Hotelaria deve garantir melhores salários para todos
O negócio cresce, mas os patrões da hotelaria e restauração recusam aumentar salários e preparam-se para, recrutando imigrantes sem direitos nem formação, manter a política de mão-de-obra barata.
As empresas não absorvem os formandos das escolas hoteleiras
Após duas semanas de acções em frente de hotéis e restaurantes, os sindicatos da Hotelaria do Norte e do Centro realizaram no dia 5, sexta-feira, uma manifestação na baixa do Porto, entre a Ribeira e a Câmara Municipal, detendo-se por alguns minutos junto de vários estabelecimentos. Num folheto, distribuído ao longo do percurso, e em declarações à comunicação social, chamou-se a atenção para as condições de trabalho no sector e apelou-se ao apoio e à solidariedade dos clientes e da população.
Uma acção semelhante teve lugar na segunda-feira, dia 8, em Aveiro.
Os hotéis, restaurantes, cafés, pastelarias e similares pagam salários muito baixos, havendo centenas de milhares de trabalhadores a receber o salário mínimo nacional, explicam os sindicatos da Fesaht/CGTP-IN. As empresas não valorizam o trabalho prestado em dia feriado e ao fim-de-semana e os horários de trabalho são muito longos e instáveis. Com a falta de pessoal (em especial, após os despedimentos ocorridos durante os confinamentos e restrições, devido à COVID-19), os ritmos de trabalho são muito intensos, o que coloca em causa a saúde dos trabalhadores e a qualidade do serviço.
Patrões queixam-se...
Houve «grande crescimento de turistas, de dormidas e de receitas», mas «as associações patronais e as empresas recusam negociar a contratação colectiva, negociar melhores salários, carreiras profissionais e condições de trabalho dignas».
As empresas «queixam-se da falta de mão-de-obra, mas não absorvem os formandos das escolas hoteleiras»; «reclamam junto do Governo a abertura de corredores de imigrantes, mas não garantem formação profissional em técnicas hoteleiras e línguas portuguesa e inglesa, nem contratos como efectivos para os imigrantes». Ou seja, «as empresas o que querem é manter esta política de mão-de-obra barata, aumentar ainda mais a precariedade e pôr em causa os direitos e a qualidade de serviço».
Sindicatos e trabalhadores exigem – como se refere numa moção aprovada dia 5, na Praça da Ribeira – que comece a negociação da contratação colectiva, sem a retirada de direitos pretendida pelas associações patronais. É reivindicado um aumento salarial de 100 euros, para todos, e um aumento intercalar de 50 euros, nas empresas onde já foram actualizados os salários este ano.
Para os trabalhadores imigrantes, são reclamadas garantias do patronato, para que haja formação profissional mínima de seis meses e sejam garantidos alojamento, alimentação e contratos de trabalho efectivos.