2015 – Reino Unido salda ‘dívida’ esclavagista
A Lei de Abolição da Escravatura, aprovada em 1833 pelo parlamento do Reino Unido, reconheceu aos ‘proprietários’ de escravos o direito a receberem uma indemnização de 20 milhões de libras, o equivalente, hoje, a 20 mil milhões de libras. À época, aquele valor representou cerca de 40% do orçamento do Estado, sendo o maior pagamento assumido pelo erário público até à crise bancária de 2018. “A quantidade de dinheiro emprestado para a Lei de Abolição da Escravatura foi tão grande que só foi paga em 2015. O que significa que cidadãos britânicos vivos ajudaram a pagar para acabar com o tráfico de escravos”, dizia um tweet do Tesouro do Reino Unido que causou furor, há quatro anos, ao pôr em evidência que as ‘obrigações’ com os esclavagistas continuaram a ser pagas aos respectivos descendentes. Segundo investigadores da Universidade College London (UCL), constavam da lista de pagamentos mais de 46 000 indivíduos e organizações, incluindo membros das actuais elites empresariais e políticas, como o ex-primeiro-ministro David Cameron e a Igreja da Inglaterra. Dos cerca 3,1 milhões de africanos levados para as colónias britânicas nas Américas e no Caribe, sobreviveram à bestialidade dos navios negreiros 2,7 milhões. Não houve indemnizações para os escravos e seus descendentes.