«Produção nacional e soberania alimentar» foi o tema do debate que, na tarde de domingo, no Fórum do Espaço Central, reuniu como oradores João Frazão, da Comissão Política do PCP, Agostinho Lopes, da Comissão Central de Controlo, João Pimenta Lopes, do Comité Central, e Laura Tarrafa. A questão ganhou particular relevo nos últimos anos e muito do que o Partido vinha dizendo sobre a matéria confirma-se como de grande pertinência e actualidade, designadamente o facto de a Política Agrícola Comum da UE, dos apoios à regulamentação, estar desenhada para esmagar a pequena e média produção e promover os grandes conglomerados na agricultura, pescas, pecuária e florestas, bem como o facto de a grande distribuição ser hoje um depredador da produção social de géneros do sector, assente, em Portugal mas não só, na agricultura familiar.

Agricultura familiar que, por seu lado, pode e deve ser a pedra de toque de um paradigma soberano e sustentável de desenvolvimento. Um modelo radicalmente diferente do actual, subjugado aos interesses do grande capital agrário e financeiro, no qual as necessidades populares comandam o que se produz, e não ânsia de maximização do lucro; onde o mundo rural seja revitalizado, contribuindo para a coesão territorial e a defesa do património natural e dos modos de vida, e através do qual Portugal retome o combate a défices cada vez mais graves em vários domínios. Entre estes estão o défice alimentar, da produção de factores de produção, sem os quais não há cultivo, captura e transformação, assim como o desequilíbrio da balança comercial.