- Nº 2549 (2022/10/6)

Explosões nos gasodutos russos: a quem servem?

Europa

Um navio de guerra da marinha da Suécia esteve junto do gasoduto Nord Stream 1 uns dias antes das explosões registadas nessa infra-estrutura, noticiou na segunda-feira, 3, o diário Dagens Nyheter, em Estocolmo. De acordo com o jornal, o serviço sueco que rastreia o movimento de barcos mostra que o navio entrou duas vezes na área próxima do gasoduto onde se descobriram fugas de gás.

A marinha do país escandinavo indicou que levou a cabo «vigilância marítima» nessas áreas, mas não explicou os objectivos. Na noite das explosões, o navio não se encontrava na zona.

Em finais de Setembro, detectou-se uma fuga de gás em quatro pontos dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, no mar Báltico, perto da ilha dinamarquesa de Bornholm. No passado fim-de-semana, segundo a Dinamarca, pararam as fugas de gás de ambos os gasodutos.

As autoridades dinamarquesas, suecas e russas investigam o incidente: o Serviço de Segurança do Estado da Suécia trata o caso como sabotagem e o Serviço Federal de Segurança da Rússia considera-o terrorismo internacional.

A companhia Gazprom informou que, depois das rupturas, a pressão nos gasodutos estabilizou e as fugas de gás foram paradas. A empresa russa começou a bombear gás da estrutura não danificada do Nord Stream 2 para verificar a sua integridade.

Na semana passada, em Moscovo, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, anunciou que a Rússia convocou uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para abordar a sabotagem do sistema de gasodutos Nord Stream, que ligam o país à Alemanha.

Também na capital russa, o vice-primeiro-ministro russo, Aleksandr Novak, revelou que há possibilidades técnicas de restaurar a infra-estrutura danificada, o que requer tempo e fundos apropriados. Acrescentou que, no entanto, o primeiro passo deve ser determinar quem está por detrás da sabotagem. Lembrou que, no passado, tanto os Estados Unidos da América como a Ucrânia, tal como a Polónia, declararam que o Nord Stream 2 não iria funcionar e que fariam tudo para garantir isso.

Em Fevereiro deste ano, em Washington, na presença do chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente Joe Biden afirmou que poderia pôr fim ao Nord Stream 2.

 

Ex-ministro polaco agradece aos EUA

Radoslaw Sikorski, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia e actual deputado no Parlamento Europeu, agradeceu aos EUA por terem provocado danos nos gasodutos russos Nord Stream 1 e 2.

Na sua conta no Twitter, Sikorski escreve que os danos no Nord Stream «reduzem o espaço de manobra» da Rússia. «Se quiser retomar o fornecimento de gás para a Europa, terá de conversar com os países que controlam os gasodutos Brotherhood e Yamal», ou seja, com a Ucrânia e a Polónia.