- Nº 2547 (2022/09/22)

Organizados para construir o futuro

PCP

«Conforme vamos estudando a história da luta de classes, os acontecimentos, as revoluções, entendemos que sem a luta organizada a mudança não é possível.» Quem o afirma é Luiz, que conta com apenas alguns meses de militância. Natural do Rio de Janeiro, mudou-se para Braga em 2019.

Com 19 anos, Luiz estuda, actualmente, Ciência Política na Universidade do Minho. Quando chegou a Portugal, admite que ainda acreditava em muito do que era ditado pela «propaganda liberal». Foi um outdoor da CDU, por ocasião das eleições legislativas de 2019, que o fez descobrir o PCP. Desde então, e até ao momento em que preencheu a ficha de inscrição, conta que foi um processo gradual que o trouxe ao Partido. Com alguma pesquisa sobre o PCP, a sua história e ideologia na bagagem, aproveitou o convite de uma colega de faculdade, também ela militante comunista, para aderir. «Já estava a pensar nisso, mas com um convite aproveitei a oportunidade para me inscrever e entrar na luta», menciona. Nas eleições de 2022 já participava em comícios, no final de Janeiro estava inscrito na JCP e em Março inscrevia-se no Partido.

O jovem confidencia que sentiu muitas dificuldades de acolhimento quando chegou a Portugal: «Querendo ou não, quando somos imigrantes em algum país, acabamos por ter alguns problemas que dependem de coisas como o dinheiro de que dispomos ou a cor da nossa pele. Notas que acabas por ser tratado de forma diferente.» No entanto, com os comunistas não foi assim. Desde Janeiro que ao lutar por aquilo em que acredita, Luiz já cimentou várias relações de camaradagem e amizade: «Tudo o que me foi negado desde que me mudei para cá, recebi de sobra no Partido. Sentia-me estranho por não pertencer a este lugar e agora posso dizer que, em conjunto com os outros camaradas e com todo o trabalho que fazemos, me sinto em casa», afirma.

Olga, ligeiramente mais jovem, também é natural do Brasil. Ao contrário de Luiz, esta estudante do Ensino Secundário, também em Braga, revela que a vontade de se organizar já a acompanhava quando chegou a Portugal, em 2019. Os seus pais, de esquerda, desde cedo que cultivaram, em Olga e no seu irmão, um pensamento político muito crítico.

A jovem começou a considerar o socialismo e o comunismo como as únicas alternativas viáveis desde a eleição do actual presidente brasileiro. Começou a procurar mais conteúdo de esquerda e, entretanto, depois de se mudar para Portugal, conheceu o PCP. Na sua turma, percebeu que tinha um colega da JCP, conversou com ele, foi convidada para um convívio no Centro de Trabalho de Braga e inscreveu-se. «Acho que foi mais um processo gradual do que um momento em específico que me fez perceber a necessidade de me organizar e fazer alguma coisa», afirma Olga.

«Quando começamos a ter contacto com o marxismo-leninismo enquanto teoria política, começamos a pensar como é que um partido deve estar organizado, como é que as coisas devem ser feitas, como é que o trabalho de base pode ser realizado. Quando entrei para o Partido é que vi realmente como é, como é que as pessoas discutem, como é que se fazem reuniões de colectivo, como é que se constrói a luta», reflecte sobre a importância da intervenção concreta.

«Percebi o que significa a camaradagem e a fraternidade entre militantes», acrescenta.