PROPOSTA E ALTERNATIVA

«responder aos problemas dos trabalhadores, do povo e do País»

Continuamos a assistir ao aumento do custo de vida, com a subida dos preços dos bens essenciais, e às diversas tentativas para dissimular as suas causas, ou seja, a especulação que os principais grupos económicos promovem, a pretexto das sanções e da guerra.

De facto, o capital monopolista tudo faz para ocultar a relação directa que existe entre o empobrecimento dos trabalhadores e do povo e os lucros extraordinários obtidos por esses mesmos grupos económicos, como ficou claro, mais uma vez esta semana, com a divulgação dos lucros de 608 milhões de euros obtidos pela GALP até Setembro último. Um aumento de 86% face ao mesmo período do ano passado.

Perante esta situação, o Governo de maioria absoluta do PS – acompanhado em todas as questões essenciais pelo PSD, CDS, Chega e IL – em vez de intervir para valorizar salários, reformas e pensões e repor no imediato o poder de compra perdido, regular e fixar preços máximos dos bens essenciais, defender os serviços públicos e cumprir os direitos sociais, tributar os lucros extraordinários desses grupos económicos, coloca-se do lado da defesa dos interesses desses grupos tomando medidas dissimuladoras, pondo o erário público a pagar as medidas que amorteçam o impacto dos aumentos, mantendo intocáveis os seus lucros. Foi nesse sentido que, entre outras medidas de favorecimento do grande capital, incluindo novos benefícios fiscais, promoveu recentemente o «acordo de concertação social» (envolvendo o Governo, as grandes confederações patronais e a UGT), o chamado «acordo plurianual de valorização do sector público» (envolvendo o Governo e os sindicatos da UGT da Função Pública) e a «prestação única de 125 euros», procurando, assim, desviar as atenções da progressiva desvalorização dos salários, reformas e pensões e do aprofundamento das desigualdades, da pobreza e das injustiças.

 

Neste quadro, o PCP prossegue a sua acção de protesto e de denúncia, quer em sede de discussão do OE para 2023 e do que este representa no prosseguimento da política de direita e de transferência de verbas para o grande capital, afirmando, ao mesmo tempo, as suas propostas e alternativa tendo em vista responder aos problemas dos trabalhadores, do povo e do País.

No mesmo sentido e porque as soluções para os problemas nacionais e para as necessidades e aspirações dos trabalhadores e das populações não se esgotam no OE, o PCP continuará a intervir pela política alternativa que valorize o trabalho e os trabalhadores, os seus salários e os seus direitos, promova os serviços públicos e as funções sociais do Estado, garanta um forte investimento público na construção e modernização de infra-estruturas e uma justa política fiscal. Uma política que defenda a produção nacional e os sectores produtivos .

Foi no âmbito desta intensa intervenção que, entre muitas outras acções, o PCP realizou na última semana a visita a uma exploração leiteira na Aroeira (Monte Redondo), em Leiria, inserida no roteiro da soberania alimentar – numa manifestação de apoio a um sector em grandes dificuldades –, e a Conferência «Uma visão universal e progressista da história – a actualidade da obra de José Saramago», ambas com a participação de Jerónimo de Sousa.

 

É também neste sentido que se desenvolve a luta dos trabalhadores, sendo de destacar o Plenário Nacional da Frente Comum da Administração Pública, hoje, junto à AR; a Greve Nacional de professores com concentração junto à AR a 2 de Novembro; a Greve Nacional dos trabalhadores da Administração Pública a 18 de Novembro.

 

Do mesmo modo, desenvolve-se a luta das populações contra o aumento do custo de vida, pela paz, contra o encerramento de maternidades, urgências de obstetrícia e outros serviços de saúde, em defesa do SNS, contra as portagens nas ex-SCUT, por uma escola pública que responda às necessidades educativas das crianças e dos jovens, pela reposição das freguesias, pelo direito à cultura e valorização dos seus profissionais, pela defesa dos interesses dos micro, pequenos e médios empresários.

É também neste contexto que se mostra de grande importância o reforço do PCP nas linhas definidas.

 

É também com este sentido que avança – como prioridade no trabalho do Partido – a preparação da Conferência Nacional, a quinze dias da sua realização, procurando envolver o colectivo partidário e com uma perspectiva confiante de futuro.

 

A evolução da vida nacional mostra que Portugal precisa de uma outra política de desenvolvimento verdadeiramente alternativa, patriótica e de esquerda, que responda aos problemas dos trabalhadores, do povo e do País. Uma alternativa que o grande capital, através dos meios que controla, tudo faz para silenciar ou ocultar. Mas, por mais férreo que seja esse controlo, pelo desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do povo, pelo alargamento da unidade e convergência com democratas e patriotas, pela iniciativa e reforço do PCP, chegará o dia em que, de imprescindível ela se tornará inevitável.