1884 – Nasce Albert Londres
«Continuo convencido de que um jornalista não é um menino de coro e que o seu papel não é preceder as procissões, com a mão mergulhada numa cesta de pétalas de rosa. O nosso trabalho não é agradar, nem causar danos. É meter a caneta na ferida.» As palavras do grande repórter francês Albert Londres, natural de Vichy, não podiam ser mais actuais. Inicia a profissão em Paris, onde escreve os primeiros artigos, descobre a vida boémia e dá livre curso à poesia, até que a guerra vira o mundo do avesso. Parte para a frente ao serviço do jornal Le Matin e as suas crónicas, mais de 100, posteriormente compiladas sob o título «Contra a lavagem ao cérebro», testemunham a linha de conduta que o vai guiar toda a vida. Viaja pelo mundo, sempre com um olhar crítico sobre a realidade e escrita acutilante, o que lhe vale a advertência, quando trabalha para Le Quotidien, para a necessidade de respeitar a linha editorial do jornal. A sua resposta ficou para os anais da história do jornalismo: «um repórter só conhece uma linha: a do caminho de ferro». Despedido de imediato, conquista a liberdade por que anseava. Sucedem-se as reportagens incómodas por todos os continentes: «uma mala, pode dizer-se que é a liberdade que temos na mão», dizia. Morre aos 47 anos, num acidente de barco.