÇA, DETERMINAÇÃO E CONFIANÇA

«Tomar a iniciativa, reforçar o Partido, responder às novas exigências»

A Conferência Nacional do PCP realizada no passado fim-de-semana em Corroios (Seixal), traduziu-se num extraordinário êxito político: Não só atingiu os objectivos definidos, como foi, simultaneamente, uma inquestionável demonstração de força, unidade, determinação e confiança, ao contribuir para a análise da situação e dos seus desenvolvimentos, centrada na resposta aos problemas do País, nas prioridades de intervenção e reforço do Partido e na afirmação do seu projecto, suscitando um amplo envolvimento do colectivo partidário e promovendo uma confiante perspectiva de futuro.

Foi uma Conferência que contou com um intenso trabalho preparatório, envolvendo milhares de militantes e praticamente todos os organismos do Partido, num alargado processo de discussão colectiva onde, uma vez mais, está patente o seu funcionamento democrático.

Pelos conteúdos, pelo entusiasmo e combatividade manifestados, pelos mais de novecentos delegados e largas centenas de convidados, pela Resolução aprovada, dali saiu um Partido mais forte, confiante e preparado para tomar a iniciativa, reforçar-se e responder às novas exigências colocadas pela situação nacional e internacional, para tornar mais forte e coeso, mais interventivo, mais ligado às massas, o Partido Comunista Português.


No final do primeiro dia dos trabalhos da Conferência reuniu o Comité Central e, compreendendo e aceitando as razões apresentadas pelo camarada Jerónimo de Sousa para a sua substituição como Secretário-geral, mantendo-se como membro do Comité Central, no exercício das suas competências e em conformidade com os Estatutos, decidiu eleger um Secretário-geral e elegeu, por unanimidade, como Secretário-geral do Partido o camarada Paulo Raimundo.


No plano nacional, a situação continua marcada por tentativas de desviar as atenções dos problemas concretos, particularmente das imensas dificuldades com que os trabalhadores e o povo estão confrontados em consequência do brutal aumento do custo de vida e da desvalorização dos salários, reformas e pensões.

Indissociável do crescimento dessas dificuldades e em contraponto à sua desenfreada progressão, assiste-se ao acentuado crescimento dos lucros dos principais grupos económicos e ao aprofundamento das desigualdades e injustiças sociais.

Ora, o Governo do PS, em convergência com os projectos reaccionários e retrógrados do PSD, CDS, IL e CH nas questões essenciais, não só não dá resposta a esses problemas – quer por via do Orçamento do Estado (sobre o qual, em sede de especialidade, o PCP apresentou mais de 400 propostas de alteração), quer através de outras medidas que vão para além do OE – como agrava todos esses problemas nomeadamente ao recusar o aumento dos salários, reformas e pensões que eleve as condições de vida e reponha o poder de compra dos trabalhadores e do povo, ao nada fazer para controlar e fixar os preços dos bens essenciais, ao recusar-se a tributar os lucros extraordinários dos grupos económicos e ao não tomar as medidas necessárias à defesa e valorização dos serviços públicos, nomeadamente do SNS.

Foi neste quadro que se anunciou a abertura do processo de revisão da Constituição, decisão precipitada, sem qualquer urgência e em que estão já à vista objectivos de desvirtuamento e mutilação do seu texto e projecto e dos direitos que consagra, quando o que se impunha era respeitá-la e cumpri-la.


Desenvolve-se a luta dos trabalhadores e do povo que deverá ter importantes expressões quer na greve dos trabalhadores da Administração Pública marcada pela Frente Comum para 18 de Novembro, quer na concentração de trabalhadores junto à AR convocada pela CGTP-IN para 25 de Novembro. Lutas que se alargam e exigem um contínuo esforço de mobilização a partir das empresas, locais de trabalho e sectores.


No plano do Partido, realizou-se na Marinha grande, na passada quinta-feira, a sessão pública no aniversário do nascimento de Álvaro Cunhal «Mais força aos trabalhadores – conquistar direitos, transformar o sonho em vida» com a participação do Secretário-geral do PCP e avança o seu reforço com as medidas necessárias à concretização das linhas de trabalho definidas.

E, no quadro do grande desafio que está colocado a todo o colectivo partidário de levar agora à prática as conclusões e pôr desde já em marcha as linhas de acção aprovadas na Conferência, sublinhamos a importância do apelo do Secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, no final dos trabalhos: «esclarecer, abrir caminhos, dar esperança e confiança ao nosso povo e mobilizá-lo, fazer das injustiças força para lutar, para lutar por uma vida melhor, a vida a que temos direito, é esse o nosso papel e a Conferência deu esse sinal». É que este Partido, sublinhou ainda, «conta na vida de todos os dias, conta na luta de todos os dias, conta, e cada vez é mais necessário aos trabalhadores, ao povo e ao País».