O jornalista William Conant Church e o advogado George Wood Wingate fundam a Associação Nacional do Rifle (NRA), que começa por ser uma associação de veteranos da Guerra Civil, designada American Rifle Association, com o objectivo de reunir e treinar os aficcionados do tiro, tornando-os atiradores de elite. Os associados, da classe média alta, são os maiores defensores da polémica Segunda Emenda da Constituição (1791), que consagra o direito à legítima defesa através do uso e posse de armas. Os números testemunham o sucesso deste princípio: sem contar com o armamento ilegal, os EUA têm um rácio de 400 milhões de armas para 330 milhões de habitantes. Os assassinatos em massa que regularmente abalam o país não afectam a força dos adeptos da NRA, que desde 1968 se assume como poderoso lobby político, financiando campanhas presidenciais, como sucedeu com Reagan e Trump, congressistas e senadores. Entre 1990 e 2021, a percentagem dos apoiantes a medidas restritivas à aquisição e porte de armas baixou de 78% para 52%. Se a NRA vive dias conturbados é por razões internas: em 2020 enfrenta um processo de dissolução por «fraude, corrupção e abuso de poder», e em Janeiro de 2021 declara falência para tentar escapar às acusações e anuncia a intenção de se mudar para o Texas.