Foi um grandioso comício aquele que se realizou, domingo, no recinto do Palco 25 de Abril, e desde logo pela dimensão que assumiu: eram milhares os que enchiam por completo o relvado e se espraiavam pelas ruas e espaços adjacentes. Do palco o panorama era impressionante, com uma imensa maré vermelha a dominar a paisagem, aqui e ali salpicada de outras cores, trazidas sobretudo pelos convidados internacionais como expressão das suas lutas e aspirações mais profundas.
Mas não se pode reduzir este comício à sua dimensão quantitativa, por mais expressiva que possa ter sido – e foi! A forma como aqueles milhares de pessoas ali estiveram, como reagiram às intervenções de Jerónimo de Sousa, Manuel Rodrigues e Gonçalo Francisco, como demonstraram toda a sua imensa generosidade e combatividade foi, também, marcante.
As referências aos ataques lançados contra a Festa e o PCP, a reafirmação do inquebrantável compromisso dos comunistas com a paz e os direitos dos povos, a denúncia de quem lucra com o brutal aumento do custo de vida que esmaga os rendimentos da maioria, os apelos ao reforço do Partido e da luta – tudo isto motivou reacções fortes e entusiásticas dos comunistas e amigos presentes. Que foram e são simultaneamente compromissos de acção para o futuro, que é já hoje. De facto, se há algo revelador da singularidade deste colectivo, que ali esteve presente em grande número, é a capacidade de empregar durante todo o ano, todos os anos, essa mesma força e determinação nos combates do dia-a-dia pelos direitos, a democracia e a paz.
Expressiva e emocionante foi também a participação juvenil – parecem sempre mais, a cada ano que passa –, o entusiasmo e disciplina demonstrados, as palavras de ordem assumidas e aquela imensa alegria presente nos três dias e, com particular expressão, no desfile que antecedeu o comício (como ficar indiferente à entrada no recinto do palco de uma imensa coluna de jovens?): ao longo do percurso, que arrancou da Cidade da Juventude e culminou no recinto do Palco, os jovens reivindicaram o que é seu, por estar constitucionalmente consagrado – trabalho com direitos; educação pública, universal e de qualidade para todos; cultura, desporto e mobilidade; ambiente saudável e sadio; um País onde todos caibam, em igualdade, e um mundo de paz, solidariedade e cooperação.
Depois das intervenções, o Avante, Camarada, A Internacional e A Portuguesa, cantadas a uma só voz, com abraços, punhos cerrados e algumas lágrimas. Seguiu-se A Carvalhesa, a mais vermelha de todas, com o habitual e sempre novo entusiasmo. Impressionante foi também a rapidez e eficácia com que, entre brincadeiras e cantorias, as cadeiras foram arrumadas para que a Festa prosseguisse.
Não há, mesmo, Partido como este!