Greves em multinacionais para reclamar melhores salários

No final da semana passada fizeram greve os trabalhadores da AAPICO, da AIS Portugal, da Faurecia, da João de Deus & Filhos e da Schindler, para exigirem valorização dos salários e das profissões.

A crescente inflação agudiza a urgência da subida das remunerações

A coincidência reflecte o agravamento das dificuldades dos trabalhadores e o incremento da sua luta, em unidade, organizados nos sindicatos de classe da CGTP-IN, no contexto da acção de luta nacional que culminou na grande manifestação de dia 7, em Lisboa.

Na Schindler - Ascensores e Escadas Rolantes, a greve nacional de 24 horas, dia 8, com uma adesão esmagadora, foi decidida perante uma insuficiente contraproposta da administração ao caderno reivindicativo e sem reacção da direcção ibérica da multinacional suíça a um abaixo-assinado com centenas de subscritores.
A necessidade de repor o poder de compra dos trabalhadores foi salientada, em comunicado, pela Comissão Intersindical, constituída pelos sindicatos SITE Norte, SIESI, SITE Centro-Norte e SITE CSRA.
Nessa manhã, trabalhadores de todo o País manifestaram-se do Saldanha até ao Marquês de Pombal. Durante a concentração, no Parque Eduardo VII, foram saudados por Ricardo Costa, da Comissão Política do Comité Central do PCP.

Também na sexta-feira, fizeram greve os trabalhadores da João de Deus & Filhos, em Samora Correia (Benavente), contra aumentos salariais de apenas 50 cêntimos por dia, e exigindo que a administração da fábrica do grupo japonês Denso retome as negociações.
Um piquete de greve e outros trabalhadores mantiveram-se, durante o dia, junto da portaria, onde estiveram Rui Fernandes, da Comissão Política do CC, e Diogo d’Ávila, do CC, a manifestar a solidariedade do PCP.

Na AAPICO Águeda (Sakthi Portugal, até ao final de 2019, quando passou para a multinacional tailandesa), o SITE Centro-Norte informou que a greve de 24 horas, no dia 7, teve uma adesão acima dos 90 por cento na produção, que parou completamente.
Os trabalhadores exigem a valorização dos salários, para lá dos 25 euros propostos pela empresa (que, mesmo assim, pretende deixar de fora quem tem contratos precários), a progressão nas categorias profissionais e várias melhorias nas condições laborais.
As exigências mereceram a solidariedade do PCP, expressa por uma delegação da Comissão Concelhia de Águeda.

Na fábrica de escapes da multinacional francesa Faurecia, em Bragança, os trabalhadores aderiram em força à greve de dia 7, para reivindicarem o fim da precariedade e dos baixos salários e a criação de melhores condições de trabalho. O SITE Norte considerou que esta foi uma greve histórica, a primeira ali realizada e com níveis de adesão entre 75 e 80 por cento.

A adesão à greve de dia 7 na Automotive Interior Systems Portugal, em Montemor-o-Novo, foi praticamente total, no turno na manhã, e manteve-se em cerca de 90 por cento, nos restantes turnos, de acordo com o SITE Sul. Os trabalhadores da fábrica do grupo alemão AIS exigem negociação e resposta às preocupações e reivindicações apresentadas e que a gerência não tem querido negociar.