Depois do distrito de Braga, em Setembro, e da Região Autónoma dos Açores, no final de Outubro, os eleitos do PCP no Parlamento Europeu (PE) estiveram em contacto comempresas, associações e outras organizações, com trabalhadores, utentes de serviços e a população dos distritos de Vila Real e Bragança. Este périplo, que se desenvolveu ao longo de três dias, foi realizado sob o lema «Contigo todos os dias – A tua voz no Parlamento Europeu».

O primeiro dia das jornadas nos distritos nortenhos começou de manhã cedo, mesmo antes do dealbar do sol, junto às conhecidas encostas do Alto Douro Vinhateiro. Foi em Peso da Régua que os eleitos comunistascontactaram mais de perto com asduras condições em que os trabalhadores daquela região laboram.

Eramseis horas da manhã quando começaram a chegar à Régua as carrinhas cheias de trabalhadores agrícolas oriundos de municípios como Castro Daire ou Penafiel. A partir dali, distribuem-se pelas diferentes quintas da região e trabalham na vinha, no olival ou no amendoal. Fazem-no em troca de pouco dinheiro, sobretudo no caso das mulheres, que recebem menos do que os homens, em condições de precariedade, grande penosidadee com longos horários de trabalho.

No mesmo dia, e ainda naquele distrito, seguiram-se contactos comtrabalhadores da Águas do Interior Norte, dos estaleiros da Câmara Municipal de Vila Real e da empresaContinental Advanced Antenna, onde a falta de progressão na carreira, os baixos salários, a desvalorização e estagnação salarial e as más condições laborais surgiram como principais reclamações.

Os deputados visitaram ainda os trabalhadores do McDonalds de Vila Real, onde foram dadas notas de vários processos reivindicativos por melhores condições de trabalho, contra a desregulação de horários e a desvalorização do subsídio de alimentação.

Problemas no distrito de Bragança

O distrito de Bragança ocupou os dois que se seguiram. Os utentes, os profissionais de saúde e os restantes trabalhadores doshospitais de Bragança e de Mirandela foram o foco da atenção de ambas as manhãs. Ficou notório que o recurso a estágios e a outras modalidades de subcontratação por via dos centros de emprego, a precarização das relações laborais, a falta de profissionais e a sobrecarga dos horários de trabalho dos profissionais são realidades amplamente praticadas em ambas as unidades hospitalares. Do lado dos utentes, sobressaiu a preocupação com os atrasos nas consultas de especialidade.

Durante a visita ao distrito transmontano, os deputados comunistas estiveram ainda presentes nos estaleiros municipais de Mirandela e na empresa Faurecia.

Mercados, vendedores e população

Os deputados do PCP no Parlamento Europeu visitaram, ao longo dos três dias, várias feiras e mercados onde contactaram, em simultâneo, com a população e com os comerciantes. Nessas conversas, os eleitos ouviram variadíssimos exemplos de problemas laborais e uma preocupação transversal: o salário que não acompanha o aumento do custo de vida.

Sandra Pereira e João Pimenta Lopes, juntamente com a comitiva que os acompanhou, ouviram relatos idênticos de comerciantes e clientes. Para todos, a situação está mais difícil, pois há menos poder de compra e as pessoas compram menos. Reformados confirmaram essa mesma ideia e produtores agrícolas acrescentaram que parte do aumento com os custos de produção e operação, como combustíveis e adubos, teve de ser assumida a partir do seu próprio bolso para poderem continuar a vender.

Problemas têm soluções

Entre as dezenas de relatos de vida ouvidos, a que os deputados se comprometeram a dar expressão no Parlamento Europeu, afirmou-se a importância de continuar a trabalhar e lutar por uma vida melhor. Tomou-se a devida nota dos processos reivindicativos em curso por melhores condições laborais e valorização de quem trabalha; identificaram-se os serviços públicos que é prioritário defender, como a saúde e a educação, e assinalaram-se os apoios sociais que mais falta fazem, como a habitação, lares, creches e serviços de apoio à vítima.

No contacto pessoal ou nas tribunas públicas realizadas nos locais de maior circulação de pessoas, os deputados tiveram resposta pronta. Tal resulta do conhecimento profundo da realidade nacional que, durante estes três dias, procuraram aprofundar.

Ao longo da jornada denunciaram os responsáveis pelos problemas que afectam os trabalhadores, o povo e o País. Afirmaram, igualmente, as propostas do PCP para lhes dar resposta, como o aumento das pensões e reformas e o aumento geral dos salários para todos os trabalhadores, o controlo e fixação de preços de bens essenciais, a tributação dos lucros dos grupos económicos, o reforço dos serviços públicos, designadamente do Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública e da Segurança Social, a garantia do direito à habitação, o reforço do investimento público e a promoção da produção nacional.

Deputado visita pescadores de Sesimbra

Também no dia 31, João Pimenta Lopes, esteve em contacto com pescadores e pequenos amadores de Sesimbra. Na reunião realizada participaram estruturas representativas ligadas ao sector, como a Federação dos Sindicatos do Sector da Pesca e o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Sul, e, ainda, autarcas do concelho, como José Polido, vereador no executivo municipal, e Laura Correia, Presidente da Junta de Freguesia de Santiago.

A contestação em torno da construção de um complexo recifal ao largo da Comporta e a posição da União Europeia (UE), que pretende encerrar quase 100 áreas de pesca de fundo em quatro países europeus, foram as preocupações destacadas.

Em relação à determinação europeia que ditará o encerramento de 15 áreas de pesca no País, João Pimenta Lopes, sublinhou que ao contrários dos outros estados que recusaram a proposta, o Governo português apoiou a posição da UE.

Sobre esta questão, o deputado no Parlamento Europeu informou que o PCP entregou, no dia 16 de Julho, na Assembleia da República, várias perguntas escritas dirigidas ao Governo.

Na reunião, os pescadores e pequenos armadores de Sesimbra decidiram avançar para a elaboração de uma carta aberta dirigida ao Governo.